Romantismo No Brasil
Artigos Científicos: Romantismo No Brasil. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: thamiresmacedo • 24/8/2014 • 2.169 Palavras (9 Páginas) • 373 Visualizações
Logo depois que o Brasil conquistou sua independência, em 1822, cresce no Brasil o sentimento de nacionalismo, busca-se o passado histórico, exalta-se a natureza da pátria. De 1823 a 1831, o Brasil viveu um período difícil com o autoritarismo de D. Pedro I: a dissolução da Assembleia Constituinte; a Constituição outorgada; a Confederação do Equador; a luta pelo trono português contra seu irmão D. Miguel; a acusação de Ter mandado assassinar Líbero Badaró e, finalmente, a abdicação. Segue-se o período regencial e a maioridade prematura de Pedro II. É neste ambiente confuso e inseguro que surge o Romantismo brasileiro, carregado de lusofobia e, principalmente, de nacionalismo.
Pode-se dizer que a história do Romantismo no Brasil teve inicio com a publicação do livro de poemas “Suspiros poéticos e saudades”, de Domingos José Gonçalves de Magalhães, em 1836, e durou 45 anos. Gonçalves de Magalhães dizia o seguinte: “Não se pode lisonjear muito o Brasil de dever a Portugal sua primeira educação, tão mesquinha foi ela que bem parece Ter sido dada por mãos avaras e pobres. No começo do século atual, com as mudanças e reformas que tem experimentado o Brasil, novo aspecto apresenta a sua literatura. Uma só ideia absorve todos os pensamentos, uma ideia até então desconhecida; é a ideia da pátria; ela domina tudo, e tudo se faz por ela, ou em seu nome. Independência, liberdade, instituições sociais, reformas políticas, todas as criações necessárias em uma nova Nação, tais são os objetivos que ocupam as inteligências, que atraem a atenção de todos, e os únicos que ao povo interessam”.
Nos primórdios dessa fase literária, 1833, um grupo de jovens estudantes brasileiros em Paris, sob a orientação de Gonçalves Magalhães e de Manuel de Araújo Porto Alegre, inicia um processo de renovação das letras, influenciados por Almeida Garret e pela leitura dos românticos franceses. Em 1836, ainda em Paris o mesmo grupo de brasileiros funda a Revista Brasiliense de Ciências, Letras e Artes, cujos dois primeiros números traziam como epígrafe: “Tudo pelo Brasil e para o Brasil”. Ainda no mesmo ano, no Brasil, 14 anos após a sua Independência, esse movimento é visível pela valorização do nacionalismo e da liberdade, sentimentos que se ajustavam ao espírito de um país que acabava de se tornar um pais livre de Portugal.
A primeira geração do Romantismo brasileiro destacava-se pela tentativa de diferenciar o movimento, que acontecia no Brasil, das suas origens europeias e adaptá-lo, de maneira nacionalista, à natureza exótica e ao passado histórico do Brasil. Os primeiros românticos eram utópicos. Para criar uma nova identidade nacional, buscavam suas bases no nativismo do período literário anterior, no elogio à terra e ao homem primitivo. Inspirados em Montaigne e Rousseau idealizavam os índios como bons selvagens, cujos valores heroicos tomavam como modelo da formação do povo brasileiro.
Principais Fundamentos do Romantismo no Brasil.
O Romantismo brasileiro tinha três fundamentos principais: o egocentrismo, o nacionalismo e liberdade de expressão.
O egocentrismo: também chamado de subjetivismo, ou individualismo. Evidencia a tendência romântica à pessoalidade e ao desligamento da sociedade. O artista volta-se para dentro de si mesmo, colocando-se como centro do universo poético. A primeira pessoa (“eu”) ganha relevância nos poemas.
O nacionalismo: corresponde à valorização das particularidades locais. Opondo-se ao registro de ambiente árcade, que se pautava pela mesmice, vendo pastoralismo em todos os lugares, o Romantismo propõe um destaque da chamada “cor local”, isto é, o conjunto de aspectos particulares de cada região. Esses aspectos envolvem componentes geográficos, históricos e culturais. Assim, a cultura popular ganha considerável espaço nas discussões intelectuais de elite.
A liberdade de expressão: é um dos pontos mais importantes da escola romântica. “Nem regra, nem modelos”, afirmava Victor Hugo, um dos mais destacados românticos franceses. Pretendendo explorar as dimensões variadas de seu próprio “eu”, o artista se recusa a adaptar a expressão de suas emoções a um conjunto de regras pré-estabelecido. Da mesma forma, afasta-se de modelos artísticos consagrados, optando por uma busca incessante da originalidade.
Como decorrência da supremacia do sujeito na estética romântica, o sentimentalismo ganha destaque especial. A emoção supera a razão na determinação das ações das personagens românticas. O amor, o ódio, a amizade o respeito e a honra são valores sempre presentes.
Na sua luta contra a racionalidade, o artista romântico valoriza todo e qualquer estado onírico, isto é, dominado pelo sonho, pela fantasia e pela imaginação. São momentos de suspensão passageira ou definitiva da razão que definem o ser humano passional, dentro do Romantismo. Toda loucura é válida.
E se o mundo não corresponde aos anseios românticos, o artista parte para a idealização criando um universo independente, particular, original. Nesse universo ele deposita suas aspirações de liberdade e à perfeição física. A figura da mulher amada, por exemplo, será associada à sempre um exemplo moral a ser seguido pelos leitores, por sua inteireza de caráter e sua moralidade irrepreensível.
Se de um lado temos sempre a figura do herói associada ao Bem, de outro é quase obrigatória nos romances a presença de um vilão, que encarna o Mal. Essa concepção moral de oposição absoluta entre Bem e Mal recebe o nome de maniqueísmo. No romantismo, o maniqueísmo constituiu mesmo a espinha dorsal das narrativas.
Normalmente, associamos o Romantismo a imagens de inocência e lirismo, mas ele tem sua face escura, tétrica e trágica. O pessimismo romântico aparece nas referências à morte e no arrebatamento passional, que às vezes conduz à loucura ou aos finais infelizes.
A Natureza, tão fundamental no Neoclassicismo, ganhará contornos particulares no Romantismo. No primeiro estilo, servia sempre como pano de fundo harmonioso para o cenário bucólico e pastoril. No segundo, acompanha os estados de espírito do poeta ou das personagens dos romances. Assim, momentos de tristeza ou desilusão corresponderão a paisagens lúgubres; bem como instantes de alegria aparecerão sempre associados a imagens luminosas.
O romântico, ao desenvolver um mundo particular, pode transformá-lo em seu espaço de fuga: é o escapismo. As saídas, para o artista, são aquelas apontadas anteriormente: o sonho, a morte, a Natureza exótica.
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