AQUISIÇÃO E DESENVOLVIMENTO DA ESCRITA NUMA ABORDAGEM CONSTRUTIVISTA: UM ESTUDO DE CASO

AQUISIÇÃO E DESENVOLVIMENTO DA ESCRITA NUMA ABORDAGEM CONSTRUTIVISTA: UM ESTUDO DE CASO

Túlio de Santana Batista

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

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Resumo: Neste trabalho, pretendemos demonstrar como se dá a aquisição e o desenvolvimento da escrita infantil, a partir de uma perspectiva construtivista. Para isso, pretendemos demonstrar que a aquisição da escrita infantil cumpre os estágios de aquisição propostos pela teoria psicogenética de Ferreiro et al. (1986), segundo a qual são propostos níveis evolutivos pelos quais as crianças passam no seu processo de aprendizagem do código escrito. Para a realização desta investigação, selecionamos 10 crianças, de 4 a 6 anos, matriculados em uma escola de orientação construtivista. Como metodologia, realizamos um estudo de caso, onde verificamos em que medida a abordagem construtivista contribui para o desenvolvimento inicial da escrita. Como resultado, em um período de 12 meses, percebemos evoluções de escrita e de desenhos, apresentando mais clareza de ideias com uma quantidade significativa de informações, especificação de personagens, de lugares e de muitos outros elementos da narrativa.

Palavras-chave: Aquisição da Linguagem. Desenvolvimento inicial da escrita. Perspectiva construtivista.

1. Introdução

De acordo com Borges e Salomão (2003), a linguagem pode ser considerada a primeira forma de socialização da criança, que, na maioria das vezes, é estimulada pelos pais por meio de instruções verbais durante atividades diárias, assim como por intermédio de histórias que expressam valores culturais. Nesse sentido, tal processo é aceito como fato comum na sociedade. Das várias teorias de aquisição apresentadas à comunidade cientifica, muitas foram descartadas e outras vêm sendo discutidas até hoje. No caso da aquisição da escrita, em especial, as divergências se acentuam ainda mais. Neste trabalho, pretendemos demonstrar como se dá a aquisição e o desenvolvimento da escrita infantil, a partir de uma perspectiva construtivista.

Tal investigação se justifica na medida em que o desenvolvimento da escrita e da leitura é um tema de grande interesse social, uma vez que as estatísticas sobre o assunto, como as demonstradas pelo Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (SAEB), bem como o próprio cotidiano das escolas tem revelado um quadro preocupante em termos de desempenho em relação à compreensão da leitura e da escrita, especialmente entre os alunos de ensino Fundamental e Médio. Por se tratar de um fenômeno amplo e complexo e não poder ser estudado fora do contexto onde ocorre naturalmente, optamos pelo Estudo de Caso (descritivo). Para isso, coletamos informações sobre o processo inicial de aquisição da escrita de alunos de uma escola de Educação Infantil e Fundamental, orientada por um modelo construtivista

2. Objetivos do estudo

Demonstrar como se dá a aquisição e o desenvolvimento da escrita infantil, a partir de uma perspectiva construtivista.

 Identificar as atividades de cunho construtivista desenvolvidas na escola.

 Selecionar as atividades voltadas para o desenvolvimento da escrita.

 Registrar em portfólio a progressão do grupo, e dos indivíduos, no que diz respeito ao desenvolvimento da escrita.

 Comparar os diversos estágios de aquisição a partir dos registros.

 Analisar os dados frente à teoria construtivista de Ferreiro et al.

 Abordar como se dá a aquisição e o desenvolvimento da escrita infantil, dentro da teoria construtivista.

 Observar como os professores se utilizam do abordagem.

3. Metodologia de pesquisa

Por se tratar de um fenômeno amplo e complexo e não poder ser estudado fora do contexto onde ocorre naturalmente, optamos pelo Estudo de Caso (descritivo), ou seja, por meio de um estudo empírico verificamos em que medida a abordagem construtivista de Emília Ferreiro contribui para o desenvolvimento inicial da escrita. Para isso, recolhemos informações sobre o processo inicial de aquisição da escrita de um grupo de 10 crianças de 4 a 6 anos, num intervalo de 12 meses. Matriculados regularmente em uma escola de Educação Infantil e Fundamental, em Natal – RN, as crianças observadas foram submetidas a uma proposta construtivista de ensino e aprendizagem da escrita (FERRERO; TEBEROSKY, 1986).

4. Resultados

4.1. Quanto ao desenvolvimento da oralidade.

 Por meio das histórias estimulou-se a oralidade, a criatividade e a ampliação do vocabulário.

4.2. Quanto à narratividade.

 Ao trabalhar contos clássicos, relatos do cotidiano e histórias infantis de forma lúdica e desenvolver estratégias refinadas de trabalho com o texto, as crianças passaram:

o A simular mentalmente cenários, personagens e suas metas, bem como a captar alterações no enredo, conforme os “modelos mentais”, de Van Dijk (2012, p. 89-103)

o A ampliar a percepção de noções de sequencialidade e causalidade.

 Ao trocar experiências, contando como tinha sido o fim de semana, o que haviam feito, com quem saíram, de que mais gostaram de fazer, as crianças aprimoraram a capacidade de identificar o começo, o meio e o fim das