O USO DO GÊNERO TEXTUAL CARTA PESSOAL COMO ESTRATÉGIA PEDAGÓGICA

O USO DO GÊNERO TEXTUAL CARTA PESSOAL COMO ESTRATÉGIA PEDAGÓGICA

RESUMO

O presente trabalho visa fazer uma reflexão sobre conceitos relativos à comunicação e a produção interacional dos sentidos que estão presentes nas diversas relações discursivas através das atividades dialogais. Tomamos para análise o gênero carta pessoal, pois através de situações reais de comunicação, o aluno desenvolve na produção de texto e é capaz de responder às necessidades comunicativas sociais.

Palavras-chave: Gênero textual, carta pessoal

INTRODUÇÃO

A semântica é o ramo da linguística voltado para o estudo dos significados das sentenças. Cançado (2008) a sintetiza como o estudo do significado da língua.

A autora destaca ainda que  a pragmática tem como objeto de estudo a forma como a gramática é usada na fala, ou seja, descreve a linguagem de acordo com o significado do falante, o que ele quer dizer. Importa observar as palavras conforme a sua colocação, no contexto em que ela está inserida.

Sabe- se que a comunicação verbal e não verbal está presente em diversos momentos da vida do ser-humano, e é através dos discursos que as relações comunicativas e interacionais entre os falantes ocorrem.

Sendo assim, em todos os momentos em que a atividade comunicativa se faz presente, para que haja sentido e interação entre os seus participantes, seja ele interlocutor e ouvinte, ou até mesmo autor e leitor, é necessário haver um entendimento sobre o que se ouve, para que consequentemente possa ser gerado um significado para aquela determinada sentença.

As relações comunicativas e a interação dos indivíduos participantes da fala exigem que estes detenham um grau de conhecimento prévio sociocultural para que haja entendimento e para que os indivíduos consigam conduzir da melhor forma possível a construção dialogo.

Salienta-se que, para que seja delimitado o sentido e a função de cada gênero do discurso, é preciso que haja primeiramente um conhecimento prévio sociocultural entre os envolvidos na produção comunicativa. Tais conhecimentos socioculturais são fundamentais para os sentidos da fala.

A partir desse conhecimento, os integrantes das relações discursivas serão capazes de se organizarem na utilização correta da linguagem, visto que, a partir das relações socioculturais os interlocutores se orientarão sobre o que pode ou não ser dito e ainda como pode ser dito.

Cabe ressaltar ainda que os significados que cada falante produzirá através das interações comunicativas irão depender de diversos aspectos, tais como: o contexto em que este diálogo está relacionado, sobre o quê e para quê se fala e o nível sociocultural dos integrantes do discurso. Enfim, toda atividade que envolve a comunicação e as produções interacionais desta relação, dependem de uma linguagem textual adequada tanto a situação em que ocorre o diálogo quanto aos integrantes desta relação.

ASPECTOS DO GÊNERO TEXTUAL CARTA PESSOAL

Segundo Bortolin (2017) o gênero textual carta pessoal é uma conversa entre interlocutores que possuem um determinado grau de intimidade, o que permite uma linguagem mais pessoal, íntima e espontânea. Esse gênero textual apresenta, de acordo com o autor (p. 65), “narrações, descrições, argumentações e injunções e expressa sentimentos, emoções, questionamentos e experiências vividas pelo emissor (ou pelos interlocutores)”.

Silva (2002) afirma que se deve observar que a carta pessoal também é uma forma de produção de linguagem, criada para responder às necessidades comunicativas de uma sociedade. Para a autora, esse gênero possui como características as noções de privado, íntimo e emocional.

Bortolin e Silva concordam que os traços característicos do gênero textual Carta Pessoal englobam: 

• Contexto de produção e recepção:

a) autor: Alguém querendo se comunicar com amigos ou familiares. Nível de autoria: elevado, visto que tanto o conteúdo quanto a linguagem precisam ser pensadas e construídas pelo autor.

b) Leitor preferencial: Familiares e amigos.

c) Suporte: Papel e envelope.

d) Tempo: Produção sem um tempo determinado; se enviada pelo sistema postal, o tempo de leitura ficará sujeito à data de entrega.

 e) Lugar: Produção: sem lugar determinado (podendo ser escrita em sala de aula como exercício). Recepção: Geralmente, na residência do destinatário.

 f) Evento deflagrador: Contar eventos particulares da vida do emissor, expressar emoções, sentimentos e perguntar sobre acontecimentos da vida do destinatário.

• Tema/objeto de estudo: Assuntos particulares e pessoais da vida do emissor; questionamentos ao destinatário; expressão de emoções e pontos de vista.

• Função/objetivo: Dialogar (à distância) com o destinatário que faz parte de suas relações.
• Linguagem estilo: Linguagem familiar, informal, espontânea e com marcas da oralidade.

• Organização/estrutura: Organizada em parágrafos. Estrutura: local e data; vocativo; corpo do texto; despedida e assinatura (podendo acrescentar o P.S – post-scriptum – para apresentar informações adicionais que se esqueceu de mencionar no corpo do texto).

 ANÁLISE ILUSTRATIVA

Arapongas, 12 de fevereiro de 2016.

Meus Heróis,

Venho por meio dessa carta, agradecer os heróis da minha vida! Os heróis da minha vida são vocês, meus pais, que sempre fazem de tudo por mim, me dão tudo o que eu peço, mesmo que não tenham condições; me dão carinho, amor, comida e muitas outras coisas...

Vocês são tudo na minha vida! Meu amor por vocês é incondicional. Você, minha mãe, por exemplo, faz de tudo: cozinha, passa roupa, lava roupa, trabalha durante 6 horas por dia, mas isso não é o que me faz amar você. Eu te amo, pois você é a melhor mãe do mundo! É uma grande amiga, conselheira, atenciosa, amorosa...