Redação Teoria e Metodologia da História
Por: Letícia Guedes • 12/9/2019 • Trabalho acadêmico • 954 Palavras (4 Páginas) • 167 Visualizações
Antes de começarmos por relacionar os temas, devemos distinguir os termos utilizados. Segundo Jenkins, história e passado são coisas diferentes porque ambos não são unidos de maneira a se ter apenas uma versão dos fatos. Ademais, eles estão distantes em tempo e espaço, visto que eles se correlacionam mas possuem independência. A historiografia nos mostra que um determinado ponto de vista pode ser interpretado de diferentes formas por pessoas diferentes sendo assim, a história nunca será algo particular.
O autor nos indica que essa diferença já deveria ser dada pela nomenclatura "o passado" para tudo o que já aconteceu e "historiografia" para o estudo da história. Para endossar esse argumento, Jenkins afirma que o passado já passou e não temos acesso a ele, o único meio a que temos acesso ao mesmo é através de livros, periódicos. Não podemos visitar o passado para discorrer sobre como tudo aconteceu.
Nossos meios de trabalho, são o discurso. Nós trabalhamos com narrativas e versões, isso não significa que inventamos algo, mas sim que utilizamos o passado, o que existiu nele como objeto de pesquisa. O que torna o nosso discurso algo que pode decompor e recompor de forma autocrítica, ou seja, a medida que vamos pesquisando podemos mudar nossas perspectivas. Tendo o passado e os vestígios dele como nossa linha de pesquisa, podemos observar que algo acaba por nos restringir, que há um limite entre nossa pretensão e o conhecimento que seria o tempo, porém trataremos disso mais tarde.
O que temos de acesso a história ainda que tenham acontecido tantas pesquisas, é escasso. Porque tudo o que já foi documentado ainda não corresponde a história total. Nós julgamos a precisão dos relatos e eles não são os acontecimentos em si. Ainda podemos citar o fato de que os mesmos relatos já foram documentados por outros historiadores, o que nos torna de certa forma reprodutores de discursos.
Nessa perspectiva, o passado seria produto na mão do historiador e a História seria cíclica porque para explicarmos o passado vamos além do já registrado e formulamos hipóteses seguindo o nosso modo de pensar atual. Para as metodologias historiográficas que utilizamos não existem métodos de procedimento definitivo que possam ser dados como corretos, ou seja, não há uma "receita" a ser seguida. O estudo da história é uma busca eterna pela verdade, todavia devemos ter a consciência de que nunca conseguiremos recuperar tudo como de fato aconteceu. Afinal, um rio não permanece o mesmo, mas ele se renova.
Enfim chegamos ao que seria nossa "barreira historiográfica" (que seria o tempo como mencionamos anteriormente) a respeito da mesma, Jenkins assegura que: "A abertura das perspectivas historiográficas para horizontes mais amplos era justamente historicizar a própria história - ver que todos os relatos históricos são prisioneiros do tempo e do espaço e, assim, ver que os conceitos historiográficos não são alicerces universais, mas expressões localizadas e particulares." Pág. 38 , 2 parágrafo.
Em suma, o tempo é um dos conceitos fundamentais da história como podemos observar, tal como: prova, causa e efeito; continuidade e mudança; e semelhança e diferença.
Quando se trata de fontes históricas, vale destacar o chamado "lugar de produção" expressão utlizada por Michel de Certeau em sua obra "A operação historiográfica" para apontar a idéia de que o historiador frente ao seu estudo, escreve a partir de de um lugar, de sua inscrição em uma sociedade em uma comunidade historiográfica atualizada por sua própria época e o quanto essa teia de intertextualidades o influencia de várias maneiras e por conseguinte por que não dizer também sua pesquisa. Também podemos citar a influência do leitor nesse ponto, pois o historiador irá partir da premissa de que o leitor, consumidor de seu trabalho possa compreender o que ali foi tratado. A essa operação historiográfica Certeau se refere como à combinação de um lugar social e de práticas científicas.
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