A Decaracterização

1 INTRODUÇÃO

O patrimônio histórico cultural é o documento de identidade de uma nação. Assim percebe a importância da conservação desse patrimônio, pois preserva viva a memória e a identidade de um povo.

Na cidade de Campo Maior constatamos a presença de edificações que possuem traços predominantes do estilo eclético, que datam das décadas de 1940 a 1960, período em que predominou no Piauí o extrativismo vegetal da cera de carnaúba. No entanto, nos anos de 1985 a 2005 notou-se que esses traços estão sendo modificados.

A preservação de nossos bens é essencial, e vital no decorrer dos anos. Sabendo que estes sofrem permanentes alterações, pode-se preservá-los através de identificação, registro, proteção, tombamento, divulgação e promoção do patrimônio, seguindo uma trajetória de atuação, um conjunto de práticas de intervenções e procedimentos fundamentados em conceitos que estão em constante processo de transformação evitando dessa forma as diversas alterações sofridas pelo patrimônio. Tendo em vista que o patrimônio é uma imagem na qual pode-se dar diversos significados, a compreensão deste é fundamental para a remoção e para o avanço da história cultural, para entender fatores e ações que entrelaçam a história.

Diante da importância do patrimônio para uma sociedade no que se refere ao patrimônio de Campo Maior surgem uma série de indagações, tais como: mesmo diante do avanço do ideário preservacionista, porque na cidade estudada a valorização do patrimônio por parte da sociedade continua a não existir? O descaso e a indiferença são visíveis, refletindo a crença de que não temos nada para preservar, isso se dar em partes porque o acervo campo-maiorense é pequeno. Enfrentamos esse problema devido o desafio adicional que se tem de mostrar a relevância de nosso próprio patrimônio? Quais os traços do ecletismo encontram-se nos bens patrimoniais de Campo Maior?

Abordar esse tema evidenciará fatores que evidencie a importância do patrimônio cultural campo-maiorense, ajudando a redescobrir o valor arquitetônico, que a cidade possui.

Entende que o cotidiano do patrimônio de Campo Maior é fruto muitas vezes de sua descaracterização afetando a construção da memória coletiva e da identidade local.

O cotidiano é aquilo que nos é dado cada dia (ou que nos cabe em partilha), nos pressiona dia após dia, nos oprime, pois existe uma opressão do presente. Todo dia, pela manhã, aquilo que assumimos, ao despertar, é o peso da vida, a dificuldade de viver, ou de viver nesta ou noutra condição, com esta fadiga, com este desejo. O cotidiano é aquilo que nos prende intimamente, a partir do interior. É uma história a meio de nós mesmos, quase sem retirada, às vezes calada. Não se deve esquecer este "mundo memória"... É um mundo que amamos ,profundamente, memória olfativa, memória dos lugares da infância, memória do corpo, dos gestos de infância, dos prazeres. Talvez não seja inútil sublinhar a importância do domínio desta história "irracional" ou desta "não-história"... O que interessa aohistoriador do cotidiano é o invisível (...), (CERTEAU, 1995, p. 31).

Entende-se, que ao buscar o cotidiano do patrimônio de uma cidade e sua relação com o espaço na construção das relações sociais ali travadas, a tentativa foi a de afirmá-lo como lugar de criatividade, memória e astúcia. Devido aos imprevistos o patrimônio campo-maiorense sofre de diversas maneiras.

Na busca de respostas para as indagações que permeiam o tema, foi traçado como objetivo analisar os fatores que levaram a desvalorização do patrimônio cultural em Campo Maior nos anos de 1985 a 2005, isso porque é nesse período que percebemos o auge da arquitetura moderna e a mutilação dos edifícios antigos. Foi analisado também outros objetivos como a tentativa de compreender a construção do ideário preservacionista em Campo Maior a partir da década de 1980; a análise do processo de descaracterização arquitetônica e a demonstração dos edifícios que fazem parte do acervo patrimonial campo-maiorense .

Para alcançar os objetivos propostos foi necessário um trabalho árduo,