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Melancton, Confissão De Ausburgo

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Por:   •  9/12/2014  •  Tese  •  3.757 Palavras (16 Páginas)  •  134 Visualizações

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No meio de pestes terríveis, de sucessivas guerras e lutas civis, numa conjuntura económica instável, a Igreja Católica parecia navegar à beira do abismo.

Antes de incidir especificamente sobre a Reforma, é preciso ter em conta o Grande Cisma de 1378, que dividiu o papado em 2 por 39 anos. Quando Gregório XI morreu, vários grupos de cardeais divididos entre si impuseram a divisão entre:

Avinhão à Clemente VII

França, Escócia, Castela, Aragão e o Reino de Nápoles Roma à Urbano VI

Restantes países europeus

Os dois pontífices e os dois sacros colégios excomungaram-se reciprocamente e procuraram subtrair países e reis à tendência adversa. A decisão de pôr fim a esta situação foi morosa e os próprios pontífices dificultaram as tentativas de reunião, especialmente Bento XIII, eleito em Avinhão em 1394.

O próprio clero e governo franceses decidiram diminuir o poderio de Bento XIII, mas ele continuou obstinado e só em 1407 é que concordou reunir-se com o seu adversário em Savona, conferência esta que nunca chegou a se realizar. Isto levou a que muitos cardeais de ambos os lados se separassem dos seus pontífices e convocassem um concílio em Pisa em 1409, onde tanto Bento XIII como Gregório XII foram considerados heréticos e depostos.

Foi eleito um novo papa, Alexandre V, que morreu no ano seguinte, sendo substituído por João XXIII. Como os outros papas não aceitaram abdicar, havia agora 3 papas. João XXIII aceitou convocar um novo concílio para Constança, mas também aqui houve conflitos entre o papa e a assembleia, acabando por renunciar ao pontificado. Com a eleição de Martinho V, em Constança (1417), a cristandade reencontrou a sua unidade.

O concílio de Constança não serviu apenas para acabar com o Cisma, mas também para acabar com as doutrinas hussitas e para renovar a Igreja e os seus membros. A anarquia que se vivia na cristandade fomentava o movimento conciliar, que subordinava a autoridade papal ao livre consentimento do povo cristão. É de notar, que neste concílio os padres agruparam-se e votaram por «nações», os doutores de direito e de teologia foram admitidos nos escrutínios e Martinho V foi eleito por um conclave, o que pode anunciar a reforma da Igreja. No entanto, o concílio terminou em 1418 sem qualquer unanimidade, mas com uma decisão fundamental: o papa foi considerado inferior ao concílio, que passava a reunir-se de forma regular e automática.

A vontade de reforma vinha essencialmente de base. O concílio de Basileia, considerado canónico por Eugénio IV em 1434, obteve importantes resultados:

- a França e a Borgonha reconciliaram-se

- os utraquistas da Boémia foram readmitidos na igreja romana

- as resoluções de reforma foram adoptadas em 1436

Contudo, Eugénio IV foi deposto e Félix V foi eleito em 1439, o que levou a um novo cisma. O novo papa só foi reconhecido por Basileia, Estrasburgo, Sabóia, Milão, Aragão e Baviera. Os moderados abandonaram a assembleia e o imperador de Constantinopla reconheceu Eugénio IV como papa. Este ganhou prestígio por ter conseguido reunira igreja grega e latina (1439). A sua morte em 1447 e a sua substituição pelo humanista Nicolau V aumentou o descrédito dos obstinados de Basileia e isolou Félix V, que abandonou a luta.

Os concílios não conseguiram a reforma da Igreja, tal como os papas que reinaram entre 1450 e a revolta luterana.

Os «abusos» na Igreja

No âmbito do concílio de Basileia, eugénio IV afirmava em 1434 que a vida eclesiástica estava em grande declíneo, e, de facto, os "abusos" de todos os géneros na Igreja foram durante o muito tempo a grande causa para a Reforma, porque quando ela surgiu, efectivamente se acumulavam benefícios, comendas e o absentismo.

Pico de Mirandola, Erasmo e Rabelais são alguns ilustres intelectuais de então que estigmatizavam a vida monacal. De facto, os religiosos são mal vistos, cheios de brutalidade e dados ao concubinato, até porque mesmo entre eles há conflitos:

- dominicanos contra franciscanos

- entre os franciscanos há dois grupos rivais: observantes e conventuais

- mendicantes contra seculares

O retrato que é dado sobre a instituição eclesiástica não é nada favorável:

- Os padres são pouco instruídos e pobres, tendo muitas vezes que vender os sacramentos para viver.

- Os locais de culto estão mal conservados

- Mau ensino da religião

- Os sacramentos são poucos e mal distribuídos

- Os bispos esquecem-se do seu papel, e de visitar as dioceses

- Praticam absentismo, até porque muitos são recrutados na nobreza e voluntariam-se na guerra

- Roma corrompida pelo luxo renascentista

- Os papas limitam-se ao silêncio e dão maus exemplos (Alexandre VI, papa simoníaco, cobre com a sua autoridade os crimes e a ambição do seu filho César)

- A liturgia perde o pé perante novas formas de devoção

- O politeísmo parece renascer

O medo da morte e do inferno faz com que os fiéis se abriguem sob o manto da Virgem e na salvação das indulgências compradas, banalizando assim a penitência. O ambiente é de grande inquietude e instabilidade pela caça às bruxas e pelos conflitos internos. Deste modo, não era possível resistir ao ataque do infiel, acabando por perder Constantinopla em 1453, tal como já acontecera com Nicópolis (1396) e Varna (1444).

PARTE CHAVE - Reforma e Contra-Reforma

A Igreja enfrentou nas piores condições possíveis o embate de Wittenberg. A partir do momento em que Frei Martinho Lutero afixou a 31 de Outubro de 1517 as suas 95 teses, a fractura da catolicidade aumentou com desconcertante rapidez. Menos de 4 anos depois, Lutero, o homem mais conhecido da Alemanha, foi excomungado, banido do império e protegido em Wartburg pelo seu protetor Frederico da Saxónia, onde começou a traduzir a Bíblia.

Regressou à Alemanha, onde encontrou caloroso apoio em humanistas, pequena nobreza, burguesia urbana e príncipes.

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