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Cartas em Amor de Perdição

Por:   •  16/10/2021  •  Trabalho acadêmico  •  2.424 Palavras (10 Páginas)  •  324 Visualizações

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CARTAS EM AMOR DE PERDIÇÃO

Trabalho realizado na disciplina de Português

Professora: Anabela Silva

Alunos do 11º C:

- Margarida Marques, nº 13

- Volodymyr Farenyk, nº 22

abril 2021

                                        “Amou, perdeu-se e morreu amando.”

Camilo Castelo Branco, Amor de Perdição

ÍNDICE

Introdução…………………………………………………………………………………         4

Cartas / Texto epistolar …………………….…………………………………..         5

Cartas em Amor de Perdição…………………….……………………………..         6        

Conclusão………………………………………………………………………………….        10

Bibliografia……………………………………………………………………………..        11

INTRODUÇÃO

Este trabalho foi realizado na disciplina de Português, e com ele pretende-se, abordar a temática das cartas na obra “Amor de Perdição (Memórias duma família)”.

Para abordar esta temática, para além da análise da obra estudada, fizemos uma pesquisa sobre o que se considera este tipo literário, a carta, nomeadamente a sua introdução no género romance.

Realizámos de seguida uma seleção e registo da informação que considerámos mais importante.

Analisámos ainda o modo como Camilo Castelo Branco utilizou o recurso às cartas na obra estudada.

Por fim elaborámos, após reflexão conjunta, o presente trabalho.  

Esperamos conseguir transmitir com clareza a nossa reflexão.

CARTAS / TEXTO EPISTOLAR

Desde que surgiu a escrita que a comunicação por escrito se foi tornando cada vez mais popular e o seu transporte também evoluiu até exigir a existência de serviços de transporte bem organizados. Os textos escritos, chamados cartas ou missivas, tinham forma estruturada ou não, e transmitiam inicialmente informações oficiais, mas a pouco e pouco foram evoluindo para as menos formais e familiares já com a transmissão de informações não oficiais e até pessoais inclusive de sentimentos, nomeadamente as cartas de amor.

Não se sabe bem quando começou a haver uma relação entre as cartas e a literatura, mas a verdade é que começaram a ser usadas inicialmente como fonte de informação histórica, sociológica, ideológica ou biográfica, tornando-se em textos epistolares.  

Assim do século XV ao século XVIII era através das cartas que as notícias circulavam pela Europa e seriam uma fonte de informação tão preciosa como qualquer jornal atual.

Para a sua maior divulgação contribuiu a evolução e maior alfabetização.

Foi no século XIX que a carta inserida na própria narrativa fez a integração noutros géneros como o romance. E assim do seu vulgar uso de comunicação tornou-se num recurso estilístico sendo a marca de alguns escritores.

Camilo Castelo Branco foi um dos escritores que mais recurso fez à introdução de cartas, ou a menção a elas, nas suas obras.

CARTAS EM AMOR DE PERDIÇÃO

 

Camilo Castelo Branco, na sua obra Amor de Perdição (Memórias de uma família), utiliza a introdução de cartas na narrativa com o propósito de conferir veracidade aos fatos, enriquecer a narrativa, envolver mais o leitor e tornar a história mais complexa, numa polifonia textual, no sentido em que ela nos é apresentada de diferentes perspetivas: de Teresa, de Simão, de Mariana e do narrador e até do próprio leitor que é chamado a ter opinião pelo narrador.

O próprio escritor revela-se através desse véu de cartas reais e fictícias, mostrando a sua personalidade e as suas capacidades artísticas que, em algumas cartas, se tornam prosa poética, como por exemplo a última carta da narrativa. Também é através das cartas que ele transmite a sua crítica sobre a sociedade em que vivia, onde os casamentos eram feitos por conveniência, como pactos económicos e políticos, onde a mulher era reduzida ao papel de esposa, e condenada ao convento se desobedecesse a tais pactos, onde existia corrupção na justiça e vicissitudes nos conventos expressando as tensões da sociedade em que vivia. Por exemplo, na quinta carta de Teresa a Simão: “Não fazes ideia do que é um convento! Se eu pudesse fazer do meu coração sacrifício a Deus, teria de procurar uma atmosfera menos viciosa que esta. Creio que em toda a parte se pode orar e ser virtuosa, menos neste convento.”. Ainda numa nota do autor é referida a carta real, encontrada nos papeis do corregedor de Viseu onde se refere a corrupção na justiça: “A apelação de seu filho está ao meu cuidado, e está segura” e ainda é referido pelo narrador o envio de cartas por Domingos Botelho ao corregedor, para salvar o filho Manuel da prisão, por ter desertado da cavalaria. Ainda através de carta, temos acesso a dados histórico/sociais, nomeadamente a informação da situação de Teresa em termos de saúde se ter tornado no convento débil e tísica, uma vez que na altura a tuberculose era uma doença que causava 65% dos óbitos em pessoas entre os 15 e 40 anos, nomeadamente em situações de má nutrição e poucas condições higiénicas.

O autor apresenta-nos inicialmente que a troca de cartas constitui aliás a forma mais secreta e segura de comunicação. Assim pensava Simão: “…A ninguém confiava o seu segredo, senão às cartas que enviava a Teresa, … A apaixonada menina escrevia-lhe a miúdo.” Mas ao longo da narrativa o narrador coloca-nos perante situações que nos provam o contrário, como quando a mendiga foi apanhada pelo hortelão que …” espancou-a, tirou-lhe o bilhete, e foi do convento apresentá-lo a Tadeu de Albuquerque”, e também  quando nos dá a conhecer através da carta da irmã de Simão, Rita, que “ A mãe escrevia aos seus parentes da capital implorando graça régia para o seu filho; mas aquelas cartas não saíam do correio, e iam dar todas à mão do seu pai” ou ainda o facto das cartas não corresponderem à verdade como por exemplo as cartas da tia, prelada em Monchique, que levou Teresa a ficar com a ideia da vida de convento ser muito santa, mas que, apenas 2 horas depois de lá estar, ela tinha tido a irónica “amostra do evangélico e exemplar viver do convento”, e por último a carta da prioresa quando “… A carta congratulatória não a recebeu Teresa, porque viera à mão do seu pai. Continha ela reflexões tendentes a desvanecê-la do propósito” de entrar para o convento. Estas situações mostram que não era seguro, nem secreto este meio de comunicação e foi usado na narrativa com o mesmo fim específico de tornar a narrativa mais vibrante.

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