Araweté
Resenha: Araweté. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: Silvaaraujo • 5/8/2013 • Resenha • 435 Palavras (2 Páginas) • 243 Visualizações
Os Araweté são um povo tupi-guarani de caçadores e agricultores da floresta de terra firme. "Estamos no meio", dizem os Araweté da humanidade. Habitamos a terra, este patamar intermediário entre os dois céus e o mundo subterrâneo, povoados pelos deuses que se exilaram no começo dos tempos. Os Araweté dizem viver agora "na beira da terra": sua tradição fala de sucessivos deslocamentos a partir de algum lugar a leste (o centro da terra), sempre em fuga diante de inimigos mais poderosos. Toda sua longa história de guerras, mortes e fugas, e a catástrofe demográfica do "contato", se não se apagam da memória araweté, nunca chegaram a diminuir seu ímpeto vital e alegria.
As noções de englobamento e de trilhas sugeridas na literatura antropológica atual empurram
para uma nova forma de compreender as identidades indígenas e suas demandas para a
educação. Ajudam a pensar as identidades coletivas como móveis e instáveis, como um
constante devir14, mesmo que no plano do projeto político estas se apresentem como fixas e
estáveis. Abertas ao novo e supondo sempre relações – ainda que tensas e conflituosas,
incorporadas segundo as lógicas “nativas”, supõem processos de transformação e recriação,
dando origem a resultados sempre diversos, conforme as experiências históricas dos grupos
que se encontram.
As narrativas dos sujeitos também enfatizam esta dinâmica de instabilidade, que autoriza a
criatividade, a inventividade e a inovação, sugerindo que as identidades se constróem em um
movimento de encontros, trocas e interações entre grupos. Os sujeitos entrevistados parecem
sentir-se à vontade diante desses movimentos que poderiam ser vistos como
desestabilizadores, mostrando uma capacidade impar de gerir as tensões, ambivalências e
contradições decorrentes de tais experiências. Isto convida-nos a observar a maneira como as
culturas se modificam ao invés de fixar em uma lógica apenas de reprodução, que imobiliza e
delimita as diferenças.
Podemos, todavia, também supor que esses resultados e processos se articulam a uma lógica
geral da sociedade brasileira. Nesta perspectiva poderíamos considerar a hipótese apontada
por Ribeiro (1995), da presença - nesta sociedade - de uma matriz específica de organização
construída no início da colonização, caracterizada pelo sincretismo. Tal estrutura ou princípio
de organização, caracterizados pela fluidez, abertura, flexibilidade e criatividade, tenderia a
organizar os encontros entre as diferenças e a influenciar a construção de identidades dentro
de
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