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Ganância em anúncios de jornal

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Por:   •  15/10/2014  •  Resenha  •  542 Palavras (3 Páginas)  •  259 Visualizações

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avidão nos anúncios de jornal

Este livro, editado pela primeira vez em 1961, começou a ser escrito logo depois ou um

pouco antes do aparecimento, em fins de 1933, de Casa -grande & senzala. Teve primeiro a

forma de uma conferência, “O escravo nos anúncios de jornal do tempo do Império”, feita no

Rio de Janeiro, na Sociedade Felipe d’Oliveira, e publicada em número de 1934 da revista

Lanterna verde. A essa conferência seguiu -se, logo depois, uma comunicação, “Deformação

de corpo dos negros fugidos”, lida no 1º Congresso Afro -brasileiro do Recife e incluída nos

Novos estudos afro -brasileiros, livro no qual se recolheram, em 1937, os trabalhos

apresentados àquele encontro.

Destaco as datas para ressaltar o caráter pioneiro desses ensaios de Gilberto Freyre. Ainda

que Joaquim Nabuco, numa página de O abolicionismo, se tivesse servido dos anúncios de

escravos nos jornais para atacar o regime escravista, ninguém, no Brasil, havia, até então,

sobre eles se debruçado como fonte histórica. Nem no Brasil, nem, de forma persistente e

metódica, nos Estados Unidos ou na Europa. Gilberto, ao folhear jornais do século XIX, não

demorou em compreender o que hoje nos parece evidente, mas passava despercebido:

naqueles anúncios se tinham excelentes esboços de retratos de escravos, nos quais à

descrição das aparências físicas, dos temperamentos, das habilidades e das maneiras de vestir

se somavam pistas preciosas sobre as violências que sofriam. Ao contrário do que se passava

com os artigos de fundo, os sueltos e até mesmo o noticiário, nos quais o escravo era

desenhado conforme os interesses, a emoção e o pensamento de abolicionistas ou

escravocratas, os anúncios eram quase sempre objetivos e frios. Sobretudo quando se

referiam a escravos fugidos. Já os que os ofereciam à venda, troca ou aluguel não podiam

deixar de lhes sobressair as qualidades – o que também tem importância, porque ficamos

sabendo o que os senhores mais apreciavam.

Entre a conferência na Sociedade Felipe d’Oliveira e a publicação de O escravo nos anúncios

de jornais brasileiros do século XIX, transcorreram 28 anos. Suspeito que Gilberto Freyre

tenha ambicionado aprofundar, numa obra mais ampla, o exame dos anúncios de jornal, dos

quais já retirara informações preciosas. Em algum momento, ele desistiu de escrevê -la, até

porque utilizou largamente em Sobrados e mucambos

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