O MUNDO CAROLÍNGIO
Artigo: O MUNDO CAROLÍNGIO. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: Bolonaldo • 8/9/2014 • 1.835 Palavras (8 Páginas) • 284 Visualizações
“O MUNDO CAROLÍNGIO”
Sonia Regina de Mendonça
Na Alta Idade Média, a história do Ocidente era representada basicamente pela união entre o romano, o germânico e o cristão. Uma primeira característica disso, no campo econômico é a tendência romana de estender as vilas e tratar a escravidão de outra forma, os germânicos reforçaram isso, gerando um novo campesinato livre na Europa e uma igualdade entre escravos e camponeses livres, tornando todos servos. Fazendo com que a grande propriedade e a pequena exploração familiar convivessem.
Outra grande mudança foi a volta da escrita administrativa, uma vez que as ordens e decisões dos poderosos eram transcritos detalhadamente, tornando mais fácil para os historiadores conhecer todo o funcionamento do domínio carolíngio. A primeira característica, a divisão, que era feita em duas metades, uma reserva senhorial, que eram terras cultiváveis, incultas e a corte; esses espaços se originavam ao redor da corte, com diversas construções como celeiro, cocheira, estábulos e capela. E outra os mansos, destinados aos camponeses, que inclusive eram hereditários e livres, maiores e com obrigações mais leves; e servil, que impunha a um escravo tarefas mais braçais e permanentes, apesar dessas diferenças todos deveriam gerar uma renda fixa ao senhor.
Um dos pontos mais importantes dessa época é o rumo que a escravidão levou, já que não era própria para as culturas rurais, geralmente, cereais e vinha. Como os escravos tornaram-se desnecessários, a melhor alternativa foi mantê-los retirando seu próprio sustento da terra, com grandes jornadas de trabalho, os que melhor se encaixavam nesse papel eram os camponeses livres dos mansos. Então o interesse desse regime era manter sempre grande mão-de-obra disponível para, quando fosse necessário, trabalhar na reserva senhorial.
O comércio da Idade Média também tinha suas particularidades, como o cristianismo condenava o uso de dinheiro só aceitando o que fosse para abastecimento próprio ou partilha com vizinhos, foi necessário criar um regime de trocas para estabelecer o comércio. Isso gerou o aparecimento de novas cidades, voltadas especialmente para essa prática, se chamavam portus e se originavam ás margens dos rios mais importantes. Depois de algum tempo, essa civilização também fez uma reforma monetária, tornando a prata uma moeda de troca.
Os Bárbaros foram responsáveis pela criação e organização dos reinos como eles eram, sendo um soberano armado, o rei e seus guerreiros, os súditos. Nessa época a hierarquização tornou-se mais forte, por conta da economia, que com tantas mudanças, nivelou os trabalhadores de camadas inferiores, mesmo assim manter o poder monárquico acabou virando uma tarefa difícil pela extensão das vassalagens. A solução foi direcionar a atenção dos grandes proprietários, criando a hierarquia a partir deles e o resto da população seria governada, assim as políticas de juramento e de vassalagem se equilibrariam. A vassalização foi se consolidando e aumentando ao longo dos séculos e pode ser considerado o início do feudalismo. Só que o objetivo de centralização se tornou incoerente, pensando-se que, essa política ganhara tanto que seria difícil manter um império íntegro e acabando também com as doações de terra.
Nas relações de trabalho, o poder monárquico controlava o campesinato de forma indireta, criando um isolamento entre as duas áreas. Quem fazia parte desse mundo rural era o escravo, que tinha uma “dívida congênita”, os pagensi, pequenos proprietários juridicamente livres e os colonos, livres juridicamente, mas não proprietários. Toda a igualdade que foram tratados gerou uma fusão de todos em apenas um grupo dependente.
A construção é indissociável da ação da igreja que conseguiu manter sua organização administrativa praticamente intacta, o que ajudava a criar um laço de união entre todas as diferenças e desde 451 era a religião oficial dos imperadores romanos. A igreja,no século V, se tornou uma grande maquina administrativa dentro do próprio estado e na medida que este se desintegrava a igreja ia absorvendo as suas características a ponto de supera-lo e preserva-lo. A igreja passou a administrar seu próprio patrimônio, legitimando assim o seu papel social e permitindo que os fiéis conseguissem o perdão, este dado em troca de esmolas e doações territoriais. O cristianismo oferecia à milhares de homens decepcionados e inquietos a promessa de uma vida melhor.
A igreja durante os séculos VI e VII precisa intensificar os meios de manter o controle sobre o seu rebanho e a solução foi sofisticar sua hierarquia mediante a criação de paróquias rurais, o papel da diocese e do alto clero foi fundamental para a organização do reino merovíngio. Nos séculos VII e VIII um novo tipo de monasticismo onde a vida monástica passava a destinar-se aos que viam o mosteiro com uma escola para o serviço de Deus. O trabalho manual também foi elevado a categoria de oração a serviço de Deus o que se adequava a realidade e às estruturas básica sociais da época.
A expansão franca sobre o ocidente, realizada por Carlos Magno foi muito mais do que um mero crescimento territorial, representava também os anseios imperiais da época de buscar construir um só Estado e uma só igreja em perfeita harmonia, porém, a idéia de um só poder centralizado era estranha à mentalidade da época e Carlos Magno procurou usar a igreja como o “cimento” que tornaria possível a junção de seu vasto território.
A organização da Igreja foi complementada e fortalecida, juntamente com os poderes dos bispos, que controlavam e dirigiam os caminhos da fé, para não sofrer enfraquecimentos pela anarquia merovíngia. Para esse fortalecimento, foram criadas as visitações, que eram realizadas por representantes do bispo e inspecionavam até a vida pessoal dos padres utilizando-se de questionários, e também foram criados os sínodos, que eram reuniões para se julgar as visitações.
A mudança carolíngia não se limitou apenas à Igreja, mas também ao clero regular, e a liberdade de gerenciar os bens e escolher os abades, foi tirada dos mosteiros, colocando tudo em um padrão. A Igreja precisava se tornar mais rica, possuir mais bens e patrimônios flexíveis para conseguir fazer que o cristianismo se tornasse o padrão de todos, e para isso foram tomadas providências, entre elas: o pagamento obrigatório do dízimo, até para os não-cristãos; o fim da prática de usurpação das terras da Igreja e o fim da idéia de ter somente uma igreja responsável por todos os bens, fazendo com que houvesse uma individualização, com que os clérigos ganhando bens em
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