Educação do Campo
Por: maximo2015 • 19/10/2015 • Trabalho acadêmico • 2.724 Palavras (11 Páginas) • 153 Visualizações
A PARTICIPAÇÃO DA COMUNIDADE NO COTIDIANO ESCOLAR
Angélica aparecida Maximo[1]
RESUMO: O presente artigo tem como objetivo discutir qual a participação dos pais camponeses na vida escolar de seus filhos. Para a fundamentação desse artigo partimos do pressuposto que para que haja uma melhor compreensão das questões colocadas anteriormente se faz necessário conhecer a realidade dos sujeitos do campo bem como qual a estrutura das escolas camponesas garantidas em lei. Também procuraremos conhecer quais e o que são apontados nas leis que regulamentam a educação do campo, a pratica pedagógica e a formação dos professores.
1. INTRODUÇÃO
A educação do campo não foge da realidade da educação da cidade os problemas são em sua maioria os mesmos, somente em ambiente diferente.
Quando a discussão é a participação da comunidade camponesa nas atividades escolares, podemos perceber que existem aqueles pais que se prontificam a todo o momento estarem acompanhando a vida escolar dos filhos e em contraposição existem aqueles que nunca aparecem na escola. .
Existem fatores que dificultam a participação dos pais nesta rotina escolar, um exemplo é quando as escolas realizam atividades em horários dos quais os pais camponeses não podem participar devido seu trabalho no campo, podendo somente se fazer presente em outros horários.
Diante desta questão a educação do campo no que diz respeito à relação família e escola poderiam ser diferentes, necessitaria claro de algumas mudanças e considerações quanto as suas organizações referentes ao tempo e ritmo de atividades e que estas fossem realizadas conforme a disponibilidade de tempo das famílias camponesas.
Com fim de observar essa questão tanto sob a ótica dos pais como das escolas, foi que nos propormos a entrevistar um pai camponês e um diretor de uma escola do campo do município de Rolim de Moura.
Para que possamos então discutir a educação do campo começaremos por fazer um resgate histórico procurando conceituar essa educação e apresentar as leis que regulamentam esse ensino, seguido da apresentação dos métodos de aquisição de informação e análise das mesmas juntamente com identificação dos sujeitos nela envolvido, e por fim como é a participação dos pais nas escolas camponesas.
2. HISTÓRIA E CONCEITO DA EDUCAÇÃO DO CAMPO
A educação é hoje dever e obrigação do estado e direito de todos. Como apresentado no TÍTULO II, dos Princípios e Fins da Educação Nacional da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional em seu artigo 2°
Art. 2º. A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. (BRASIL, 1996, p.1)
Estas considerações são sem duvida também atribuídas à educação do campo. Quando se fala da educação do campo, o que sabemos desta educação? Como ela surge? Com quais objetivos?
A educação no campo surge com o objetivo de “construir uma identidade das escolas do campo”, identidade essa que retratasse a realidade da vida no campo, que nas escolas fosse ensinado e aprofundado conhecimentos que os alunos pudessem comparar utilizar na realidade deles.
De acordo com Fernandes e Molina (2004, p. 64) apud Cunha (2000):
A ideia de Educação do Campo nasceu em julho de 1997, quando da realização do Encontro Nacional de Educadoras e Educadores da Reforma Agrária (Enera), no campus da Universidade de Brasília (UnB) promovido pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), em parceria com a própria UnB, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) e Conferência Nacional de Bispos do Brasil (CNBB). (CUNHA, 2000 p.214)
Sem duvida, para a implementação desse ensino foi preciso uma mobilização de diversas organizações. A promoção desse encontro tinha como objetivo incentivar a educação do campo de forma a incluí-los a política do país, logo com afirma Arroyo, Caldart e Molina (2004, p. 22) “a educação, alem de um direito, faz parte de estratégias de inclusão”.
Estratégias essas que são características nos projetos populares de desenvolvimento do campo que certamente para que aconteça necessitam de estabelecer um conceito para essa educação.
Consequentemente, essa busca por um conceito de educação do campo remete a contextualização da mesma. Essa educação se faz em um contexto diferente do das escolas da cidade, sua dinâmica é diferente, seu sistema educacional também, ou pelo menos deveria ser. De acordo com Portes, Campos e Santos (2008, p. 6).
A problematização sobre a emergência da concepção do campo em detrimento de uma educação rural reflete as limitações desta última em termos da abrangência da diversidade dos problemas e desafios colocados pelo mundo rural. Enquanto a educação do campo é percebida como espaço de resistência, produtor de vida e cultura, a educação rural é associada a uma concepção mais instrumental e por isso mesmo pouco ativa em relação aos desafios mencionados; ela é tida como uma educação tradicional desvinculada dos modos de vida da população camponesa e das relações sociais existentes no campo, cuja ideia de escola parece alheia ao seu local geográfico. (PORTES, CAMPOS, SANTOS, 2008, p. 6).
O conceito de educação do campo como aponta os autores se torna mais abrangente do que o conceito de educação rural, podemos então definir que a educação do campo deve abranger a diversidade das atividades tanto da realidade dos estudantes como as demais; valorizar a cultura camponesa e fazer dos estudantes pessoas ativas frente às relações sociais.
Contudo, “a educação do campo precisa ser especifica e diferenciada, isto é, alternativa”, porem com base no senso comum[2] o que se pode observar é que na realidade as escolas do campo necessitam de fazer análise das respectivas atitudes e objetivos que a elas cabem, uma vez que não cumprem o que foi dito anteriormente a respeito das suas devidas abrangências nem de suas especificidades.
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