Na compreensão de Transculturalidade e Transglossia
Por: solibella • 23/4/2019 • Resenha • 772 Palavras (4 Páginas) • 621 Visualizações
Na compreensão de transculturalidade e Transglossia
COX, Maria Inés Pagliarini, ASSIS-PETERSON, Ana Antonia de. Transculturalidade e Transglossia: para compreender o fenómeno das fricções linguístico-culturais em sociedades contemporâneas sem nostalgia. In: Marilda C. CAVALCANTI, Stella Maris BORTONI-RICARDO. (orgs) TRANSCULTURALIDADE, LINGUAGEM E EDUCAÇÃO. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2007, p. 23-41.
O texto escrito por Cox e Assis-Peterson titulado Trasculturalidade e Transglossia, tem o objetivo de explicar estes fenómenos linguísticos que tem ganhado espaço no mundo globalizado, onde nada é compreendido como estável. Para tanto, as autoras enfatizam que para estudar as múltiplas práticas linguísticas se faz necessário entender várias concepções de cultura e língua.
As principais ideias do texto em análise aparecem depois de apresentar uma situação que envolve o estado de Cuiabá, onde elas explicam as enormes alterações culturais e sociolinguísticas dessa região, motivadas pelas migrações de diferentes lugares. Como consequência deste movimento, a cidade é cenário de interação de diversas culturas e dialetos da língua portuguesa. As autoras buscam explicar o que acontece no contexto social e linguístico a partir das noções de “transculturalidade” e “transglossia”.
A noção de transculturalidade, na visão de Cox e Assis-Peterson (2007), remete a “diferença ou alteridade cultural, multiculturalismo, pluralismo cultural, comunicação intercultural”, sendo necessário para as autoras apresentar as concepções de cultura e língua com a finalidade de compreender este tema.
O texto das autoras apresenta diversos conceitos de cultura fazendo citações do autor Duranti (1997) o qual apresenta os seguintes argumentos: a cultura está relacionada com a língua, porque é passada por meio das gerações; a visão cognitiva de cultura, o conhecimento de coisas não é individual, e sim social; a visão semiótica que caracteriza a cultura como comunicação, as ocorrências culturais envolvem a comunicação; a cultura como sistema de mediação, a língua como sistema mediador proporciona atividades mediadoras entre indivíduos e o que está ao seu redor; a cultura na ideia do pós estruturalismo, vista como um sistema longe de ser autônomo que é definida por processos sócio políticos valorizando os sujeitos sociais; a cultura como sistema de participação, relacionando-a à língua como um sistema de prática social, coletiva e participativa.
Nessa perspectiva, as autoras concluem que ao pensar na cultura seria adotar noções de práticas conflituosas que influenciam na transformação de uma sociedade, pelas mudanças e diversidades culturais não acabadas. Uma das perguntas das autoras é: com que conceitos traduzir essa realidade dos mundos mesclados, das culturas mestiças [...]? Elas acreditam que conceitos como pluralismo cultural, diversidade cultural, multiculturalismo ou interculturalidade não alcançariam responder a pergunta antes citada. As autoras adotaram como resposta o termo de “transculturalidade” como movimento de fluxos culturais enlaçados. Para elas o “núcleo duro da cultura é sempre transcultural”, nesse processo de negociação de mudanças culturais (COX e ASSIS-PETERSON, 2007).
Outro conceito apresentado pelas autoras do texto é o de língua, mas antes elas fazem um roteiro das diferentes concepções adotadas por diversas abordagens do fenômeno linguístico: iniciando pela gramática tradicional onde a língua é vista como norma padrão; logo na visão de Saussure, é um sistema de código estabelecido entre membros de uma comunidade de fala; seguindo com as postulações de Chomsky sobre “competência e desempenho”, sendo a competência, o conhecimento que o falante-ouvinte nativo ideal tem de sua língua materna, e o desempenho é o armazenamento dos enunciados reais da língua, produzidos por falantes efetivos; finalmente, apresenta a sociolinguística laboviana que valoriza a língua como sistema de variações.
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