Resenha do filme: Neste mundo

                                       Ana Luiza Lemos Toscani

                                                    PUCRS

                                         Escola de Humanidades

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                              Filme: Neste Mundo

O filme conta a história de Jamal e Enayatullah, primos que vivem em um campo de refugiados em Peshawar, na fronteira do Paquistão com o Afeganistão.

Neste campo vivem refugiados desde 1979, os primeiros fugindo da invasão soviética em seu país e os mais recentes dos bombardeios dos EUA que começaram em outubro de 2001 na caça a Bin Laden e ao Talibã após o atentado as torres gêmeas.

Muitos como Jamal, são órfãos e trabalham na fabricação de tijolos por menos de um dólar ao dia. Muito foi gasto para bombardear o Afeganistão após o atentado e pouco para ajudar os refugiados, como uma fraca ração, tenda e cobertores.

 Pensando em proporcionar  uma vida melhor ao filho, o pai de Enayatullah decide enviá-lo ilegalmente para Londres. Como Enayatullah  não fala inglês , Jamal é convidado para acompanhá-lo.

Os dois contam com a ajuda  de coiotes, contrabandistas ou traficantes de pessoas(não ficou muito claro) a custa de uma boa quantia em dinheiro. Viajavam escondidos em caminhões em condições precárias entre alimentos, animais ou em contêineres lacrados, como o que morreu Enayatullah e outros.

A viagem é longa, seguem por terra a rota da seda, antiga rota usada pelos mercadores para o comércio da seda entre o Oriente e a Europa. E bastante perigosa, são roubados, enganados, perdem alguns de seus bens para a polícia de fronteira e ao chegarem à fronteira com o Irã são orientados a trocar a roupa que vestiam para que fossem vistos como iranianos. O ônibus em que estão é parado pela guarda  e vistoriado, não convencem o guarda e são enviados de volta para o Paquistão.

Recomeçam a viagem e desta vez chegam a Turquia a pé pelas montanhas do Curdistão, onde conseguem emprego para continuar a viagem até a Itália de navio.  Durante a viajem para Itália Enayatullah morre sufocado dentro do conteiner e apenas Jamal sobrevive.   Na Itália, Jamal vende pulseiras para garantir a passagem de trem até a França. Em Paris, fica em um acampamento da Cruz Vermelha onde conhece Youssef e juntos viajam para Londres embaixo de um caminhão. Em Londres avisa o tio de sua chegada e morte do primo. Trabalha lavando pratos, não consegue visto de permanência, mas continua morando no país como ilegal.

O filme mostra que não há limites para a sobrevivência humana.

Mostra uma realidade que não se aceita ser invisível para o mundo, não é possível que se enxergue apenas terrorismo e extremismo onde é clara a presença de seres humanos, que trabalham, estudam e que vivem com o sonho de um futuro melhor no seu país, obrigados a se refugiar em países com costumes diferentes dos seus. Para justificar a guerra? Ou buscar o que há embaixo da terra?

 

Os limites entre os países são bem demarcados, não é possível simplesmente atravessar de um país para outro sem que haja uma fiscalização por parte das guardas de fronteiras. O que não se percebe em momento algum no filme, (somente no Irã) são as fronteiras culturais, os costumes.