Resenha Do Filme "Ao Mestre Com Carinho"

RESENHA: AO MESTRE COM CARINHO

Poucos filmes conseguiram retratar com tamanha nostalgia e sublimidade a figura do professor dentro da sala de aula, como ocorre em Ao mestre com carinho (To Sir, with love) de 1967, com direção de James Clavell, baseado na obra homônima de E. R. Braithwaite, que conta a história de um engenheiro desempregado, Mark Thackeray (Sidney Poitier) que decide dar aulas numa escola pública situada num bairro operário de East End em Londres, onde ele enfrenta o desafio de lecionar numa turma composta por alunos problemáticos.

Ao mestre, com carinho se passa na década de 60, numa comunidade pobre de Londres, numa época turbulenta, a década da revolução sexual, dos protestos juvenis, surgimento do feminismo e os movimentos civis em favor dos negros e homossexuais. Assim o filme levanta algumas dessas questões com a sutileza que os filmes da época poderiam fazer. Principalmente no tocante ao preconceito racial ao mostrar a situação complicada de um homem negro sem experiência alguma como professor que resolve dar aulas numa escola secundária enquanto procura emprego na sua área, engenharia.

O filme inicia com a canção To Sir, with Love, interpretada por Lulu, uma trilha que leva a nossa memória àqueles bons tempos de escola, a lembrar dos professores que marcaram nossa vivência escolar e que fizeram a diferença na nossa caminhada, assim através desse recurso, já temos pistas do que podemos esperar do filme, pois a letra expressa exatamente o enredo da história, um professor que deixa uma marca bastante positiva numa turma de alunos que todos diziam não ter conserto. Tal professor enfrenta dois grandes desafios, o desafio de ser um professor negro entre uma maioria branca cheia de preconceitos e o desafio de conscientizar aqueles jovens que o futuro deles pode ser promissor, pois também de certa forma são discriminados devido a sua condição social.

Nos primeiros dias de aula professor Thackeray fica meio perdido e atordoado devido a falta de preparo pedagógico e tenta lidar com aquela turma de modo tradicional, mas sua didática não funciona muito com aqueles alunos, cheios de problemas muito mais profundos que a falta de interesse em sua aula. O professor começa a perceber e ver seus alunos como seres humanos cheios de angústias, problemas familiares e sociais. Então quando sua paciência chega ao limite, ele tem uma espécie de “insight”, a idéia de dar o que eles precisam naquele momento, nada de livros, mas sim conselhos, disciplina e compreensão. Esta cena do filme é muito marcante, pois mostra o professor jogando todos os livros na lixeira chamando atenção dos alunos através de uma aula mais humanizada, tratando de temas que fazem parte do dia-a-dia de seus alunos, os preparando para a vida adulta. Dessa forma, o professor Thackeray ganha a confiança dos alunos, que começa a vê-lo como um exemplo a ser seguido e admirado. Enfim ele torna-se um porto seguro para suas vidas conturbadas.

Ao final do ano letivo, até o líder da turma, Deham, que antes o hostilizava, torna-se seu amigo quando vê a grandeza daquele homem demonstrando interesse na vida profissional deste aluno, o ajudando a conseguir um emprego na escola.

Para aqueles que ainda não assistiram este clássico do cinema, fica aqui a dica, não percam tempo, vejam este filme maravilhoso, apreciem a atuação brilhante