Os Debates contemporâneos sobre a memoria e o dever de memoria
Por: Leo Mendes • 10/7/2018 • Trabalho acadêmico • 815 Palavras (4 Páginas) • 221 Visualizações
Os debates contemporâneos sobre a memoria e o dever de memoria, perante a reformulação da relação entre memória e história trazem diversos desafios historiográficos.
O surgimento da ideia de memoria é recente se comparada à história, sendo que esta memória era uma resposta ao presentismo, ou seja, influenciada por questões do atual, modos de vivenciar determinadas situações, de acordo com peculiaridades individuais e questões sociais. E essa memoria, não pode ter seu valor exacerbado perante a história, pois a historia objetiva dos fatores anteriores carrega consigo uma legitimidade que não é apagada pela contemporaneidade.
Entretanto, em profundo paradoxo, não cabe a historia dar a decisão final, até porque esta não existe, o que nos remete a mais um desafio. Pois a historia em sua suposta rigidez, acompanha o surgimento de diversos tipos de memória, sendo a historia um guia do que ela não pode ordenar o final.
Nesse contraposto, na verdade não se deve identificar um conflito entre memória e história, sendo campo rico de trocas entre as duas, embora traga o medo da perda de controle do historiador sobre o objeto ou relação observada, onde a história permeada por memórias pode gerar novas memórias.
A película “Uma cidade sem passado” traz uma correta dimensão acerca dos desafios para a problematização da relação memória e história. De saber até onde elas interagem, bem como das questões que as distinguem. No filme, a historiadora busca chegar o mais próximo da verdade histórica de um tempo no qual ela não viveu, mas que outras pessoas estiveram presentes, usando de varias fontes como jornais, depoimentos documentos da época e também documentos em arquivos públicos, encontrando diversas dificuldades ao longo do tempo, em uma pesquisa de um passado que poucos queriam que viesse a tona, e que ao emergir trazia perigo a quem ele buscava e terceiros. Ou seja, sua busca se utilizava tanto da história, quanto da memória.
No filme, é mostrado que a busca pela verdade e para a construção do fato histórico nunca se da por completa, sendo sempre construída com muita luta, pois nem sempre a fonte a ser pesquisa é possível ou mesmo se essa é segura de informações (como a internet), sendo extremamente maleável, mudando de forma rápida e eficaz, fazendo com que busquemos sempre objetivar a verdade pautando por fonte seguras e confiáveis e até mesmo desconfiando dessas.
Nesse contraposto, na verdade não se deve identificar um conflito entre memória e história, sendo campo rico de trocas entre as duas, embora traga o medo da perda de controle do historiador sobre o objeto ou relação observada, onde a história permeada por memórias pode gerar novas memórias.
Sonja quando quer escrever a redação, diz querer escrever sobre a resistência de sua cidade, representando assim a memória vigente. Querendo preservar a história estabelecida ocultando certas coisas, surgindo a problemática de uma memória vergonhosa. Fato que se assemelha com o que dialoga Temístocles em sua palestra, que a partir dos eventos catastróficos e situações limites, surge a vontade de esquecer, turvando assim a representação histórica. A memória e o esquecimento se relacionam e escreve a história dessa cidade escolhendo o que vai ser "engavetado" pelo passado, com isso o esquecimento não está em oposição à memória, mas faz parte desta.
...