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Uma palavra do autor

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Por:   •  12/1/2014  •  Seminário  •  1.559 Palavras (7 Páginas)  •  262 Visualizações

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Umas palavras do autor.

Nos princípios do decénio de 1960 começou a ser publicada literatura de autores de diferentes continentes sobre a história da África e as relações Europa-África. Esses autores atacaram e destruíram preconceitos racistas e deram ao mundo uma imagem nova do continente africano e dos seus povos. Escritores como Basil Davidson, Charles R. Boxer, Walter Rodney, José Capela e muitos outros puseram pela primeira vez à disposição do público, a verdade sobre o colonialismo e o comércio de escravos de África. Mas mais de trinta anos passaram desde que estes livros foram publicados e os conhecimentos então actuais estão agora muitas vezes bem reduzidos.

O “Comércio de escravos e racismo: o berço do capitalismo” é baseado nesses livros e outros estudos e tem como fim dar uma descrição do comércio de escravos em África – a maior imigração da história da humanidade – e fazer que o leitor se interesse e continue a aumentar os seus conhecimentos sobre o tema. Esses conhecimentos são importantes para todo aquele que se quiser orientar nas lutas politicas do mundo em que vivemos e sobretudo na luta contra o racismo. O papel da igreja cristã aqui revelado é importante para a explicação da vitória dos negreiros e colonialistas e do aparecimento do racismo no mundo.

Uma parte do artigo está talvez muito dedicada ao papel de Portugal em África. A razão disso é evidente, os portugueses foram os primeiros europeus a chegarem a África ao sul das Canárias, explorando sozinhos grandes partes das costas africanas durante quase um século.

O “Comércio de escravos e racismo: o berço do capitalismo” foi escrito para o jornal Comunista sueco “Proletären” como uma série de 7 artigos em Julho de 1997. A tradução para português não é da melhor qualidade. Se alguém com bons conhecimentos da língua portuguesa quiser melhorar a nossa tradução aqui fica o nosso profundo agradecimento.

Mário Sousa

mario.sousa@telia.com

Para a história do tráfico europeu de escravos de África.

De 1441 a 1900

Comércio de escravos e racismo:

o berço do capitalismo

Foram caçados como animais, aprisionados aos milhares, marcados com ferros em brasa, vendidos, transportados sobre o oceano Atlântico e vendidos mais uma vez, em leilão em praça pública, para o trabalho escravo nas minas e plantações no continente americano.

Falamos dos 50 milhões de africanos que num período de 450 anos – a partir de meados de 1400 até a meados de 1900 – foram vítimas do comércio europeu de escravos.

No jornal sueco “Proletären”, do Partido Comunista – KPML(r), no verão de 1997, Mário Sousa escreveu a história do comércio de escravos - como o comércio de seres humanos esteve na origem da riqueza e do capitalismo na Europa e como destruiu civilizações e culturas superiores desenvolvidas em África.

É uma história dramática e terrível, com muitas vítimas e muitos criminosos. O cristianismo joga um papel especial e pouco lisonjeiro no contexto.

A Igreja Cristã, Católica e Protestante, abençoou o comércio de escravos. ”Cada um que participar desta guerra receberá o perdão de todos os seus pecados”, como está escrito na bula Papal. E não só. A Igreja também participou activamente no comércio de escravos.

Da mesma maneira também todas as casas reais da Europa investiram e ganharam muito dinheiro com o comércio esclavagista.

Também a casa real da Suécia. O facto é que a actual Coroa sueca, herdeira dos Bernadottes, através do seu ancestral o rei Karl XIV Johan, possuía enormes rendas do comércio de escravos na Índias Ocidentais.

”Cada um que participar desta guerra receberá o perdão de todos os seus pecados…”

Papa Eugénio IV, 1441.

O Infante D. Henrique e as caravelas

Tudo começou no ano de 1441. Antes desta data e durante muitos anos já o comércio de escravos era um empreendimento com bons lucros em todo o continente europeu. Os ricos na Europa compravam escravos, brancos e negros, aos negreiros do norte da África, para trabalhos nas propriedades rurais e em serviços domésticos. Por seu lado os europeus por exemplo de Veneza e Génova, vendiam escravos cristãos aos monarcas do Egipto e de outras nações do norte de África. Ninguém tinha poder ou queria terminar com o comércio de seres humanos. Até mesmo reis europeus cristãos com escravos cristãos.

Os Papas Clemente V e Martinho V ameaçaram com excomunhão, expulsão da igreja e do reino dos céus, a todos aqueles que vendessem escravos cristãos aos ”infiéis”. Mas, as ameaças dos papas não deram resultado.

Mas em 1441 ocorreu algo que iria mudar o rumo da história para todo o continente africano. O príncipe Infante D. Henrique despachou de Portugal um navio sob o comando de Antão Gonçalves com ordens de velejar ao longo da costa atlântica de África, passar o cabo Bojador e encher os porões com peles e óleo de leão-marinho. A tarefa foi cumprida por Antão Gonçalves a contento e com boa margem de tempo.

Mas Antão Gonçalves não ficou por aí. Há tempos que desejava subir no conceito do seu amo, e por isso mesmo queria levar para Portugal algo especial para lhe dar como presente. Antão Gonçalves decidiu desembarcar na costa e aprisionar africanos para levar para Portugal como escravos. Desembarcou com nove homens da guarnição e iniciou a procura. Penetraram uma longa distância na terra africana mas sem resultado.

Quando os portugueses já tinham desistido do empreendimento e voltavam para o barco avistaram finalmente

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