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Quebradeiras De Coco

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Por:   •  10/10/2013  •  7.053 Palavras (29 Páginas)  •  648 Visualizações

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Área de interesse: Economia Regional e Agrícola Título do artigo: Quebradeiras de coco babaçu: uma atividade sustentável? Nome completo do(s) autor(es): Jurema Regueira Arabyan Monteiro Rosa Minicurrículo(s): Mestre em Geografia pela UFPE (2011) na área de Regionalização e Análise Regional com ênfase em Organização e Dinâmicas Espaciais: Teorias e Aplicações Regionais . Economista graduada em 2004 pela mesma Universidade. Possui experiência em consultoria econômica pela CEPLAN desde 2004, tendo interrompido as atividades apenas no período dedicado exclusivamente ao mestrado (março de 2009 a fevereiro de 2011). Entre as atividades desenvolvidas durante este tempo estão: elaboração de metodologia e de diagnósticos socioeconômicos, principalmente nas áreas de regionalização, mercado de trabalho, comércio exterior, economia regional e urbana. E-mail: jurema@ceplanconsult.com.br / jurema.regueira@gmail.com

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Quebradeiras de coco babaçu: uma atividade sustentável?

RESUMO O presente trabalho pretende mostrar a atual importância econômica do babaçu para o Estado do Maranhão e apontar possibilidades de desenvolvimento sustentável da produção desta atividade extrativista a partir do trabalho das quebradeiras de coco babaçu, especialmente localizadas neste estado. Para tanto, foram utilizadas estatísticas do IBGE e pesquisa primária, além da análise de estudos já realizados sobre o assunto. Do coco de babaçu é possível obter inúmeros subprodutos, no qual o óleo extraído da amêndoa é o mais importante, apesar da baixa produtividade em relação as seus substitutos diretos (como o óleo de soja). Embora muitos estudos revelem a decadência da economia do babaçu, o modo de produção e vida sustentável dos principais trabalhadores, majoritariamente da agricultura familiar, revelam formas de organização e reprodução alternativas importantes que precisam ser reconhecidas e apoiadas pelas políticas públicas. Acrescenta-se ainda no contexto das quebradeiras de coco de babaçu a importância da manutenção e reprodução do movimento sociocultural que delas emerge, que incluem tradições familiares que respeitam a natureza e as mulheres. Palavras-chave: Economia do babaçu, quebradeiras de coco babaçu, Maranhão e desenvolvimento sustentável.

ABSTRACT This present article aims to show the economic importance of the Babassu nut for the State of Maranhão and to point out the possibilities to develop durable extractivist production with the work of the women known as quebradeiras, Babassu nut brakers, specially located in this State. For such a work primary research and data from IBGE were used along with the analysis of some studies already done on this subject. From Babassu nut it is possible to obtain oil and a number of other products, being oil the most important of all, despite its low rentability compared to substitutes such as soy oil. Although some studies show the economic decadence of Babassu extrativism, the workers sustainable living, mainly issued from family agriculture, reveal modes of prduction and community work organization that need to be recognized and supported by the public policy. Moreover, the extrativism of Babassu shows high importance of the reproduction of the nut braker women sociocultural mouvement and its lifestyle that includes family traditions and lifelong cultural heritage revealing respect of women and nature. Key words: Babassu economy, Babassu nut braker women, State of Maranhão, sustainable development JEL: Q23

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1. Introdução

O babaçu é uma palmeira oleaginosa (Orbignya phalerata) nativa do Brasil presente na zona de transição entre as florestas úmidas da bacia amazônica e as terras semiáridas do Nordeste, e em parte do cerrado brasileiro. Os principais estados produtores são o Pará, Tocantins, Maranhão e Piauí havendo ainda ocorrências de babaçuais na Bahia, Ceará e, com menor expressão, em outros Estados (ver Figura 1). O Maranhão concentra 70% dos babaçuais do país, com cerca de 10 milhões de hectares. O Estado do Piauí junto com o Maranhão contribuem atualmente mais de 90% da produção de coco e amêndoas de babaçu e possuem a maior densidade de palmeiras por hectare (mais de 200 árvores por hectare) segundo pesquisas do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA, 2007 e 2009).

Figura 1: Municípios com estabelecimentos agropecuários que registraram coleta de coco e amêndoa de agropecuários babaçu – 2006 Fonte: IBGE - Censo Agropecuário, 2006 (cartografia do Sistema IBGE de Recuperação Automática - SIDRA)

A palmeira do babaçu chega a atingir 20 metros de altura com folhas de 6 metros de comprimento pouco arqueadas. Começa a dar frutos a partir do 8º ano de vida, mas alcança a produção máxima aos 15 anos, vivendo aproximadamente 35 anos. Seus frutos disponíveis em até seis cachos por palmeira (numa copa com formato de taça), agrupados de 150 a 300 cocos, podem ter entre duas e seis amêndoas em cada coco. Embora a safra do babaçu ocorra, no território maranhense, entre os meses setembro e março é possível colher babaçu o ano inteiro devido a grande extensão e dispersão das florestas e resistência dos cocos ao tempo, os quais se encontram caídos aos pés das palmeiras (MDA, 2007 e 2009).

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Figura 2 – Foto da palmeira do babaçu Fonte: Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu – MIQCB (http://www.miqcb.org.br/galeria)

O coco de babaçu que possui entre 90 e 280 gramas é constituído por quatro partes (Figura 3): a amêndoa representa 7% do volume do coco, o mesocarpo 23%, o endocarpo 59% e o epicarpo (casca) 23%. Todas as partes que compõem o babaçu possuem potencial produtivo e podem agregar valor sendo transformado em subprodutos artesanais ou industriais.

Cortes: (a) transversal e (b) longitudinal Componentes: a - epicarpo, b - mesocarpo, c - endocarpo e d - amêndoa

Figura 3 – Coco de babaçu com corte transversal e longitudinal Fonte: Teixeira, M. A. 2002. Biomassa de babaçu no Brasil. In: AGRENER 2002. Anais do 4º Encontro Energia no Meio Rural. NIPE-UNICAMP, Campinas: 210 – 220.

A partir do coco de babaçu é possível obter inúmeros subprodutos, no qual o azeite extraído da amêndoa é o mais produzido e o que tem maior valor comercial. Embora muitos estudos revelem a decadência da economia do babaçu, o modo de produção e vida sustentável dos principais trabalhadores, majoritariamente da agricultura familiar, revelam formas de organização e reprodução alternativas

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