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O Desenvolvimento do Indio na Literatura Brasileira

Por:   •  9/11/2017  •  Trabalho acadêmico  •  1.494 Palavras (6 Páginas)  •  617 Visualizações

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Universidade Federal do Maranhão

Discente: Leanderson Lopes dos Santos

O índio nem sempre foi tratado como uma figura prioritária na literatura brasileira, mas com o passar do tempo, com o surgimento de novas escolas literárias e novos escritores isso foi mudando. O índio foi ficando cada vez mais importante, tendo um papel de destaque. O período inicial da literatura brasileira mostra a figura do índio como objeto e, além disso, mostra alguns tópicos sobre o índio e como esse processo aconteceu. A figura do nativo é representada como objeto da literatura.  Posteriormente, o indígena é inserido como parte da paisagem; como argumento e como protagonista, respectivamente. Destarte, a figura do índio passou por várias transformações em relação ao seu papel na literatura brasileira.

Quando os portugueses chegaram ao Brasil no período de colonização não havia literatura no Brasil, mas sim o Brasil na Literatura. Em outras palavras, o Brasil não tinha uma literatura própria. Qualquer obra escrita no Brasil tinha que passar pelos olhos dos portugueses antes de serem publicadas. Só era publicado o que os portugueses queriam e o Brasil não tinha um sistema literário, tinha apenas manifestações literárias. O sistema literário só iria ficar pronto no Brasil no século XIX após a independência. O Brasil fazia apenas parte da literatura dos Portugueses e servia como um elemento nas obras portuguesas. A primeira vez que uma característica brasileira fez parte da literatura ocorreu no período em que os Portugueses viram os índios e começaram a descrevê-los. Passou-se a usar o índio como objeto de observação e de descrição. Podemos ver esse aspecto na carta de Carta de Pero Vaz de Caminha:

Andam nus, sem cobertura alguma. Nem fazem mais caso de encobrir ou deixar de encobrir suas vergonhas do que de mostrar a cara. (...) Mas apesar de tudo isso andam bem curados, e muitos limpos. E naquilo ainda mais me convenço que são como aves, ou alimárias montezinhas, as quais o ar faz melhores penas e melhor cabelo que às mansas, porque os seus corpos são tão limpos e tão gordos e tão formosos que não pode ser mais!(CAMINHA, 1963, pg. 2, 5,6).

              Caminha, um escrivão da coroa portuguesa
escreve esta carta com o objetivo de informar ao rei D. Manuel a chegada à nova terra. Carta essa que viria a se tornar um marco para a literatura brasileira, pois nela o índio apareceu pela primeira vez na literatura. Na carta de Pero Vaz de Caminha usa-se o índio como um objeto: Inicialmente, o índio é descrito, em seguida os seus costumes são caracterizados pelo fato de andarem nus e não terem vergonha; por serem fortes e carregarem penas no corpo, dentre outros aspectos. Dessa forma, o índio era usado na literatura apenas como um objeto de observação e de descrição. Nesse período o índio foi excluído da literatura brasileira e colocado em segundo plano. Os Portugueses julgavam os costumes dos índios como não civilizados e eles não eram vistos com bons olhos. A partir desse momento modificaram a rotina do índio fazendo com que se tornassem adeptos de costumes e principalmente da religião predominante, o catolicismo. Em outras palavras, aculturaram os índios. De acordo com o estudo de Alfredo Bosi (1936, p.17): “Aculturar um povo se traduziria afinal, em sujeitá-lo ou, no melhor dos casos, adaptá-lo tecnologicamente a um certo padrão tido como superior”.

Após ser visto como um objeto da literatura, o índio vai passar a ser visto como parte da paisagem brasileira. Essa peculiaridade surge no Arcadismo onde o índio começa a ocupar um papel um pouco maior na literatura brasileira. Apesar disso, o índio ainda não possuía voz dentro das obras literárias. Nessas obras o índio era inserido da mesma maneira que se relacionava com a natureza, além de retratar os seus costumes, a religião e o nativismo pré-nacionalista. Obras muito importantes foram escritas nesse período. Dentre elas a obra “Caramuru”, que retrata o descobrimento da Bahia. Trata-se da historia de um naufrágio que europeus sofreram e foram parar em terra firme. Chegando na terra até então desconhecida. Vários índios comeram os que sobreviveram e deixaram apenas um homem vivo, Diogo Álvares Correia, o Caramuru, que futuramente ia se tornar o líder da tribo indígena.  A respeito de sua relação com a índia Paraguaçu, observamos que ambos vão embora, mas depois voltam para o Brasil. Essa foi a primeira obra que relatou como era a vida dos indígenas, seus costumes e vai também falar sobre a fauna e a flora brasileira e como o índio era tão próximo desse espaço que era considerado como parte da paisagem.

Surpreende a riqueza de dados sobre a vida de inumeráveis nações indígenas, seus costumes hábitos alimentares e familiares, regras politicas e formas de religiosidade, bem como a afinidade de plantas, flores, pássaros, animais, peixes que surgem ao longo do poema [...]. (POLITO, p.23, 2001)


         O Caramuru também aborda alguns aspectos como a presença de aculturação quando Paraguaçu vai embora com Diogo e muda seu nome para Catarina:

        Não longe do Equador o mar cortava, Quando Paraguaçu, já Catarina, Como era seu costume, atenta orava, Implorando o favor da Mão Divina: E eis que a vista da turba, que a observava, Enquanto adora a Majestade Trina [...]. (DURÃO, p.149, 1781)

No romantismo a figura do índio vai se tornar mais importante dentro da literatura brasileira. É nesse período que o índio vai ser constituído como herói e como personagem principal dentro das obras. Anteriormente, o índio era visto nas obras como objeto descritivo e de observação, era apenas como parte da paisagem. No romantismo isso vai mudar e vai ganhar destaque, pois o índio passará a ser visto como argumento e como protagonista dentro das obras literárias brasileiras. Havia uma necessidade de ter uma figura nacional nas obras literárias e é ai que surge o indianismo, uma das formas mais significativas assumidas pelo nacionalismo romântico. O índio estava presente na literatura românica como um ser idealizado, muito distante da realidade da época e bem próximo dos heróis que habitavam as novelas e romances. Era como se fosse uma adaptação do cavaleiro medieval europeu. Nas obras de José de Alencar tinham como foco principal a exaltação das qualidades guerreiras do índio, sua força e valentia. Podemos ver isso na obra “O Guarani”, que conta a historia de Peri, índio que é o herói que se dedica totalmente a sua amada. Peri realiza varias atos heroicos para salvar Ceci no decorrer do romance e no final da historia chega até a abandonar sua tribo, língua e religião por causa de Ceci, seu grande amor, havendo aí um aculturamento da figura de Peri. Há uma imposição da cultura branca e do cristianismo. Enfim, nessa obra, José de Alencar sempre procura mostrar Peri como um herói e com uma força surpreendente.

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