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Havaianas: Logística para todos os usuários

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Por:   •  12/11/2013  •  Tese  •  3.323 Palavras (14 Páginas)  •  414 Visualizações

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Revista Tecnologística

Janeiro - 2006 - Ano XI - Nº 122

http://www.tecnologistica.com.br

Movimentação

Havaianas: logística para todo mundo usar

As sandálias Havaianas, tradicional produto da Alpargatas que é praticamente um símbolo do Brasil, implanta solução de VMI visando auxiliar seus distribuidores a afinar seu processo de compra, aumentando a visibilidade e a disponibilidade dos produtos nas lojas. Embora seja ainda um piloto implantado em três clientes, os resultados são surpreendentes e revelam todo o potencial da solução, que a empresa já pensa em passar para seus demais canais de distribuição no Brasil e no exterior

Havaianas, todo mundo usa. Neste caso, o slogan não é um exagero, já que a tradicional sandália lançada há 43 anos pela São Paulo Alpargatas vende 150 milhões de pares por ano, chega a 250 mil pontos de venda em todo o Brasil e a consumidores de 62 países. A sandália é tão tradicional que já chegou a fazer parte da cesta básica brasileira, com os preços controlados pelo governo.

Nos últimos anos, graças a uma eficiente campanha de remodelagem da imagem da marca, as Havaianas passaram de um produto de consumo popular para uma categoria fashion, ganhando novas linhas e modelos, novos consumidores e oportunidades de uso, sem contudo esquecer seu mercado tradicional.

Acompanhar este crescimento não foi fácil. São 4.800 SKUs para administrar e a cada ano uma nova coleção é lançada. A marca sofre com os tradicionais problemas da logística para o varejo, ou seja, falta de produtos nas lojas ou excesso de estoque nos canais de distribuição e no próprio fabricante.

Pensando numa solução para este problema, a empresa iniciou, em 2005, um projeto-piloto de VMI (Vendor Managed Inventory, ou estoque gerenciado pelo vendedor), utilizando uma solução da Xplan Business Solutions, fornecedora de soluções de supply chain intelligence e serviços especializados.

Apesar de atingir até agora apenas três de seus 26 distribuidores regionais, o projeto mostrou resultados surpreendentes: aumento de vendas de 30% e redução de stockout nas lojas de 22%, o que animou a Alpargatas a avançar no projeto. A empresa espera ter o VMI implementado com todos os distribuidores regionais até o final de 2006 e pensa em, futuramente, passar a solução para os demais canais de distribuição no Brasil e no mundo.

As Havaianas trabalham com quatro grandes grupos de clientes para atender ao mercado final: os atacadistas, os distribuidores regionais, o auto-serviço e o varejo – que reúne o varejo calçadista e o de não-alimentos, como os grandes magazines, por exemplo. O auto-serviço é formado pelas grandes redes de supermercados e hipermercados e é atendido diretamente pela fabricante. Já o pequeno varejo e pequeno auto-serviço são atendidos pelos atacadistas.

Por uma questão estratégica, a empresa resolveu iniciar o piloto do VMI pelos distribuidores regionais, dadas as suas características e o volume, não muito grande frente aos números astronômicos da marca. Este canal representa cerca de 20% das vendas das Havaianas.

As principais diferenças entre os distribuidores regionais e os atacadistas são a área de abrangência e a forma de venda: os primeiros vendem apenas caixas fechadas e caixas-grade, contendo um mix pré-formado de 12 pares, enquanto que os segundos vendem as sandálias par a par.

“Achamos que um projeto pequeno, mas que gerasse bons resultados, seria muito mais fácil de ser expandido depois do que se tentássemos forçar a barra para um número maior de clientes logo de início”, afirma Ricardo Ammirabile Vianna, gerente Comercial da divisão de Sandálias da Alpargatas, responsável pelas Havaianas. “Não poderíamos, por exemplo, começar pelos atacadistas. Apenas o maior deles, o Martins, vende 13 milhões de pares por ano. Seria um impacto muito grande para um projeto-piloto”, pondera Vianna.

Ademais, ele explica que os grandes clientes já possuem sistemas de EDI, e a idéia com este projeto era justamente auxiliar o pequeno cliente, aquele que ainda não possuía nenhum sistema de previsão de vendas. “Basicamente, o que pretendemos é dar um auxílio aos nossos distribuidores para que eles gerenciem melhor suas compras, reduzindo os índices de ruptura de estoque e as sobras. Se eles compram melhor, nosso planejamento também fica melhor e todo mundo sai ganhando, porque estoque custa e é um ‘mico’ para eles e para nós”, resume o gerente. Assim, o piloto teve início com um distribuidor de São Paulo, um do Espírito Santo e um do Rio Grande do Sul.

Logística complicada

Toda a produção das sandálias Havaianas – de 480 mil pares por dia, que dá uma média de 12 milhões de pares por mês – é feita em uma única fábrica, localizada em Campina Grande (PB), que trabalha com carga total em quatro turnos. Para se ter uma idéia do aumento de demanda, há um ano ela empregava dois mil funcionários; hoje, são quatro mil. “Só paramos cinco dias ao ano: 1º de janeiro, 1º de maio, sete de setembro, Finados e São João, que no Nordeste é uma festa muito tradicional. Nem no Natal a produção pára”, reforçaVianna.

Em outubro de 2005, foram faturados 13,9 milhões de pares de sandálias, considerando os mercados interno e externo, e a previsão, no final de novembro, era fechar 2005 com uma venda de 150 milhões de pares.

Da fábrica, as sandálias vão para o único centro de distribuição da marca, que atende a todo o País, anexo à área de produção. Inaugurado em 2004, tem capacidade de estocagem de dez milhões de pares e de expedição diária de um milhão de pares. O CD é controlado pelo WMS SAGA, da S&A.

As entregas nacionais são todas rodoviárias, com frete CIF, e a localização, na Paraíba, embora excelente para a fábrica, devido aos incentivos fiscais e ao menor custo de mão-de-obra, é complicada para o CD. O transit- time para cargas fechadas é de cinco dias e o de carga consolidada fica entre nove e 11 dias, considerado elevado para produtos de alto giro. O lead-time total, do pedido à entrega nos clientes da Alpargatas (não no consumidor final), é de 30 dias.

De acordo com Vianna, os distribuidores trabalham com estoque médio de 28 dias e as entregas para o varejo por este canal são feitas em dois dias, sendo que alguns que entregam em 24 horas.

O mercado é maduro e os produtos têm comportamentos de venda muito diferentes, de acordo com o modelo e a região geográfica considerada. “Quanto mais ‘de moda’, maiores são as diferenças de

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