A Construção Imaginária da Lenda Arturiana
Por: Nira Sales • 15/8/2019 • Artigo • 4.086 Palavras (17 Páginas) • 196 Visualizações
A Construção Imaginária da Lenda Arturiana
Yaponira de Sales Silva (Graduando – UEPB/Campus Guarabira)
Kyanne Maria Alves Silva (Graduando – UEPB/Campus Guarabira)
Orientador: Prof. Me. Auricélio Soares Fernandes (Mestrado – UFPB)
Resumo: O presente pretende discutir de forma elucidativa algumas versões históricas e literárias do lendário Rei Arthur a exemplo da adaptação fílmica King Arthur (2004), do cineasta David Franzoni em comparação com o romance O Rei Arthur e os Cavaleiros da Távola Redonda, de Howard Pyle, ambos romance e filme apresentam diferenças entre si e são justamente esses pontos de convergência e divergência que iremos discutir ao decorrer do artigo.
Palavras chaves: Rei Arthur – Adaptação – Romance e Filme
Introdução
O Rei Arthur é um personagem lendário britânico e suas histórias são conhecidas e famosas no mundo inteiro. De acordo com o seu histórico, com as lendas que conhecemos e pressupondo que ele realmente existiu, Arthur foi um guerreiro valente, destemido, honrado e respeitado por todos. Alguns historiadores afirmam que a sua origem, mesmo sendo enevoada, provenha de um herói que viveu a mil anos em um período conhecido como idade das trevas, por sua existência intervir de acontecimentos lendários. Entretanto, outros desconhecem sua origem e acreditam que a mesma é imaginária.
Autores como o renomado Geoffrey de Monmouth, descreve Arthur como rei dos bretões. Em seu livro Historia Regum Britanniae (História dos reis da Bretanha), de 1136, relata claramente os feitos heróicos do rei, sua morte e as inúmeras guerras existentes naquela época, foi uma obra muita famosa na Idade Média que serviu de base para as pesquisas do autor e ilustrador Howard Pyle em seu livro O Rei Arthur e os Cavaleiros da Távola Redonda e do monge normando Wace, também conhecido como Guace ou Wistace, que desempenhou um papel de grande importância, pois, reescreveu a História de Monmouth no seu Roman de Brut (1155) possibilitando que a história de Arthur se tornasse mais conhecida. Além, desses autores o escritor francês Chétien de Troyes é considerado por críticos o inventor do romance arturiano e adicionou novos elementos às historias de cavalarias a exemplo Le Chevalier de La charrete (Lancelot) e convenhamos também mencionar Le morte d’ Arthur (1485) do escritor inglês Sir Thomas Mallory, pois suas histórias mantiveram uma continua notoriedade a cerca da lenda do Rei Arthur.
Segundo David F. Carroll (1996), na sua obra Arturius: a quest for Camelot, ele procura mostrar as possíveis provas da existência do Arthur que todos buscam saber e qual realmente existiu: o Arthur real e o imaginário (lendário).
É a partir desses pressupostos e com base nesses autores que já foram citados que discutiremos as obras bem como a adaptação fílmica King Arthur (2004), do cineasta David Franzoni e o romance O Rei Arthur e os Cavaleiros da Távola Redonda, de Howard Pyle.
- História e Ficção
Dentre todas as versões que há envolvendo a realidade e o imaginário no que diz respeito à existência da figura do Rei Arthur, fica a critério do leitor formar suas próprias “concepções” sobre sua identidade. Afirmar que o rei Arthur existiu verdadeiramente não seria pertinente, pois não se sabe ao certo como comprovar essa idéia, entretanto, no mundo da ficção e da literatura tudo é concebível, segundo Aristóteles “enquanto a história narrava o que realmente tinha acontecido, o que podia acontecer ficava por conta da literatura”, no entanto, a mesma (literatura) não desconsidera o tempo presente, e as possibilidades do mundo real.
São inúmeras as obras que surgiram, tendo como objetivo e inspiração o desdobramento a cerca de quem foi esse ser mítico. Apesar destas inúmeras adaptações artísticas sobre a lenda arturiana não se pode comprovar qual é realmente a verdadeira ou fruto do imaginário, mas, foi através da obra de Geoffrey de Monmouth, Historia Regum Britanniae (História dos Reis Britânicos) que o Rei Arthur tornou-se popular no mundo inteiro. Esta obra também foi tida como ponto inicial para outras posteriores, influindo Howard Pyle a escrever o livro O Rei Arthur e os Cavaleiros da Távola Redonda, bem como o monge normando Wace ao transpor em versos a historicidade de Monmouth adaptando-a do latim ao francês em seu Roman de Brut, tornando a história mais viável e onde faz menção pela primeira vez à Távola Redonda e divulga Excalibur como a imbatível espada do rei.
Entretanto, não foi somente no campo da literatura que as histórias do Rei Arthur e a os cavaleiros da Távola Redonda ganharam vida, mas obteve também olhares direcionados às artes fílmicas, a exemplo disto temos King Arthur (2004), do cineasta David Franzoni, uma das mais conhecidas adaptações cinematográficas que nos apresenta outra visão do ser Arthur, configurado não como o rei cujo direito é recebido depois de um feito profético e almejado por todos que desejavam torna-se rei da Bretanha.
- A realidade incorporada na literatura
A definição de literatura está intimamente ligada à forma artística de representação da realidade. De acordo com Todorov: “A literatura é uma linguagem não instrumental e o seu valor reside nela própria” (TODOROV, 1978: 8). Por isso, é preciso analisar a verossimilhança no conteúdo de uma obra literária e fatos da realidade, tendo em vista a independência desses dois conceitos (literatura e realidade).
Tanto no filme King Arthur quanto no livro O Rei Arthur e os Cavaleiros da Távola Redonda, ambos os autores David Franzoni e Howard Pyle criam outras realidades artísticas, que não podem ser analisadas como se estivessem diante do mundo concreto, mas sim, de um mundo fictício ou imaginário.
“(...) E perto de Arroy fica uma terra encantada que já foi vista muitas vezes. É uma terra realmente maravilhosa, pois há nela um lago amplo e impressionante que também é encantado. E no meio desse lago tem às vezes emergido o que parece ser um braço de mulher, lindo e ricamente adornado com seda branca, cuja mão segura uma espada de tão incrível esplendor e beleza que nenhum olho jamais viu nada como ela”. (PYLE, pág.66)
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