Aquecimento global
Tese: Aquecimento global. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: esalmeida • 15/9/2013 • Tese • 1.193 Palavras (5 Páginas) • 291 Visualizações
Prof: Clarck de Melo
O buraco é mais embaixo
Se o mundo inteiro concorda que é preciso controlar o aquecimento global, por que é que o problema não pára de aumentar?
Por Eduardo Szklarz e Sérgio Gwercman
Então estamos de acordo: com a divulgação do relatório sobre o clima do IPCC, o painel de meteorologistas criado pela ONU, não há mais dúvidas de que o mundo está ficando perigosamente quente, o culpado é o homem e este é um problema seríssimo. Os primeiros alertas sobre o aquecimento surgiram nos anos 70, mas até há pouco tempo falar disso era coisa de ecochato. Agora é fashion, como provou a São Paulo Fashion Week ao escolher como tema a sustentabilidade e mostrar estilistas prometendo plantar árvores. Fica desde já oficializado que, na história do debate ambiental, 2007 foi o ano em que fizemos consenso.
E como foi que de uma hora para outra o planeta concordou sobre a ameaça? Bem, você precisaria ser cego, surdo e turrão para insistir que não havia algo de errado com o clima após uma seqüência de 5 anos batendo recordes históricos de temperatura. Ou depois de assistir ao documentário Uma Verdade Inconveniente. Ou após o furacão Katrina devastar Nova Orleans e o inverno europeu não ver a cor da neve. Ou escutando líderes políticos e empresariais reunidos em Davos, na Suíça, concordar que a mudança climática é o tema mais importante do mundo. Ou ao saber que George W. Bush (pasmem e aleluia!) se comprometeu pela primeira vez a limitar o consumo de
combustíveis fósseis. Ou ao ler o relatório do IPCC afirmando que os efeitos do aquecimento são irreversíveis nos próximos 100 anos.
Lindo. Constatar que o mundo chegou a um acordo é ótima notícia - para resolver um problema, o primeiro passo é admiti-lo. O diabo é que essa também é a parte mais fácil. Na hora de arregaçar as mangas, o buraco é mais embaixo. As emissões de carbono seguem crescendo ano a ano. E, se as propostas contra o aquecimento existem, suas aplicações exigem sacrifício. Em última instância, passam pelo modo como a sociedade global se organiza. E como você - isso, você mesmo - leva a vida.
O problema é seu
O primeiro motivo para a histórica falta de ação dos governos no combate ao aquecimento é o de sempre: interesses econômicos. Em 2006, a petrolífera Exxon Mobil lucrou um recorde de US$ 39,5 bilhões, o maior já registrado na história dos EUA. Para manter essa dinheirama, a indústria do petróleo faz de tudo - por exemplo, paga cientistas para "provar" que o aquecimento global é blablablá. Contrariar gente poderosa assim é sempre difícil. Mas a questão vai além. Se as petroleiras lucram, é porque nós compramos o que elas vendem. E não é só para encher o tanque do carro. Seis horas de vôo lançam tantos gases na atmosfera quanto um ano andando de carro. Mas como reduzir as viagens de avião neste mundo globalizado?
Europa, EUA e China dependem da queima de combustíveis fósseis para gerar eletricidade - e isso quer dizer que cada ventilador chinês que você compra para aliviar o calor contribui para aumentá-lo. Os fertilizantes, que impulsionam a agricultura e colocam comida no nosso prato, emitem um gás 310 vezes mais poluente que o CO2. Mas como alimentar 6 bilhões de pessoas sem usá-los? (Leia mais na página 34.) E, é claro, existe você. Que franze a sobrancelha de preocupação ao ler este texto, mas tem um punhado de desculpas à mão para explicar por que é inviável trocar o carro pela bicicleta a caminho do trabalho. Ou seja, diminuir de repente a emissão de gases não afetaria apenas os lucros astronômicos de multinacionais - pode causar também crise econômica global, uma recessão assustadora e fome generalizada.
Resumindo: não há meio de resolver o aquecimento global sem que a maior parte dos habitantes do globo sofra um enorme impacto na rotina. Sozinho, você pode até fazer sua parte e começar a salvar o planeta (na página 38, você aprenderá como pode fazer isso), mas precisamos de soluções mais abrangentes. E aí entra a boa notícia: com o consenso alcançado, os cientistas podem parar de se preocupar em provar que o problema existe e se concentrar em discutir propostas para resolvê-lo.
Uma das mais interessantes é cobrar impostos sobre o carbono, encarecendo os produtos que causam o aquecimento
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