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Trovadorismo, Humanismo, Classicismo, Barroco E Arcadismo

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Por:   •  6/5/2014  •  8.225 Palavras (33 Páginas)  •  2.791 Visualizações

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Trovadorismo

Introdução

Podemos dizer que o trovadorismo foi a primeira manifestação literária da língua portuguesa. Surgiu no século XII, em plena Idade Média, período em que Portugal estava no processo de formação nacional.

Marco inicial

O marco inicial do Trovadorismo é a “Cantiga da Ribeirinha” (conhecida também como “Cantiga da Garvaia”), escrita por Paio Soares de Taveirós no ano de 1189. Esta fase da literatura portuguesa vai até o ano de 1418, quando começa o Quinhentismo.

Contexto Histórico

 Momento final da Idade Média na Península Ibérica, onde a cultura apresenta a religiosidade como elemento marcante.

 A vida do homem medieval é totalmente norteada pelos valores religiosos e para a salvação da alma.

 São comuns procissões, romarias, construção de templos religiosos, missas etc.

 A arte reflete, então, esse sentimento religioso em que tudo gira em torno de Deus.

 Por isso, essa época é chamada de Teocêntrica.

 As relações sociais estão baseadas também na submissão aos senhores feudais. Estes eram os detentores da posse da terra, habitavam castelos e exerciam o poder absoluto sobre seus servos ou vassalos.

 Há bastante distanciamento entre as classes sociais, marcando bem a superioridade de uma sobre a outra.

Trovadores

Na lírica medieval, os trovadores eram os artistas de origem nobre, que compunham e cantavam, com o acompanhamento de instrumentos musicais, as cantigas (poesias cantadas). Estas cantigas eram manuscritas e reunidas em livros, conhecidos como Cancioneiros. Temos conhecimento de apenas três Cancioneiros. São eles: “Cancioneiro da Biblioteca”, “Cancioneiro da Ajuda” e “Cancioneiro da Vaticana”.

Os trovadores de maior destaque na lírica galego-portuguesa são: Dom Duarte, Dom Dinis, Paio Soares de Taveirós, João Garcia de Guilhade, Aires Nunes e Meendinho.

No trovadorismo galego-português, as cantigas são divididas em: Satíricas (Cantigas de Maldizer e Cantigas de Escárnio) e Líricas (Cantigas de Amor e Cantigas de Amigo).

Cantigas de Amor: neste tipo de cantiga o trovador destaca todas as qualidades da mulher amada, colocando-se numa posição inferior (de vassalo) a ela. O tema mais comum é o amor não correspondido. As cantigas de amor reproduzem o sistema hierárquico na época do feudalismo, pois o trovador passa a ser o vassalo da amada (suserana) e espera receber um benefício em troca de seus “serviços” (as trovas, o amor dispensado, sofrimento pelo amor não correspondido). O sentimento oriundo da submissão entre o servo e o senhor feudal transformou-se no que chamamos de vassalagem amorosa, preconizando, assim, um amor cortês. O amante vive sempre em estado de sofrimento, também chamado de coita, visto que não é correspondido. Ainda assim dedica à mulher amada (senhor) fidelidade, respeito e submissão. Nesse cenário, a mulher é tida como um ser inatingível, à qual o cavaleiro deseja servir como vassalo. A título de ilustração, observemos, pois, um exemplo:

Cantiga da Ribeirinha

No mundo non me sei parelha,

entre me for como me vai,

Cá já moiro por vós, e - ai!

Mia senhor branca e vermelha.

Queredes que vos retraya

Quando vos eu vi em saya!

Mau dia me levantei,

Que vos enton non vi fea!

E, mia senhor, desdaqueldi, ai!

Me foi a mi mui mal,

E vós, filha de don Paai

Moniz, e bem vos semelha

Dhaver eu por vós guarvaia,

Pois eu, mia senhor, dalfaia

Nunca de vós houve nem hei

Valia dua correa.

Paio Soares de Taveirós

Vocabulário:

Nom me sei parelha: não conheço ninguém igual a mim.

Mentre: enquanto.

Ca: pois.

Branca e vermelha: a cor branca da pele, contrastando com o vermelho do rosto, rosada.

Retraya: descreva, pinte, retrate.

En saya: na intimidade; sem manto.

Que: pois.

Des: desde.

Semelha: parece.

D’haver eu por vós: que eu vos cubra.

Guarvaya: manto vermelho que geralmente é usado pela nobreza.

Alfaya: presente.

Valia d’ua correa: objeto de pequeno valor.

Cantigas de Amigo: Surgidas na própria Península Ibérica, as cantigas de amigo eram inspiradas em cantigas populares, fato que as concebe como sendo mais ricas e mais variadas no que diz respeito à temática e à forma, além de serem mais antigas. Diferentemente da cantiga de amor, na qual o sentimento expresso é masculino, a cantiga de amigo é expressa em uma voz feminina, embora seja de autoria masculina, em virtude de que naquela época às mulheres não era concedido o direito de alfabetização. Tais cantigas tinham como cenário a vida campesina ou nas aldeias, e geralmente exprimiam o sofrimento da mulher separada de seu amado (também chamado de amigo), vivendo sempre ausente em virtude de guerras ou viagens inexplicadas. O eu lírico, materializado pela voz feminina, sempre tinha um confidente com o qual compartilhava seus sentimentos, representado pela figura da mãe, amigas ou os próprios elementos da natureza, tais como pássaros, fontes, árvores ou o mar. Constatemos um exemplo:

Ai flores, ai flores do verde pinho

se sabedes novas do meu amigo,

ai

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