A Sintaxe do Português
Por: Thacilamendes • 11/11/2020 • Pesquisas Acadêmicas • 830 Palavras (4 Páginas) • 176 Visualizações
PERINI, Mário A. Sintaxe. 1ª ed. - São Paulo: Parábola, 2019, pp. 21-27
- O que é sintaxe?
- Relação de forma e sentido
Segundo Perini (2019, p 21) uma língua é um sistema que relaciona sequências de sons (ou letras, na escrita) e estrutura de significado. Conseguimos comunicar-nos porque adquirimos um grande número dessas associações. No entanto, estas associações de som/significado podem ser muito mais complexas que podemos imaginar. O exemplo [1] “o gato arranhou a menina”, expressa muito mais do que referência a um animal ou um ser humano, é uma sequência formal que é capaz de transmitir a informação de que foi o gato que arranhou a menina. A informação que é transmitida depende da associação convencional entre forma e significado. Na frase [1] temos uma correlação entre a ordem dos termos (pertencentes a sintaxe) e o significado: “o gato” que é quem pratica a ação de arranhar e a “menina” é o que acaba arranhado.
O falante é capaz de manipular a ordem dos termos (ou seja, a sintaxe), isto significa dizer que, a ordem dos termos pode nos dizer que tanto “o gato arranhou a menina” quanto “a menina arranhou o gato”, ambas estruturas são aceitáveis na língua portuguesa. Entretanto, existem formas inaceitáveis na língua como: “*arranhou o gato a menina. Em frases como citada acima em que se é acrescentado o significado a forma, podemos dizer que o Agente (entidade que pratica a ação) vem antes do verbo e o Paciente (entidade que sofre a ação) vem depois do verbo. O verbo “arranhou” nos informa de que tipo de ação se trata.
1.2 – Descrição sintática
É importante evidenciar que fazer sintaxe sem levar em conta alguns aspectos de significado acaba restringindo a descrição gramatical a afirmações como a da frase [2] “A menina arranhou o gato”. Tanto a frase [1] quanto a frase [2] apresentam mensagens distintas sobre quem arranhou quem, mas acaba deixando de lado a função básica da língua, que é a de relacionar sequências a sons com estruturas de significado. Por exemplo, na frase [1], o fato formal “ocorrer antes do verbo” se correlaciona com o fato de significado “praticar a ação”, em termo técnicos: o gato aparece antes do verbo, tem a função sintática de sujeito, e a menina que aparece depois do verbo, é o objeto. Quando o verbo é arranhar o sujeito expressa o elemento que pratica ação (chamado de Agente) e o objeto o que sofre a ação (o Paciente). Devemos lembrar que é preciso manter a distinção entre os dois fatos: o formal (instrumento para a transmissão dessa informação) e o semântico (constituem a informação transmitida), são fatos distintos e que sua associação é realizada pela língua de maneira que se permita a transmissão da mensagem.
1.3- Crítica da análise tradicional
As gramaticas usuais frequentemente confundem os planos formal e o semântico, que vimos que ambos se correlacionam, mas que precisam ser distinguidos para que não ocorra erros em definições, como por exemplo: afirmar ao sujeito como “o elemento que pratica a ação” ou “do qual se fala” (semântico) e também como “o elemento com o qual o verbo concorda” (sintaxe), ocorre uma mistura da definição de sujeito com o critério semântico e formal. Por tanto, torna-se necessária a distinção de que o elemento que pratica a ação ser o Agente e o elemento com o qual o verbo concorda, e que frequentemente (nem sempre!) aparece antes do verbo ser o Sujeito. O Agente é uma função semântica e o Sujeito é uma função sintática. Na frase, “o gato arranhou a menina” o verbo arranhar é o Sujeito que exprime o Agente. Outro exemplo de confusão que utiliza o mesmo termo para noções semânticas e formais está relacionado ao termo: “pessoa” para determinados sufixos verbais (penso em oposição a pensa e pensamos) e para fazer a distinção entre participantes de um discurso. Perini classifica em seu livro como pessoa gramatical para a categoria formal e pessoal do discurso para a categoria semântica.
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