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Roteiro de observação baseado no texto: ‘’Os caminhos do ouro e o registro da vegetação seguindo os naturalistas do século XIX’’

Por:   •  6/2/2017  •  Trabalho acadêmico  •  1.745 Palavras (7 Páginas)  •  765 Visualizações

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Roteiro de observação baseado no texto: ‘’Os caminhos do ouro e o registro da vegetação seguindo os naturalistas do século XIX’’

O olhar e o discurso elaborados pelos Viajantes Naturalistas do Século XIX foram elementos fundamentais na construção da fisionomia florística nacional e causadores das representações que formam a base da visão que temos hoje das características fitogeográficas brasileiras. Por meio destes relatos podemos reconstruir uma história regional. Ainda que este “olhar” estivesse moldado pela cultura europeia, esses viajantes deixaram um enorme acervo de documentos, preciosos para o entendimento dos lugares que passaram.

São muitos os caminhos percorridos e são muitos os olhos que passaram pelos caminhos, alguns cabisbaixos vão apenas medindo o tanto que já foi andado e o que ainda têm por andar.  Analisam o chão, os verdes, os ares, os perfumes, as cores, os sons. Estão abertos, integralmente abertos para a terra brasileira. São olhos que aqui, nesta terra encontraram continuamente com o que se extasiar, o que admirar a cada pessoa, a cada momento.

O viajante naturalista que mais viajou pelo Brasil e que mais obras publicou descrevendo o interior brasileiro foi Auguste Prouvansal de Saint-Hilaire. Este viajante francês esteve no Brasil durante seis anos percorrendo duas mil e quinhentas léguas de exploração científica pelas províncias do Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Goiás, São Paulo, Santa Catarina (...). Coletando cerca de 30.000 exemplares de plantas representando mais de 7.000 espécies. Os relatos do viajante francês são sempre cheios de detalhes e plenos de minuciosas observações. Poucos investigadores estrangeiros, dentre os muitos que visitaram o Brasil com propósitos científicos, empenharam-se em construir memórias tão expressivas de tudo o que viram com relação às peculiaridades da flora, da fauna e da sociedade brasileira, oferecendo tantos detalhes. Em suas viagens e excursões, pesquisava e coletava espécies para serem estudadas e classificadas cientificamente.      

Todavia, à medida que examinava o material coletado, Saint-Hilaire redigia comunicações, relatos de viagem, e permutava informações com botânicas e diversas instituições estrangeiras, tratando, em suma, de tornar conhecida a exuberância da natureza brasileira, quase desconhecida, naquela época. A leitura das memórias e dos relatos de Saint-Hilaire, revela o caráter do homem-cientista, cuidadoso nas observações que faz, criterioso em suas análises e juízos, a persistência frente aos obstáculos e a busca da retidão científica.  Em alguns trechos de suas “memórias” é possível destacar um certo deslumbramento poético nas descrições que faz sobre a fauna e a flora brasileiras ou sobre a organização da vida social dos lugares por onde passa.

Metodologia utilizada

Os naturalistas do século XIX utilizavam da observação, coleta, anotações sobre as espécies, afim de reconhecer sua identidade e a qual família pertencia, sabendo separar os detalhes relevantes dos triviais e utilizar métodos rigorosos para validar suas observações e possibilitando recorrer aos conhecimentos e experiências pessoais como auxiliares no processo de investigação.

‘’O melhor meio de identificar cada planta é ter ramos com flores e frutos de uma mesma planta, de reconhecer sua identidade, seu nome e sobrenome, a que família pertence. A flor e o fruto, as estruturas reprodutoras das plantas mais comuns, é que contam da identidade. É bem verdade que a folha, a casca, o porte, todos caracteres do corpo vegetativo, contribuem para a identificação, porém, a ciência não prescinde de garantias.

Onde a planta vive? Como ela vive? Gosta de sol? Ou de sombra? Tem resina, goma? Algum odor? E a cor da flor? E a cor do fruto? Duro, rígido, carnoso, macio, atraente? Falta um pedaço do fruto? As marcas são de bico? São de dentes? A folha está comida? E é pelas margens? ’’

Fatores ecológicos e fatores limitantes

Entendemos como fator ecológico como todo elemento capaz de agir diretamente sobre os seres vivos em pelo menos uma fase de sua vida. Já os fatores limitantes são qualquer agente que torne difícil a sobrevivência e reprodução de uma espécie. Os principais fatores abióticos são: Temperatura, Água, Luz, Fatores Edáficos, Salinidade e Alimento. Sendo estes alterados ainda pela variação altimétrica do relevo, natureza do terreno, e as distancias latitudinais.

’ Estimulada sem cessar pelos dois principais agentes, umidade e o calor, a vegetação das matas virgens está em perpétua atividade. As matas dos arredores do Rio de Janeiro têm mais majestade do que todas as que vi em outras partes do Brasil, talvez porque em parte alguma a umidade seja tão grande como lá. ’’

Um dos fatores de restrição que os naturalistas descrevem para a vegetação é a restrição hídrica, onde a redução do seu tamanho se torna uma adaptação, pois reduzir o tamanho é o mesmo que economizar água.

‘’Quanto mais exposta a planta a um meio adverso, em geral, menor o seu tamanho. Depois de saber fazer troncos e folha grandes, reduzir o tamanho é uma adaptação. Reduzir o tamanho, economizar água de todas as formas possíveis. ’’

Outro fator que é considerado importante para os naturalistas, são as condições edáficas do solo, se referindo as composições químicas do solo, os nutrientes disponibilizados.

‘’Próximo a Itambé, a região propicia a correlação da vegetação com o solo: onde tem argila, tem bosques; onde tem areia, tem uma vegetação enfezada.’’

A temperatura também tem suas ressalvas pelos naturalistas, tendo em vista a influencia na fotossíntese, no desenvolvimento e na fecundidade da vegetação.

‘’Cresce, espontaneamente, em algumas das mais altas montanhas do Rio de Janeiro. Encontra-se novamente aqui, em terreno muito elevado, nos limites das matas e campos, constitui a maioria dos capões nos arredores de Curitiba. Na capitania do Rio Grande, desce até a borda do campo. Parece, pois, haver igualdade de temperatura entre esses diferentes pontos e a araucária funciona como um termômetro.’’

Marcas da interferência humana na paisagem

Saint-Hilaire e Von Martius fazem menções a extração do ouro e ao desmatamento para alocações de pastagens, uso da madeira, e demonstram sua indignação com o uso indiscriminado e desperdício para com os recursos, e tendo o desequilíbrio como consequência dessas ações humanas. 

‘’Toda a região percorrida, cerca de 10 léguas, entre Itambé e Cocais, é coberta de montanhas. Outrora esta zona apresentava florestas imensas, que foram queimadas para fazer lavouras, e em seu lugar veem-se hoje somente grandes samambaias, o capim gordura e capoeiras. (...)’’

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