LÍNGUA PORTUGUÊS E EDUCAÇÃO
Tese: LÍNGUA PORTUGUÊS E EDUCAÇÃO. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: AnaBonetti • 2/4/2014 • Tese • 2.973 Palavras (12 Páginas) • 463 Visualizações
FICHAMENTO DE: capítulo: Linguística do português e ensino - do livro: ILARI E BASSO, Rodolfo. O português da gente. São Paulo: Contexto, 2009.
Curso e período: Letras – Português/Inglês – 6º período
Disciplina: Linguística aplicada à Língua Portuguesa
LINGUÍSTICA DO PORTUGUÊS E ENSINO
“Na breve introdução de abre este livro, prometemos falar do português do Brasil na perspectiva do ensino de língua materna. Tudo aquilo que dissemos até aqui é importante nessa perspectiva, mas para que se possa estender mais a fundo o que é a língua que se ensina nas escolas, será preciso tratar de dois processos que, historicamente, foram decisivos para configurar essa língua: a estandardização e a fixação de uma norma.” (p. 197)
A estandardização da Língua
“No processo de estandardização de uma língua entram, às vezes, fatores de natureza extralingüística. Entre eles, cabe lembrar as grandes inovações tecnológicas que afetaram a comunicação no último milênio. Em poucos séculos, a invenção da imprensa fez com que as mesmas obras pudessem ser lidas exatamente com o mesmo texto em lugares diferentes.” (p. 197-198)
“No século XX, a estandardização da língua esteve intimamente ligada à exploração dos meios de comunicação de massa [...], e a algumas grandes tendências da educação, como a generalização do ensino primário, que gerou um mercado de livros didáticos de grandes proporções e levou à criação de uma rica literatura infantil.
[...]
“Aqui, falaremos mais longamente das tarefas que contaram com a participação de profissionais da linguagem que sem empenharam na consolidação de um padrão de língua escrita ou falada, enfocando os seguintes aspectos:
- a fixação da ortografia;
- o trabalho dos lexicógrafos [...];
- o trabalho dos gramáticos [...];
- a definição de uma norma “brasileira”. (p. 199)
A fixação da ortografia
“Como lembra Cagliari, especialista brasileiro no assunto, um sistema ortográfico nãos se cria do nada. Até que uma língua encontre o seu, passa-se normalmente por uma fase em que são resolvidas muitas divergências, [...]. Devido a essas divergências, a fase inicial de uma escrita costuma ser uma fase de experimentação, que se caracteriza precisamente pela grande quantidade de alternativas experimentadas. No que diz respeito à ortografia do português, essa fase de experimentações e indefinições durou aproximadamente até o final do século XVI e foi denominada pela preocupação de fazer da grafia uma reprodução fiel dos sons ouvidos na fala.” (p. 199)
“Os Lusíadas (1572), obra que usou uma língua e uma ortografia extremamente regulares e elegantes, costumam ser considerados a culminação daquela primeira fase. Além de sua importância literária, o grande poema camoniano poder ser entendido como um momento importante da sistematização da língua e da ortografia. O período posterior, que vai de 1572 até 1911, é conhecido como “pseudoetimológico”. [...] Foi nesse período que se fixaram definitivamente grafias como homem e havia, [...], motivadas não pela pronúncia [...], mas pela lembrança das grafias latinas hominem e habebat. [...]
O próximo período da ortografia do português é aquele em que vivemos até hoje. Começou com os trabalhos do grande lingüista português Aniceto dos Reis Gonçalves Viana, [...]
A adesão do Brasil à ortografia “simplificada” de Gonçalves Viana aconteceu em 1931, o que fez com que o Brasil e Portugal adotassem por algum tempo as mesas diretrizes. Mas já em 1945, uma comissão binacional, [...], fez um certo número de propostas, [...]. Só Portugal adotou essas propostas e com isso a ortografia oficial dos dois países voltou a se diferenciar em alguns pontos.
A unificação da ortografia de todos os países de língua portuguesa só foi novamente assunto de negociações internacionais em 1986, quando representantes de sete países de língua portuguesa (Portugal, Brasil, Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné Bissau e São Tomé e Príncipe) se reuniram para esboçar um projeto de unificação.” (p. 200-201)
O trabalho dos lexicógrafos
“Os dicionários contribuem de várias maneiras para fixar a língua: por um lado, eles são referência para a ortografia das palavras – [...]; por outro lado, eles têm funcionado como uma espécie de registro civil de todas as palavras; [...].
Outro fator de normalização, no dicionário, é a prática da abonação. [...], hábito de associar às várias acepções de cada palavra um ou mais exemplos. [...]
A história da lexicologia do português é longa e rica e mostra uma participação notável de autores brasileiros. [...]” (p. 203)
“No século XIX, os intelectuais brasileiros tiveram frequentemente a preocupação de colecionar brasileirismos, para complementar os dicionários portugueses existentes; [...]
[...]
Os grandes dicionários de referência para o português do Brasil são hoje três: o Novo Aurélio do século XXI (2000), o Dicionário Hauaiss da língua portuguesa (2001) e o Dicionário de usos do português do Brasil (2002), [...]” (p. 204)
“Além de dar as informações usuais [...], esses dicionários procuram reconstituir a história das palavras e atestar suas ocorrências mais antigas, [...].” (p. 205)
O trabalho dos gramáticos normativos
“Os primeiros tratados de gramática escritos em língua portuguesa datam do século XVI [...]. mais gramáticas foram escritas nos séculos seguintes, sob o impulso de duas preocupações que se completam reciprocamente: formar fidalgos para o convívio da corte e preparar para o estudo do latim. [...]” (p. 205)
“[...]. A gramática normativa procura estabelecer como a linguagem deve ser. Ao escrever uma gramática normativa, o autor estabelece regras destinadas a orientar o comportamento lingüístico de seus leitores. [...]
Bem diferente de uma gramática normativa é aquilo que os linguistas chamam de gramática descritiva. Esse segundo tipo procura descrever
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