A militarização do corpo
Por: Anderson Henrique • 7/5/2019 • Resenha • 1.833 Palavras (8 Páginas) • 121 Visualizações
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA
DISCIPLINA: História do Brasil Republicano: do Estado Novo aos dilemas do Brasil Contemporâneo.
DOCENTE: Prof. Me. Wagner Cabral
DISCENTE: Anderson Henrique Lopes Santos
FERREIRA, Jorge, 2003 – O tempo da experiência democrática: da democratização de 1945 ao golpe civil-militar de 1964 – Rio de Janeiro – Civilização Brasileira. – (O Brasil republicano; v.3)
A democratização de 1945 e o movimento queremista. (pág. 15 à 46)
O autor Jorge Ferreira vem analisar e problematizar em sua produção o nascimento e a atuação do movimento queremista que teve destaque no período da democratização, surgindo no ano de 1945 em meio a várias problemáticas, tendo como atuantes principais a massa dos trabalhadores operários que tinham esperanças na imagem de Getúlio Vargas como o único capaz de atender os seus interesses, conseguindo ceder amparos a classe, era uma espécie de redentor.
“Cai a ditadura do Estado Novo, mas cresce o prestígio do ditador; vislumbra-se o regime democrático e, no entanto, os trabalhadores exigem a permanência de Vargas no poder”. (pág. 15) ou seja, a ditadura varguista é derrubada, mas por questões de interesses existentes voltados ao contexto, os trabalhadores preferiam a fixação de Vargas no seu cargo de poder.
“O Estado Novo, sobretudo no segundo semestre de 1944, dava mostras de esgotamento político. Estudantes, comunistas, liberais, empresários que enriqueceram sob a ditadura e coalizões de civis e militares, organizados em grupos políticos, surgiram no cenário”. (pág.16), personagens surgem para a realização de protestos contra a ditadura varguista, com o enfraquecimento do Estado Novo, os aparelhos de repressão já não eram mais tão eficientes.
“Vargas perdeu a base de sustentação de seu poder e, portanto, as condições políticas para continuar na presidência da República”, por todo o contexto de mudança social e as críticas que Getúlio recebera diretamente no ambiente midiático foram pontos cruciais para o enfraquecimento do seu nome e popularidade, eram tecidas críticas principalmente “à implantação do sindicalismo controlado pelo Ministério do Trabalho, definida como obra do fascismo” (pág.17).
No contexto de 1945 houveram manifestações em prol da derrubada de Vargas de forma completa liderada por uma massa de estudantes e alguns trabalhadores, em choque se apresentou um grupo de trabalhadores que reivindicavam a continuação de Vargas, o que foi descrito na impressa um grupo de “desordeiros, provocadores, bêbados, exaltados, violentos, selvagens entre outros qualitativos.” (pág.17)
Houve esse levante por parte do trabalhadores porque segundo os próprios, os produtos positivos adquiridos pela legislação social do Estado Novo viessem a ser desmoronados, contava a questão da desconfiança existente sob o novo grupo que se preparava para lutar pela chegada ao poder, havia “o receio de que a democratização, sem o controle de Vargas, ameaçassem os princípios que fundamentavam a cidadania social alcançada pelos trabalhadores desde 1930”. (pág. 18)
Logo a permanência de Vargas compete não somente a fruto de disseminação midiática, mas porque de fato houve uma solidificação no imaginário dos trabalhadores através de suas políticas que os favoreceram. “Não há propaganda, por mais elaborada, sofisticada e massificante, que sustente uma personalidade pública por tantas décadas sem realizações que beneficiem em termos materiais e simbólicos, o cotidiano da sociedade”. (pág.19)
Como o grupo que clamava a permanência de Vargas crescia, já não dava mais para colocar estes como invisíveis, as lutas foram reais, começando a partir do campo ideológico, como era notável a multiplicação do movimento, já não dava mais para ser ignorada a questão do queremismo que por suas proporções acabou nutrindo um apoio financeiro de grupos empresariais que eram de acordo com a permanência de Getúlio.
Mediante que toda ação tem uma reação, o “movimento de oposição, no entanto, surgiu oficialmente em 7 de abril de 1945. Com o nome de União Democrática Nacional (UDN), o partido abrigava diversos grupos políticos...unidos pelo mesmo rancor a Vargas”. (pág.20) o partido representava a união para a levada ao poder a figura de Eduardo Gomes, o dito “brigadeiro”.
Havia uma guerra midiática em torno dos dois movimentos, “recorrendo a imagens que sugeriam entusiasmo e mobilização popular pela candidatura da UDN, as manchetes procuravam convencer o público da vitória certa, praticamente inevitável da oposição”. (pág.21) no entanto os queremistas nos meios de comunicação tinham a imagem denegrida e rebaixada a meros baderneiros.
No olho do furacão ainda surge o “candidato do Partido Social Democrático, general Eurico Gaspar Dutra, surgia pequenas notas, cercadas por outras notícias, sugerindo ao leitor uma candidatura fracassada e sem maior importância”, percebe-se o jogo em definir através de ideologias e imagens quem iria vencer a corrida de chegada à Presidência da República, sendo que isso correspondia a um outro jogo de interesses por trás.
O queremismo continuava a abraçar uma poderosa magnitude e expansão, visto que em julho de 1945 o movimento começa a ganhar moldes mais fortes e convictos, que foi gerado como produto o Comitê Pró-Candidatura Getúlio Vargas, mostrava uma força de base, logo “as adesões, núcleos e comitês de bairros, abaixo-assinados e declarações de solidariedade aumentavam diariamente”. (pág.22)
“O crescimento do movimento, os conflitos nas manifestações da UDN e a proximidade do primeiro comício queremista inquietaram as oposições” (pág. 23) a crescente adesão ao movimento queremista sofreu duras críticas nos meios de comunicação também, onde respondia-se com ironia que Getúlio “desfruta de alguma popularidade” (pág.23), percebendo que havia uma importância na candidatura e eleição de Eduardo Gomes.
“As oposições, sem dúvida, viviam uma situação, no mínimo, constrangedora. Dias antes do comício, na sede do PSD em São Paulo e no Recife, a propaganda eleitoral de Dutra foi substituída pela de Vargas.” (pág.24) logo imagina-se a força que tomara o movimento, “a candidatura de Dutra, até aquele momento sem empolgação alguma, ameaçava esvaziar-se por completo”. (pág.24)
O PTB mantinha algum elo com o queremismo , mesmo que fosse o partido que apoiava a candidatura de Gaspar Dutra, sendo que de fato foi mantida uma aliança, mesmo que fosse um partido voltado a trabalhadores e o movimento queremista fosse majoritariamente composto por estes, deveriam ter uma atenção especial as suas nuances, mesmo que fossem ligados a imagem de Vargas e a legislação social, não eram a mesma coisa.
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