Nelson Rolihlahla Mandela
Bibliografia: Nelson Rolihlahla Mandela. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: LucianaCrra • 20/3/2013 • Bibliografia • 8.486 Palavras (34 Páginas) • 564 Visualizações
Nelson Rolihlahla Mandela (Mvezo, 18 de julho de 1918) é um advogado, ex-líder rebelde e ex-presidente da África do Sul de 1994 a 1999, considerado como o mais importante líder da África Negra, ganhador do Prêmio Nobel da Paz de 1993,[1] e Pai da Pátria da moderna nação sul-africana.[2]
Até 2009 havia dedicado 67 anos de sua vida a serviço da humanidade - como advogado dos direitos humanos e prisioneiro de consciência, até tornar-se o primeiro presidente da África do Sul livre, razão pela qual em sua homenagem a ONU instituiu o Dia Internacional Nelson Mandela no dia de seu nascimento, como forma de valorizar em todo o mundo a luta pela liberdade, pela justiça e pela democracia.[3]
Nascido numa família de nobreza tribal, numa pequena aldeia do interior onde possivelmente viria a ocupar cargo de chefia, abandonou este destino aos 23 anos ao seguir para a capital Joanesburgo e iniciar atuação política.[4] Passando do interior rural para uma vida rebelde na faculdade, transformou-se em jovem advogado na capital e líder da resistência não-violenta da juventude em luta, acabando como réu em um infame julgamento por traição, foragido da polícia e o prisioneiro mais famoso do mundo,[5] após o qual veio a se tornar o político mais galardoado em vida, responsável pela refundação de seu país - em moldes de aceitar uma sociedade multiétnica.[6]
Criticado muitas vezes por ser um pouco egocêntrico e por seu governo ter sido amigo de ditadores que foram simpáticos ao Congresso Nacional Africano, a figura do ser humano que enfrentou dramas pessoais e permaneceu fiel ao dever de conduzir seu país, suprimiu todos os aspectos negativos.[7]
Foi o mais poderoso símbolo da luta contra o regime segregacionista do Apartheid, sistema racista oficializado em 1948, e modelo mundial de resistência.[1][8] No dizer de Ali Abdessalam Treki, Presidente da Assembleia Geral das Nações Unidas, "um dos maiores líderes morais e políticos de nosso tempo".[9]
Mandela era um dos treze filhos de Nkosi Mphakanyiswa Gadla Mandela com Nosekeni Fanny,[13] a terceira esposa de seu pai.[6] Na sua casa moravam também muitos outros meninos, e dependentes da família.[4] Seus pais eram analfabetos.[16]
Muito influenciaram o jovem Mandela seu primo Alexander Mandela e sua sobrinha, que apesar disto era bem mais velha que ele, Phathiwe Rhanugu, que certamente foram os primeiros de seu clã a se tornarem professores.[4]
Tão popular quanto o regente Jongintaba, seu tio, era o reverendo Matyolo, da Igreja Metodista - no plano espiritual sendo mesmo superior àquele, ambos exercendo fascínio pelo poder e respeito que tinham, não somente entre os próprios negros como também com aos brancos.[4]
Somente mais tarde é que a figura dos chefes tribais foi mesmo questionada por Mandela, como agentes cooptados pelo governo branco. Também os missionários exerciam um papel na dominação, mas Mandela mais tarde registraria que "sempre considerei perigoso subestimar a influência dessas duas instituições sobre o povo, e, por essa razão, pedi repetidamente que tivessem cautela ao lidar com elas."[4]
Seu pai certa feita foi acusado de deixar fugir um boi e, recebendo a citação da justiça dos brancos, recusou-se a comparecer porque somente reconhecia a justiça tribal.[6] Ele era um chefe local e conselheiro do regente.[17] Sobre ele Mandela se recorda que era "orgulhoso e rebelde, com um senso obstinado de justiça que também detecto em mim".[6]
Mandela foi preparado pela família para ocupar um cargo de chefia tribal, deveria ter aceito um casamento arranjado, em que a noiva ser-lhe-ia indicada sem mesmo conhecê-la. Ele fugiu desse destino e, mais tarde, conjecturou que, se o tivesse aceito, "...hoje seria um chefe muito respeitado, sabe? Teria uma barriga bem grande, muitas vacas e carneiros."[4]
Recebe o nome de Rolihlahla Dalibhunga Mandela (em Xhosa: [xoˈliːɬaɬa manˈdeːla]); seu primeiro nome significa, em xhosa, algo como "agitador" - o que pode ser considerado profético[6] - já que a expressão quer dizer, no idioma natal zulu: "aquele que ergue o galho de uma árvore".[nota 2][18]
A educação inicial que recebera era, sobretudo, oral e aprendia não de modo sistemático, mas perguntando aos mais velhos. Desta forma cresceu observando os costumes, os tabus, os rituais. Aos cinco anos de idade começou a seguir outros meninos nas lidas do campo, longe dos pais, cuidando do gado.[4]
Naqueles tempos, após o jantar, era costume ter a mãe ou uma das tias a narrar velhas histórias, mitos, fábulas ancestrais.[4] Ouvia então contarem de reis lendários e heróis, como Dingane, Bambata ou Makana.[17]
Em 1925 passa a frequentar a escola primária existente na vila próxima de Qunu. É lá que recebe o nome "Nelson"[13], em homenagem ao Almirante Horatio Nelson,[18] dado por sua professora chamada Mdingane, atendendo ao costume de dar nomes ingleses a todas as crianças que frequentavam a escola; esta consistia num único cômodo, com teto de zinco e chão de terra.[19]
Era seu melhor amigo o filho do regente, chamado Justice.[17]
Aos nove anos de idade seu pai morre (1927), e Mandela é enviado para a vila real de Mqhekezweni,[17] aos cuidados do regente do povo Tembu, Jongintaba Dalindyebo.[13] Ali frequenta a escola, vizinha à residência real.[17]
Mandela sempre estudou em escolas wesleyanas:[20]
• Escola preparatória Clarkebury Boarding Institute, um colégio exclusivo para alunos negros da elite, dirigido pelo reverendo branco Cecil Harris,[21] que lhe permite uma visão mais ampla do mundo, para além dos horizontes rurais em que vivia, e Mandela acredita que irá cumprir os desígnios do Regente em se tornar um conselheiro real.[12]
Esta era uma instituição antiga e altamente conceituada na Thembulândia, pertencente à mais antiga missão wesleyana do lugar. Para a ocasião o Regente mandou sacrificar uma ovelha, na véspera de sua ida ao colégio, e houve canto e dança para comemorar. No dia seguinte o Regente levou-o até o colégio onde advertiu-lhe a tratar com respeito ao diretor, que gozava de consideração junto aos chefes locais. Foi então apresentado ao diretor Harris, que declarou tomaria providências para que o jovem trabalhasse no jardim, já que o trabalho manual após as aulas era obrigatório; estendeu a mão a Mandela que, com certo temor, tocou na mão de um branco pela primeira vez em sua vida.[12]
Mandela adaptou-se tão bem no colégio interno que concluiu em dois anos o curso de três.[12]
• colégio Healdtown, um internato[22] em Fort Beaufort, distante cerca de 250 km do palácio real; ali amplia inda
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