Por que ensinar história nos anos iniciais?
Por: MSSato • 8/12/2016 • Resenha • 954 Palavras (4 Páginas) • 719 Visualizações
Pensar a história, repensar seu ensino: por que ensinar o passado à infância brasileira?
A História, enquanto disciplina escolar, tomou como característica justificar as relações sociais no período depois da independência do Brasil ao invés de valorizar a capacidade reflexiva de processos sociais que iniciaram com o pais de fato independente. É importante enfatizar que não a disciplina escolar de história se relaciona com a história produzida anteriormente no ambiente acadêmico e com a temporalidade dos fatos produzidos por atores sociais no decorrer do tempo. Ensinar história é um “exercício de ensinar o passado na experiência contemporânea brasileira”
O professor deve compreender inicialmente que o ensino também é histórico. A historia da humanidade é marcada por diversas mudanças e transformações em todos os âmbitos sociais, e se hoje temos um ensino institucionalizado e organizado é porque mudanças e melhorias ocorreram. o ensino nem sempre foi da maneira que temos estruturado hoje em dia, e se hoje, falando do ensino de história, desde as séries iniciais os alunos tem noção de temporalidade, lugar, e spaço, fonte, presente, passado, e a capacidade de reconhecer, comparar, relacionar, identificar semelhanças e diferenças e compreender a vida na contemporaneidade associando-a a mudanças ocorridas historicamente, é porque houve estudo e uma compreensão da importância de se conhecer a história passada para compreender os fatos e a vida atual.
Em algum momento de nossa educação escolar nos deparamos com o estudo de “Pátria”, conhecer a bandeira do Brasil, entender o que cada cor ou símbolo representa, estudar o hino nacional e compreender o que cada parte significa e como se coloca dentro da história. Todos esses símbolos nacionais foram parte importante na educação brasileira no fim do período republicano, firmando a vivência no período da República. tudo isso com o objetivo de registrar um passado homogêneo para os brasileiros. O ensino da historia da nação visava criar um sentimento de pertencimento a uma nação, e esse projeto marcou a institucionalização da história desde a época do império onde nas “escolas de primeiras letras” deveria-se introduzir leituras da Constituição do Império e da História do Brasil. Com isso visava-se a a compreensão do Brasil enquanto pais, criando um espírito de pertencimento a uma nação e um entendimento que apesar da longa expansão territorial, eram todos partes do mesmo espaço, cidadão da mesma nação. Surgem aí questionamentos de como se escrever a historia de um pais que em maior parte de seus anos havia sido uma colônia.
Em 1831, Henrique Luiz de Niemeyer Bellegarde tem seu livro “Resumo de História do Brasil até 1928” editado e passa a ser um manual didático para ensino e sistematização da história em ambiente escolar, pois o autor consegue, de maneira bastante clara e objetiva, dividir em períodos a história do Brasil desde o seu descobrimento até o fim da colônia. Passava-se a ideia de que os brasileiros eram um povo pequeno e sem recursos, mas cheios de patriotismo. O livro de Bellegarde serviu para o ensino primário e secundário nas escolas da época. Foi útil por narrar a história do Brasil e marcou o ensino de história subsequente por relacionar Pátria a Nação. Bellegarde, em sua narrativa fundamentava uma histórica romântica patriótica, mas após a década de 1860 cria-se um modelo de Historia da Nação, legitimado pelo Império, trazendo a perspectiva de autores brasileiros, e não português como era Bellegarde. Esperava-se que esses autores nacionais pudessem escrever a sua história, trazendo uma nova visão e definição para “Nação Brasileira”. Mas falar sobre “Pátria” nesse período envolvia diversos aspectos que deveriam ser levados em consideração, a começar por definir o “povo” dessa nação. Estávamos em um período pós colonial, então não tínhamos um povo brasileiro de fato constituído, mas tínhamos diversos povos habitando o Brasil, a Corte portuguesa, os portugueses, os negros, os indígenas, e os demais povos colonos.
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