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12 Anos de Escravidão

Por:   •  7/9/2016  •  Projeto de pesquisa  •  2.030 Palavras (9 Páginas)  •  901 Visualizações

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ANÁLISE DE FILME “12 anos de escravidão”

[pic 1]

        O filme 12 Anos de Escravidão  é o terceiro e também o mais aclamado filme do diretor britânico Steve Mc Queen. O roteiro foi escrito por John Ridley, e o filme é protagonizado por Chiwetel Ejiofor, contando também com o poder promocional de atores como Brad Pitt e Benedict Cumberbatch. O filme aborda a história verídica de Solomon Northup, um negro livre nascido nos Estados Unidos da época escravagista. De acordo com a narrativa, Salomon era músico e trabalhava como violinista no distrito de Saratosa, também em Nova York, e vivia com a esposa e dois filhos. Dois homens o visitam para lhe oferecer um emprego provisório em Washington, e ele aceita. Chegando lá os três saem e vão comemorar o evento, os recrutadores embriagam e drogam Solomon Northup antes de o jogarem numa senzala de propriedades de James Burch, um rico vendedor de escravos. A história de Solomon Northup prossegue até ele ser posto para trabalhar em plantações no estado de Louisiana por 12 anos antes de sua libertação. Lançado em 2013, na 86ª edição do Oscar em 2014, o filme foi indicado em 9 categorias e ganhou 3 prêmios: Melhor Filme, Melhor Atriz Coadjuvante (Lupita Nyong'o) e Melhor Roteiro Adaptado.  De acordo com opinião da crítica Susan Wloszczyna, o filme faz você sentir que testemunhou a escravidão em todo seu horror como se fosse à primeira vez e, além disso, transmite uma sensação metódica de desespero ao ponto de constantemente ansiar-se por esperança e alívios emocionais.

        O relato do filme em si, não faz a escravidão ser mais real, porém, cria uma verdade psicológica ao interpolar um incidente que não é de todo factual, e como conhecemos sobre o assunto através do que é disponibilizado pela mídia, o filme se torna ousado em caprichar na interpretação do período da escravidão e também perceber onde estamos agora através da perspectiva escravista e olhar para a atualidade, para o tamanho da população prisional, para os problemas de saúde mental, a pobreza, o desemprego, existe evidências da escravidão é o que vemos ao redor. E não é uma coincidência, não existe uma consequência sem causa. Pensando sobre o assunto, vem em nossa mente uma sensação de vergonha, de embaraço, e pensamos que uma das razões de estar vivo hoje é devido a esse passado recente infeliz que os escravos viveram, torturados, maltratados e abusados por seus supostos senhores e donos.

        O roteirista John Ridley, fala da dificuldade em produzir um filme com um enredo previsível como este, por conta do idioma,  da linguagem e da narrativa. Ao ler a história de Solomon, é possível perceber que a história atravessa todo o livro quebrando a narrativa, porém, o estilo de escrita é arcano e rebuscado.  Outro aspecto difícil foi o cuidado em ambientar a época e não deixar passar detalhes específicos da história em relação ao tempo retratado e não falhar sobre a originalidade moral da época, retratar as ideias de uma diáspora africana e o senso de união entre os descendentes da África e ficar ligado aos sentidos da escravidão, a natureza internacional da mesma e ausência de humanidade que a cercava.  A ideia de um homem livre do norte ser raptado e levado para um labirinto podre da escravidão, o poder de acompanhar esse homem enquanto figura de escravo  é atordoante além de um sentimento de “chateamento” que nos marca o coração.  É como se fosse um diário pessoal do homem que vive a história e em primeira mão escreve seu comovente relato.

        No filme, 12 Anos de Escravidão explora a violência e maldade humanas em diversas cenas de tortura, flagelo, estupro, privação física e sensorial, essas cenas de violência são necessárias para poder entender a jornada psicológica do homem livre que passa a ser escravo, entender o que ele foi, o que suportou, e num sentido mais amplo o que as pessoas pensariam sobre ele e a compreensão interna do que aconteceu com o personagem e ainda acontece com pessoas no nosso momento atual onde ainda existem pessoas na condição de escravo.

        Um outro fator que contribui para marcar a originalidade do filme foi local de filmagem, o escolhido já havia sido palcos da escravidão na época do século XIX, o local era anteriormente fazenda do estado da Louisiana nos EUA, outrora era fazenda com grandes plantações de algodão e cana de açúcar, podemos analisar que, o cenário nos transporta diretamente para o século XIX através dos aspectos visuais, e hoje o atual proprietário conta que não é possível ver os túmulos e lápides onde eram enterrados os escravos mortos, porém com algumas cavadas na terra da fazenda para encontrar vestígios da existência daquele povo escravo e de seus artefatos arquitetônicos da época que foram deixados mesmo depois de remoções passadas, alguns detalhes estéticos ainda permanecem e isso pode ser visto no edifício ao redor da fazenda e na fachada e os detalhes na pintura, deixando a impressão de que estamos na cena do crime. Mesmo com um assunto áspero, o local de ação é exuberante e mostra um retrato igualmente belo da vida dos escravos,  a proximidade real com o espaço onde as coisas se desenrolaram fez com que o trabalho dos atores e produtores do filme, fosse intenso e prazeroso, projetando-os para diversos aspectos da vivência e do sofrimento escravo, como se o trabalho fosse mais emocionante e poderoso.

O conflito entre livro e filme

        A biografia de Salomon Northon, serviu de inspiração para o trabalho não foi escrita por ele, que era uma pessoa alfabetizada, e sim por David Wilson, um advogado branco que mora em Nova York e por dar margens a muitas opiniões negativas em torno da autenticidade da história, o fato de um branco ter escrito a biografia de um negro não é uma reiteração irrelevante de se fazer mesmo nos dias atuais. A biografia original (capa original abaixo), foi publicada pela Derby & Miller em 1852, o livro original se chama Twelve Years a Slave: Narrative Of Solomon Northup, e aborda “um cidadão de Nova York sequestrado em Washington D.C em 1841, e salvo em 1853, de uma plantação de algodão nas imediações de Red River, estado de Louisiana.

[pic 2]

        Segundo o redator  Michael Cieply, do The New York Times, durante décadas, alguns estudiosos vêm tentando desvendar a verdade literal do relato de Northup das convenções do gênero literário escravagista. Um historiador chamado James Olney afirma que as pressões populares criaram uma certa uniformidade no conteúdo das narrativas de escravos, com temas comuns e recorrentes que envolvem principalmente três tópicos: o questionamento da identidade pessoal, as descrições angustiantes de opressão e a defesa aberta pela causa abolicionista e o fato de os abolicionistas convidaram um escravo para contar sua história de experiência na escravidão em prol da convenção antiescravagista, esses abolicionistas tinham claras expectativas compreendidas por si mesmas foi por essa causa que surgiu um artigo escrito para o site The Atlantic, onde o crítico de cinema Isaac Butler também argumentou sobre essa questão de adequação literal do filme dizendo que a  prática de julgar a ficção por quão bem pode estar em conformidade com a realidade.

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