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História da MPB, Músicas dos Barbeiros

Por:   •  20/4/2021  •  Resenha  •  1.360 Palavras (6 Páginas)  •  242 Visualizações

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       História da MPB

                       Tinhorão: "Música Popular de índios, negros e mestiços"

  • Nome: Pedro Henrique Silveira Alvarez
  • Curso: Música e Tecnologia/manhã
  • Matrícula: 21187051001

CAPÍTULO 4:  A MÚSICA DE BARBEIROS DO RIO DE JANEIRO E DA BAHIA

Nesse capítulo, J. R. Tinhorão esclarece sobre a origem da música popular no Brasil e o motivo dela ser categorizada como popular. “No sentido de um som instrumental produzido por representantes das camadas mais baixas da população de cidades, com caráter reconhecível e original – é uma criação da segunda metade do século XVIII, e tem seu aparecimento ligado à evolução histórica dos dois maiores centros urbanos da colônia: Salvador e Rio de Janeiro.” (p. 95). O contexto histórico também é retratado no começo do capítulo, Bahia que contava com o aparecimento de numerosos focos da economia agrícola do país, tendo uma grande importância com os comércios e serviços e o Rio de Janeiro, responsável pelo escoamento das riquezas de Minas Gerais, por sua condição de cidade porto, tiveram suas funções urbanas ampliadas, o que gerou um processo de aceleração da urbanização das maiores cidades Brasileiras.

Dentre as profissões urbanas, que eram desempenhadas por negros livres, que poderia ser conquistado ou pago pela liberdade de trabalhar em atividades de caráter liberal, havia uma profissão que tinha ganhado um espaço de maior destaque, a profissão de Barbeiro. Os Barbeiros faziam serviços diversos de caráter manual, como arrancar dentes e aplicar sanguessugas. “Essas Especialidades, quase sempre praticadas em público, situavam os barbeiros numa posição toda especial em relação às profissões mecânicas ou às demais atividades de caráter puramente artesanal.” (p. 96). Explica- se também, que entre um freguês e outro, os barbeiros puderam aproveitar desse tempo para seu lazer. É importante deixar claro, que os negros da cidade, de uma forma geral, sempre trabalhavam cantando, porém os Barbeiros foram os primeiros aprimorarem técnicas instrumentais.  “Assim como tinham as mãos livres, a sua vocação musical podia desde logo dirigir-se para o aprendizado de instrumentos tecnologicamente mais avançados, como rabecas e trombetas. [...] Tornavam-se capazes também de conciliar seções de sopro, cordas e percussão.” (p. 97).

A estética musical dos Barbeiros era fora dos padrões que estavam acostumados, eram músicas gratuitas, não iguais as músicas escutadas em grandes teatros com grandes orquestras, como era o comum daquela época. Era um tipo de música alheia a qualquer preocupação de funcionalidade, somente a gosto estético. A música começara a virar entretenimento, e acabara sendo cada vez mais requisitadas em eventos e festas religiosas. Pela primeira vez, era dado valor a música dos Barbeiros. Essa popularização, a partir do século XIX, fizeram com que os conjuntos de músicos urbanos ficassem cada vez mais frequentes.    

É importante destacar também, os consumidores das músicas de Barbeiro, o público consumidor era formado especialmente por colonizadores portugueses e brancos descendentes de portugueses, que formavam a mais alta camada social da Colônia. Tal público tinha costumes trazidos pela tradição europeia das formas musicais da Idade Média, porém aceitaram a originalidade do estilo de tocar músicas que eram de caráter elitista e erudito, de forma popular. “os barbeiros do Rio de Janeiro tocavam valsas e contradanças francesas “em verdade arranjadas do seu jeito” (p. 100).  O interessante dessa parte do texto, é ler, que os barbeiros tiravam tais canções de ouvido, o que deixa em evidência o autodidatismo para conseguir reproduzir e até mesmo modificar, criando lundus e chulas populares elaboradas com referências das músicas escutadas anteriormente.

Com tamanha popularização das músicas de Barbeiros, que até então eram feitas por satisfação nas suas horas de lazer, tais instrumentistas que formaram grupos que tocavam regularmente em Igrejas, de forma fixa, e ninguém os obrigava a mudar de Repertório, logo, a música popular, se torna comerciável, e começa -se um processo de formação de Bandas de música em ambas as principais cidades imperiais.

Porém, tamanha popularização das músicas de barbeiro fez com que as músicas que eles cantassem, se tornassem populares fora das igrejas também, era imprescindível a presença de uma banda de barbeiros em qualquer festa, não mais só de cunho religioso, mas também em outros eventos populares. Uma das festas mais conhecidas de caráter popular, durante o segundo Império, era a “Festa da Glória” que ocorria no bairro da zona sul carioca, era um evento que juntava todas as classes pelas ruas do catete, desde homens e mulheres negros à importantes figuras do Império. “Assim, a presença dos músicos barbeiros tornava-se indispensável para dar representatividade ao lado popular da festa, uma vez que, na parte referente à elite, o toque oficial era garantido pela música das bandas militares, encarregadas inclusive de executar o Hino Nacional do alto dos coretos.” (p. 108)

No capítulo, até então, não é deixado claro que existem evidências certas de quando foi o fim da música de Barbeiros, porém, quando tinhorão escreve um trecho do livro de Mello Moraes Filho, que foi um historiador que nasceu por volta de 1843, deixa em aberto o fim das bandas de Barbeiro “Embora o autor não precise a data, isso se passava por volta de 1860, que é quando deviam remontar as impressões cariocas do autor nascido na Bahia em 1843. [...] chega -se à conclusão de que por esse final do século XIX, começava de fato a morrer no Rio de Janeiro (e em Salvador) a instituição popular de música de barbeiros” (p. 109)

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