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Por:   •  3/10/2013  •  Resenha  •  373 Palavras (2 Páginas)  •  615 Visualizações

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Bestializados ou bilontras? Tal pergunta, usada para intitular o capítulo seguinte, revela o esforço de José Murilo de Carvalho em compreender a real postura do povo, ou melhor, dos povos diante do novo regime republicano. Procura explicar o porquê do envolvimento de grande parte da população nas festas populares, religiosas e em organizações associativas. Segundo o autor, grande foi o esforço dos ativistas e líderes políticos em estimular no povo o desejo em se envolver de maneira séria nas questões políticas. Esforço esse frustrado, uma vez que tudo era levado na brincadeira, como aconteceu com a Revolta da Vacina, que depois de acontecida foi levada num tom cômico nas festas carnavalescas. Para entender essa situação, o historiador vai tentar procurar uma explicação voltando para as naturezas das cidades, opondo as cidades antigas com as modernas. Em síntese, o autor - usando Max Weber para sua fundamentação teórica - vai afirmar que o grande contraste entre esses dois tipos de cidades é que a primeira é caracterizada pelos espírito integrativo, associativo em contraste com a segunda que é organizada a partir dos interesses individuais das pessoas. Outra diferença importante desses dois modelos é que as cidades ibéricas são enqudradas no segundo modelo. O Rio do início da República, porém, é uma fusão dos dois modelos, uma vez que a tradição moderna liberal não conseguiu romper definitivamente com as tradições associativas do período monárquico.

Por fim, ainda neste capítulo, José Murilo de Carvalho vai diferenciar o bilontra do bestializado. O primeiro seria aquela pessoa que sabia que a república era realmente uma farsa e além de não se envolver nas questões políticas, escarnece desse regime. O segundo, no entanto, seria a pessoa que, iludido, participava das questões políticas.

Estudando o passado a partir das questões que são formuladas pelo tempo presente, o autor revela sua preocupação acerca da construção da cidadania brasileira hoje e, portanto, nos deixa intrigados a respeito do assunto. Claro que comparado ao referente passado, a cidadania se desenvolveu consideravelmente. Mas a sociedade brasileira atual tem tido o mesmo desempenho em seu desejo na participação política? Ou será que observamos uma ressonância do pensamento de que se envolver nessas questões é algo inútil? A sociedade brasileira atual é mais bilontra ou bestializada?

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