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ERA DE REVOLUÇÕES

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Por:   •  5/5/2014  •  Tese  •  2.141 Palavras (9 Páginas)  •  371 Visualizações

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A ERA DAS REVOLUÇÕES

Eric J. Hobsbawm

PREFÁCIO

Este livro traça a transformação do mundo entre 1789 e 1848 na medida em que essa

transformação se deveu ao que aqui chamamos de "dupla revolução": a Revolução Francesa

de 1789 e a revolução industrial (inglesa) contemporânea. Portanto, não se trata

estritamente de um livra de história da Europa, nem tampouco do mundo. Na medida em

que um determinado país tenha sentido as repercussões da dupla revolução nesse período

tentei referir-me a ele, embora frequentemente de maneira superficial. Sempre que esse

impacto da revolução fosse irrelevante, omiti-o. Logo, o leitor encontrará aqui alguma coisa

sobre o Egito, mas não sobre o Japão; mais sobre a Irlanda do que sobre a Bulgária, maissobre a América Latina do que sobre a África. Naturalmente isto não significa que as histórias

dos países e povos omitidas neste livro sejam menos interessantes ou menos importantes do

que as que aqui se incluem. Se sua perspectiva é primordialmente europeia, ou mais

precisamente franco-britânica, é porque nesse período o mundo - ou pelo menos uma grande

parte dele - transformou-se a partir de uma base europeia, ou melhor, franco-britânica.

Contudo, certos tópicos que poderiam perfeitamente ter recebido um tratamento mais detalhado

foram também deixados de lado, não só por razões de espaço, mas também (como a

história dos EUA) porque foram analisados extensamente em outros livros desta série.

Este livro não pretende ser uma narrativa minuciosa, mas sim uma interpretação e o que os

franceses chamam de haute vulgarisation. Seu leitor ideal seria aquele construtor teórico,

aquele cidadão culto e inteligente, que não tem uma simples curiosidade sobre o passado,

mas que deseja compreender como e por que o mundo veio a ser o que é hoje, e para onde se

dirige. Consequentemente, seria pedante e desnecessário sobrecarregar o texto com o pesado

aparato académico que exigiria um público mais erudito. Portanto, minhas notas referem-se

quase que inteiramente às fontes das citações e dos números que aparecem no texto, ou em

alguns casos recorrem à autoridade em se tratando de declarações particularmente

controvertidas ou surpreendentes.

Todavia, não seria justo deixar de dizer algumas palavras sobre o material em que se baseou

um livro tão amplo. Todos os historiadores são mais versados (ou colocando o fato de outra

maneira, mais ignorantes) em alguns campos do que em outros. Fora de uma área razoavelmente

estreita, eles precisam contar em grande parte com o trabalho de outros

historiadores. Para o período que vai de 1789 a 1848, esta literatura auxiliar constitui por si

só uma massa impressa tão vasta que está além do conhecimento de qualquer indivíduo,

mesmo daquele que saiba ler em todas as línguas em que se acha escrita. (De fato, é claro,

todos os historiadores estão confinados a umas poucas línguas.) Muito do que se encontra

neste livro é portanto de segunda ou mesmo de terceira-mão, e inevitavelmente ele contém

erros, bem como as inevitáveis simplificações de que se ressentirá o estudioso, assim como

se ressente o próprio autor. Fornecemos uma bibliografia como guia para um estudo mais

detalhado.

Embora a teia da história não possa ser desfeita em linhas separadas sem que seja destruída,

uma certa subdvisão do assunto é essencial por motivos práticos. Procurei muito

rudimentarmente dividir o livro em duas partes. A primeira trata amplamente dos principais

desenvolvimentos históricos do período, enquanto a segunda esboça o tipo de sociedade

produzida pela dupla revolução. Há no entanto superposições deliberadas e a distinção é

uma questão não de teoria mas de pura conveniência.

Devo meus agradecimentos a várias pessoas com as quais discuti aspectos deste livro ou que

leram capítulos em rascunho ou em provas tipográficas, mas que não são responsáveis pelos

meus erros; principalmente J. D. Bernal, Douglas Dakin, Ernst Fischer, Francis Has-kell,

H. G. Koenigsberger e R. F. Leslie. O capítulo 14, particularmente, deve muitas de suas

ideias â Ernst Fischer. Ajudou-me considera-velmente como secretária e assistente de

pesquisa a Srta. P. Ralph. O Índice foi compilado pela Srta. E. Mason.

E. J. H.

Londres, dezembro de 1961

INTRODUÇÃO

As palavras são testemunhas que muitas vezes falam mais alto que os documentos.

Consideremos algumas palavras que foram inventadas, ou ganharam seus significados

modernos, substancialmente no período de 60 anos de que trata este livro. Palavras como

"indústria", "industrial", "fábrica", "classe média" ', "classe trabalhadora", "capitalismo" e

"socialismo".

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