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A História Da Escola De Frankfurt E Do Instituto De Pesquisas Sociais

Por:   •  21/4/2023  •  Monografia  •  1.527 Palavras (7 Páginas)  •  94 Visualizações

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Imaginação dialética: história da Escola de Frankfurt e do Instituto de Pesquisas Sociais 1923-1950, Jay Martin

Para Martin Jay, a questão da verdade materialista (e dos dogmas do materialismo) sempre foi uma preocupação primordial desde o início dos trabalhos de Adorno e Horkheimer. Neste sentido, a saída encontrada pela Escola de Frankfurt se afasta, entre outros, do marxismo vulgar e mesmo de alguns pontos do marxismo que se autoproclamou ortodoxo. Para Jay, o materialismo frankfurtiano não era o materialismo que partia da hegemonia da infraestrutura econômica da sociedade, não era o antônimo do espiritualismo (uma espécie de negação da transcendência) e não comprava o ideal das certezas absolutas — em outras palavras, o marxismo frankfurtiano é um marxismo singular.

Como descrito por Jay: "com a introdução da psicanálise no Instituto, a era Grünberg claramente chegou ao fim" (Jay, Martin, 2008, p.66). A inclusão de Freud como um dos pilares que sustentariam as teorias do Instituto demonstrava, por um lado, a escolha do Instituto em trabalhar com a dimensão da superestrutura cultural e, portanto, também com análises psicológicas, além de denotar uma vontade de usar as teorias marxistas de uma maneira que o Instituto não se limitasse a elas. Através dos estudos freudianos sobre o inconsciente e a autoridade, o Instituto foi capaz de relacionar a subestrutura econômica à superestrutura cultural, constatando a presença da mesma racionalidade dominante na economia, também na esfera cultural.

Marcadamente, uma das principais motivações para os colaboradores do Instituto e, sobretudo para Horkheimer, era desenvolver uma teoria que ajudasse no combate à injustiça social e à pobreza. Eles viam o capitalismo, assim como Marx, como sendo uma das principais fontes dessa injustiça e, dessa forma, buscavam meios de transcender a realidade de exploração e opressão do capitalismo.

A psicanálise poderia fornecer o elo que faltava entre a superestrutura ideológica e a base socioeconômica. Em suma, poderia consubstanciar a ideia materialista da natureza essencial do ser humano. (Jay, Martin, 2008, p.139)

A tarefa de uma psicologia social analítica era compreender o comportamento motivado pelo inconsciente em termos do efeito da subestrutura socioeconômica nas pulsões psíquicas básicas. (Jay, Martin, 2008, p.140)

Com a tomada do poder pelos nazistas, em 30 de janeiro de 1933, o futuro de uma organização confessadamente marxista, quase exclusivamente composta por homens de ascendência judaica - pelo menos segundo os padrões nazistas -, era obviamente sombrio. (Jay, Martin, 2008, p.67)

Em setembro de 1933 foi publicado o primeiro número parisiense do Zeitschfrit. O período inicial do Instituto, na Alemanha, chegara ao fim. Na breve década decorrida desde sua fundação, ele havia reunido um grupo de jovens intelectuais com talentos variados, dispostos a coordená-los a serviços das pesquisas sociais, tais como concebidas pelo Instituto. Como vimos, os primeiros anos em Frankfurt foram dominados pelas ideias de Grünberg, mas, sob a direção dele [Horkheimer], o Instituto ganhou solidez estrutural e se firmou na vida intelectual de Weimar. (Jay, Martin, 2008, p.69)

Em oposição a esta razão subjetiva, calculista e vinculada à busca de meios para fins já estabelecidos, Horkheimer apregoava pela razão objetiva, tal como postulada pelos ideais progressistas do Iluminismo; uma razão autônoma que abarcasse tanto a determinação dos meios como dos fins, como forma para se chegar à libertação do homem e da natureza.

Fosse como fosse, a visão geral de uma mudança de um sistema econômico liberal, para um monopolista e, por sua vez, novamente modificado para um sistema determinado pelo Estado, fortalecia o capitalismo e tornava-o um sistema (praticamente) inquebrantável. Como descrito por Jay: "Outras fontes de possível instabilidade do sistema incluíam as limitações de recursos e de capacidades, bem como o atrito que poderia surgir entre as demandas populares por um padrão de vida melhor, de um lado, e as necessidades de uma perene economia de guerra, de outro. Ainda assim, a tendência geral foi vista por Pollock apontava para a proliferação e o fortalecimento das economias capitalistas de Estado. (Jay, Martin, 2008, p.207)

Para os autores da Escola de Frankfurt, o liberalismo tinha uma tendência intrínseca a reduzir a racionalidade da autoridade política, acarretando paulatinamente na ampliação de instituições autoritárias, podendo ou não tornar-se um regime expressamente autoritário. Como mencionado por Jay: "o totalitarismo, como sempre insistiu o Instituto, era um subproduto do liberalismo, e não seu avesso" (Jay, Martin, 2008, p.365).

Os chamados hegelianos de esquerda logo foram eclipsados pelo mais talentoso do grupo, Karl Marx. (Jay, Martin, 2008, p.83-84) Dessa maneira, pode-se afirmar que o conceito de Teoria Crítica não era algo novo no pensamento da filosofia social e política alemã. Porém, como decorrera quase um século desde sua gênese, ele havia se tornado algo distante do uso que Marx o impusera. Com efeito, Horkheimer e seus colaboradores ajudaram a revitalizar esse conceito tão caro ao pensamento marxiano, adaptando-o às mudanças ocorridas na sociedade ao longo desse período.

Não apenas havia o descontentamento no modo como a União Soviética se apropriou do marxismo e o transformou em um regime totalitário, assim como havia um desagrado e uma busca pelo entendimento do por que o proletariado alemão não era capaz se unir e lutar contra a dominação do capital. Como explica Jay: "a teoria crítica fora desenvolvida, em parte, em resposta ao fracasso da teoria marxista tradicional para explicar a relutância do proletariado em cumprir seu papel histórico" (Jay, Martin, 2008, p.166).

Primeiramente, Horkheimer buscou refutar a Teoria da Identidade de Hegel, tal como o próprio filósofo havia proposto, que afirmava que "todo conhecimento é um autoconhecimento do sujeito infinito - em outras palavras, de que existe uma identidade entre sujeito e objeto, mente e matéria, baseada na primazia do sujeito absoluto" (Jay, Martin, 2008, p.89)

O conceito

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