A Recensão Crítica Como Género Textual
Por: marc2015 • 12/1/2016 • Pesquisas Acadêmicas • 3.656 Palavras (15 Páginas) • 2.580 Visualizações
FACULDADE DE LETRAS DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA |
A Recensão Crítica como género textual |
Análise de um exemplo na revista Colóquio Letras |
Teresa Sousa |
Metodologia do Trabalho Científico – Línguas Modernas – 1º Semestre Professor Doutor Rogério Madeira |
Ano lectivo 2011/2012
Índice
Introdução
Recensão Crítica – Características Fundamentais
Conceito de Recensão Crítica
Recensão Crítica e Artigo Científico
Definição de Recensão
Função
Componentes
Estrutura
Características
Comentário Crítico ao Conceito de Recensão Crítica
Recensão Crítica - “Ensaio Sobre a Cegueira”, de José Saramago -, na revista Colóquio Letras, por Fernando Venâncio
Recensão Crítica a “Ensaio Sobre a Cegueira”, de José Saramago na revista Colóquio Letras, por Fernando Venâncio – análise de um exemplo
Conclusão
Bibliografia Primária
Bibliografia Secundária
Resumo
Introdução
O estudo da Recensão Critica, como género textual, mostra-se um importante instrumento no âmbito do trabalho académico, pois poderá traduzir-se, quer num guião de análise de Recensões Críticas, quer num instrumento que conduzirá à redação destas, tendo em conta o “lugar intermédio que ocupa”, segundo Rolan Barthes, “entre a atividade literária e a leitura” (apud Recensão in Infopédia).
O trabalho vai ser organizado essencialmente em dois capítulos: o primeiro deter-se-á numa análise do conceito de Recensão e o segundo centrar-se-á na análise de uma Recensão Crítica. Partindo de uma abordagem analítica desta, como género textual, vai proceder-se, inicialmente, a um comentário sobre as suas características fundamentais, enfatizando-se o conceito, tendo em conta a sua origem etimológica e a consequente significação que o releva no mundo literário. Por outro lado, serão realçadas indissociáveis regras vigentes que guiam a construção rigorosa de uma Recensão Crítica, pois se quem a vai analisar não a souber redigir integramente, tão-pouco vai ter capacidades para analisá-la. Seguidamente, mostra-se preponderante distinguir Recensão de outros textos congéneres, mais concretamente do Artigo Científico, já que apesar das semelhanças e do rigor científico que ambos requerem, mostra-se essencial distingui-los e saber com exatidão no que consistem. Segue-se uma proposta de definição de Recensão Crítica, tendo em conta as suas funções, componentes, estrutura e características. Por último, nesta parte de enquadramento teórico-conceptual, vai proceder-se a uma pequena referência ao exemplo escolhido para analisar – Recensão Crítica a “Ensaio Sobre a Cegueira”, de José Saramago, na Revista Colóquio Letras, por Fernando Venâncio –, tendo em conta as fontes e os autores quer da obra, quer da recensão.
A última parte da investigação traçar-se-á de forma a transparecer uma análise do exemplo em questão da revista Colóquio Letras.
Recensão Crítica – Características Fundamentais
Conceito de Recensão Crítica
"A maior desgraça que pode acontecer a qualquer escrito que se publica, não é muitas pessoas dizerem mal, é ninguém dizer nada." Nicolas Boileau
Começando a abordagem de um ponto de vista etimológico, Recensão, segundo a Infopédia, vem do latim recensionem (enumeração) – cencionem (verbo censeo) que significa avaliação (Recensão In Infopédia 2011)[1]. Já Crítica, o adjetivo que advém do grego kritikós, designa «actividade que consiste em julgar, apreciar ou dar opiniões» (apud Casanova 2008: 1). Poder-se-á ainda relevar que a expressão Recensão Crítica foi, segundo Carlos Ceia, utilizada pela primeira vez pelo filósofo Friedrich von Schlegel (apud Casanova 2008: 1).
A Recensão Crítica é mencionada por diversos autores como uma atividade que implica rigor por parte do Crítico já que este deve fazer uma «leitura atenta e cuidada» da obra (Ana Azevedo e Carlos Azevedo 2008: 73). O seu trabalho é fundamentado na verdade em prol do leitor para que este fique bem «informado acerca do valor geral da obra» (ibidem p. 73), tendo em conta a isenção e integridade da crítica ficando, assim, com uma «noção exata (…) do objeto de apreciação» (Recensão In Infopédia 2011).
Por outro lado, há autores que relevam uma opinião negativista da Crítica Literária, a título de exemplo Eça de Queirós (Crítica in Citador)[2] enfatiza:
«As obras de arte devem falar ‘por si mesmas’, explicar-se ‘por si mesmas’, sem terem necessidade de pôr ao lado um cicerone. Acompanhar um livro de versos de crítica ‘já feita’ é querer impor um guia à emoção do leitor. O leitor detesta isso.»
Isto mostra-nos o reverso da medalha, pois se, frequentemente é concebida como «a escola do gosto» ou «teoria da produção literária» (Macherey apud Recensão in Infopédia 2011), confrontando-a com esta concepção podem delinear-se os terrenos movediços em que se situa a Crítica, que se não tiver tido em conta a rectidão que deve investir-se poderá converter-se muito facilmente numa actividade marginal, com carácter frequentemente depreciativo.
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