História da Língua Portuguesa
Por: maetisoares • 27/3/2021 • Pesquisas Acadêmicas • 2.674 Palavras (11 Páginas) • 210 Visualizações
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Programa Especial de Formação Pedagógica R2
Conforme Resolução 2 de 01 de Julho de 2015 CNE
Nome do aluno:Maéti Soares Antônio Silva
Turma:PORT-0920B-2020
Disciplina: Específica: Letras/Português
HISTÓRIA DA DISCIPLINA LÍNGUA PORTUGUESA NO CONTEXTO ESCOLAR BRASILEIRO
O presente trabalho destina-se a apresentar um breve histórico do ensino da Língua Portuguesa no Brasil, bem como abordar as principais questões envolvidas, até chegar às produções da atual década.
Até o século XVIII, não existia no Brasil uma “língua definida”, uma vez que o português trazido pelos portugueses, embora oficial, não era a língua dominante, pois com ele coexistiam outras duas: a língua geral, que recobria as línguas indígenas faladas no país, que provinham, em sua maioria, do tupi, e o latim, no qual se fundamentavam o ensino secundário e superior jesuítico. Sendo assim, a convivência das três línguas no Brasil Colonial anula a hipótese de uma unidade na formação da língua portuguesa (SOARES, 2002).
No período colonial o português, além de não ser a língua prevalente,não existia no currículo escolar, sendo apenas um instrumento para a alfabetização nas denominadas escolas menores, e dela traduzia-se para o latim, de acordo com o Ratio Studiorum, que era o programa de estudos da Companhia de Jesus, por ela implantado em todo o mundo (SOARES, 2002).
Ainda segundo a autora isso acontecia porque as poucas pessoas que se escolarizavam na Colônia pertenciam à elite, que tinha o interesse de seguir o modelo educacional vigente, que fundamentava a aprendizagem “do latim através do latim”, e também porque era uma língua que não possuía muito valor cultural, faltando, assim, motivação para torná-la disciplina curricular.
Na década de 1750, o Marquês de Pombal tornou obrigatório o uso da língua portuguesa no Brasil através das reformas que implantou no ensino de Portugal e em suas colônias. Além da inclusão e valorização do português na escola,foi proibido o uso de outras línguas, inclusive a língua geral, “fortalecendo” a língua portuguesa e tornando-a reconhecida no currículo nacional. Sendo assim, além de ler e escrever em português, o “aluno passou a estudar a gramática portuguesa, que se tornou parte integrante do currículo, ao lado da gramática latina e da retórica” (PESSANHA; DANIEL; MENEGAZZO, 2003/2004,).
Em um primeiro momento o estudo da língua portuguesa fazia parte do currículo sob as formas de retórica, poética e gramática. Somente no final do Império essas três disciplinas unificaram-se numa só disciplina que passou a se chamar Português. Este, por sua vez, até fins do século XIX, manteve a gramática e a retórica como seus conteúdos de ensino e componentes curriculares. Vale ressaltar que a retórica incluía também a poética. Posteriormente, a poética desprendeu-se da retórica, tornando-se um componente curricular independente (SOARES, 2002). Assim, quando se trata do ensino da língua naquela época, sinaliza que a presença da tradição gramatical e da retórica da escola brasileira destinava-se à uma minoria de “bem nascidos”.
Até os anos 40 do século XX, a disciplina manteve a tradição da gramática, da retórica e da poética, pois a sua clientela se restringia àqueles pertencentes aos grupos da elite. Assim, tem-se uma escola para alguns e um ensino de língua portuguesa que satisfaz aos seus interesses culturais, sendo que os manuais didáticos da época apresentavam coletâneas de textos e bastante gramática, buscando preservar o “bom gosto literário” e o “purismo linguístico” dos letrados, com autores consagrados e modelos que deveriam ser imitados (SOARES, 2002).
A partir das décadas de 50 e 60, as escolas começam a se abrir para o povo, como resultado da crescente reivindicação das classes populares ao direito à escolarização. A escola então, torna-se acessível não apenas para os filhos da burguesia, mas também aos filhos dos trabalhadores” (SOARES, 2002). Isso ocasionou à reformulação das funções e dos objetivos da escola, assim como provocou mudanças nas disciplinas escolares, principalmente da disciplina Língua Portuguesa. Afinal, a nova clientela trazia consigo uma variedade linguística não estudada na escola.
Apesar dos alunos terem se diversificado, a concepção de linguagem como sistema, baseada nos estudos tradicionais permaneceu baseada emautores consagrados do passado, assim como o domínio dos manuais didáticos e das aulas de Língua Portuguesa.
A chegada da Linguística nos cursos de Letras, na década de 60, tenta romper com essa mentalidade através do ensino, para os novos professores, do reconhecimento das variedades linguísticas, que passam a fazer parte da realidade escolar, mas seus efeitos ainda não são notados no ambiente escolar. Com isso, a inadequação da escola configurou, nos anos 70, nos fenômenos da crise da educação e o fracasso escolar, que por sua vez, causaram prejuízos para a alfabetização e graves problemas de expressão escrita detectados nos alunos concluintes do ensino médio, que eram bastante expressivos nos exames vestibulares (SOARES, 1997).
Com a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei nº 5.692/1971), a disciplina Português passa por uma mudança em sua estrutura, pois além de reformular o ensino primário e médio, pôs a educação, segundo os objetivos tecnicistas da ideologia militar, a serviço do desenvolvimento, e a língua, nesse contexto, passou a ser concebida como instrumento. O que era importante era a comunicação. Termos como “emissor, receptor, canal, referente, mensagem e código” começaram a inundar os livros didáticos a partir dessa época. Além disso, a denominação da disciplina foi modificada para: “comunicação e expressão nas séries iniciais do então 1º grau, e comunicação em língua portuguesa, nas séries finais desse grau; só no 2º grau o foco em “comunicação” desaparece da denominação que, nesse grau, passa a ser língua portuguesa e literatura brasileira” (SOARES, 1997).
A criação do Projeto Nurc em 1969, teve como seu objetivo principar ajustar o ensino da língua portuguesa em todos os seus graus à uma realidade linguística concreta, evitando a imposição indiscriminada de uma só norma histórico-literária, por meio de um tratamento menos prescritivo e mais ajustado às diferenças linguísticas e culturais do país (SILVA, 2004).
Em meados da década de 80, com o início da abertura política no país, os estudos acerca de uma concepção de linguagem para nortear a prática pedagógica se intensificam. Novas teorias desenvolvidas na área das ciências linguísticas (linguística, sociolinguística, psicolinguística, linguística textual, pragmática e análise do discurso) começam a chegar ao campo do trabalho escolar com a língua materna, sendo fundamentais para a discussão sobre os rumos da disciplina (SOARES, 2002).
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