História Cultural na Corrente Historiográfica

            A História Cultural é uma corrente historiográfica onde sua preocupação primordial está voltada para um conhecimento interpretativo de tudo o que é referente ao homem e, claro, tudo o que está presente nele. A História Cultural é uma história dos sem face, dos esquecidos, dos subalternos, ou seja, analisa a vida do povo “de baixo”.

            Aqui, o termo cultura passa a ser mais abrangente, pois antes a cultura referia-se apenas a elite, estes sendo os detentores da cultura, mas com a História Cultural o termo cultura ganha novos ares, significados, sendo o ser humano, o povo, tomados como objetos de estudo pelas suas características como as formas de dançar, o tipo de música, o comportamento, o folclore, suas crenças etc.

            Com a História Cultural a historiografia tomou uma amplitude maior, uma espécie de história total e vários conceitos irão surgir e nos ajudar a entender melhor essa história de tudo.

            O primeiro conceito que iremos analisar é o da representação. As representações estão expressas por normas, instituições, discursos, imagens, ritos, etc, formando assim uma outra realidade aos indivíduos e fazendo com que vivam por elas e nelas. As representações é a construção do imaginário social, reflexo das estruturas sociais e a criação das ideias e das representações da natureza, da nação, do outro sobre a mesma realidade. Como diz Sandra Jatahy Pesavento, a História Cultural passa a ser uma representação que resgata representações, que se responsabiliza de construir uma representação sobre o já representado.

            Outro conceito importante é o de imaginário. É um sistema de ideias e imagens de representação coletiva que os homens, em todas as épocas, construíram para si, dando sentido ao mundo em que vivem. O conceito de imaginário é bastante amplo, pois tudo pode ser submetido a uma leitura imaginária e abrange todo o campo da experiência humana, representando e superando, assim, o conceito de mentalidade que vem da Escola dos Annales.

            A narrativa é um outro conceito levado a efeito pela História Cultural, pois a História é uma narrativa do que se passou, tentando ao máximo se aproximar da verossimilhança. A narrativa na História Cultural aparece para dar vez às pessoas simples, sem vez e sem voz, que foram ocultadas na história dos vencedores, contando suas histórias de vida, abdicando, então, da narrativa ligada a visão tradicional.

              Outro conceito que surge é o de ficção. É inimaginável a História sem ficção, pois o historiador tenta chegar ao máximo à verossimilhança, do real acontecido, mas para isso precisa usar da imaginação, da ficção, pois ele conta um fato acontecido no qual ele não viveu, portanto é extremamente necessário o uso da ficção para conseguir chegar a essa aproximação.

              Mais um conceito que se impõe é o das sensibilidades. Este é algo que lida com as sensações, com o emocional, com a subjetividade, trazendo a questão do indivíduo e das histórias de vida de pessoas simples, dos subalternos.

            Um conceito que também surge dentro da área da História Cultural é o de práticas. Este leva em consideração a fala diferente da linguística, a maneira de sentar-se, o consumo, a leitura, etc.

            A cultura política é outra extensão da Nova História Cultural, estudos da história cultural da política, da violência e das emoções. A cultura e a política estão presentes em muitas produções sobre os simbolismos das monarquias e governos nacionalistas.

            Portanto, com o surgimento da História Cultural ou mesmo da Nova História Cultural, surgem novos objetos, novos problemas, novas abordagens e novas fontes, nos mostrando que que há uma nova forma de utilizar a cultura, deixando para trás os moldes tradicionais do passado, vasculhando a cultura de uma nova maneira, uma cultura que é cheia de significados divididos e formulados pelos homens para entender o mundo. Os que antes eram deixados de lado pelos pesquisadores, como as coisas simples da vida de pessoas simples ignorando suas emoções, seus símbolos e representações, com a História Cultural passam a ser ouvidos e vistos. Segundo Sandra Pesavento, a cultura traduz a vida do homem em cada sociedade e em cada tempo de forma simbólica.

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