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A Concepção De Infancia

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Por:   •  21/4/2014  •  9.496 Palavras (38 Páginas)  •  329 Visualizações

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Conceito de criança

Pesquisando na literatura existente, percebe-se que a palavra infância foi concebida e tratada de diferentes maneiras em distintos momentos da história da humanidade.

A criança, até o século XVII, tinha pouca importância para a sociedade, por conseguinte para a família. O dicionário Aurélio, que navega rente à psicologia em seu verbete relativo à infância, diz que esta significa: período de vida que vai do nascimento à adolescência, no qual o crescimento se faz, concomitantemente, em todos os domínios e, que, seguindo os caracteres anatômicos, fisiológicos e psíquicos, divide-se em três estágios: primeira infância, de zero a três anos; segunda infância, de três a sete anos; e terceira infância, de sete anos até a puberdade.

A infância para ROUSSEAU constitui uma fase da vida e não uma simples preparação para a vida o autor cita que a criança é um ser com características próprias, e por isso não deve ser encarada como um adulto em miniatura. A criança, segundo ele, teria que se comportar como ela é e não como os adultos gostariam que ela fosse. ROUSSSEAU foi o primeiro a considerar a criança enquanto tal, com sentimentos, desejos e idéias próprias, diferentes dos adultos. (ROUSSEAU apud PINHEIRO, 1998).

A educação das crianças, que acontecia diretamente ligada à vida nas reuniões de trabalho e lazer, foi substituída pela aprendizagem escolar percebe-se uma tendência crescente de separar o mundo das crianças do mundo dos adultos. Boa parte das crianças brasileiras enfrenta atualmente, um cotidiano bastante adverso que as conduz desde muito cedo a precárias condições de vida, ao trabalho infantil, ao abuso e exploração por parte de adultos. Entretanto, existem crianças que são protegidas de todas as maneiras, recebendo de seus familiares e da sociedade em geral todos os cuidados necessários ao seu desenvolvimento. Essa dualidade revela a contradição e conflito de uma sociedade que não resolveu ainda as grandes desigualdades sociais presentes na sociedade. (RCNEI, 1998).

Analisando a história da criança e/ou a infância no Brasil, observa-se que esta foi marcada pela repressão, marginalização e exploração nas mais diferentes formas, tanto pela “família” como pela sociedade.

CRAIDY (In CRAIDY e KRAMER, 2001), comenta que a Lei de Diretrizes e Bases da educação – LDB, assim como as outras Leis recentes a respeito da infância no Brasil são fruto da Constituição Federal de 1988, que definiu uma nova doutrina em relação à criança, que é a doutrina da criança como sujeito de direitos. Desde essa Constituição (1988) ficou legalmente definida que os pais, a sociedade e o poder público têm que respeitar e garantir os direitos da criança. Direitos esses definidos no artigo 227 que diz:

Art. 227 – É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência e opressão.

Nesse sentido, todos são obrigados a respeitar os direitos definidos na constituição brasileira que reconheceu a criança como um cidadão em desenvolvimento. Ainda comentando os direitos reservados às crianças, OLIVEIRA (2002) informa que a década de 90 foi palco de novos marcos e/ou conquistas. Uma delas foi a promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente, que caracterizou as conquistas dos direitos das crianças promulgados pela Constituição. Essa “conquista” preparou o ambiente para aprovação da nova LDB – Lei nº 9394/96 que estabelece a educação infantil como etapa inicial da educação básica. Essa foi uma conquista histórica, onde as crianças brasileiras são tiradas de seu confinamento em instituições de cunho assistencialista.

É com essa preocupação que GADOTTI (In FLEURY, 2000) faz o seguinte desabafo: “vivemos um tempo em que a criança é vítima da crise geral da sociedade. A violência generalizada não perdoa a infância, quase sempre indefesa. Vivemos em um país onde a massa da população é menor de idade; no entanto, ela é postergada, utilizada como canal de exploração do adulto, ou simplesmente abandonada, quando se trata das classes subalternas. Um país onde milhares de crianças morrem anualmente de fome”.

Ainda relatando o problema da criança brasileira, GODOTTI (op cit) afirma que este é quase universal. No âmbito do lar, há prêmios e castigos em função dos valores instituídos, onde a criança é “indesejada”, assim como os velhos, pois não produzem. É dito que se ama uma criança embora, contrariamente, no cotidiano ela é apenas tolerada. Esta é a realidade para grande parte das crianças no contexto atual.

Já para PEREIRA e SOUZA (In KRAMER e LEITE, 1998) as crianças, atualmente, estão com agenda lotada. A televisão se transformou em babá. Pais ausentes, carinhos transformados em objetos. Erotização da infância, sexualidade, publicidade, individualismo desencadeado pela ausência do outro. Criança sozinha, criança que manda nos pais. Esses são alguns dos fragmentos que compõem o contexto da criança na sociedade contemporânea.

A realidade contemporânea impõe à criança um ritmo de vida alucinante, nessa ótica, PEREIRA E SOUSA (1998), a criança no mundo moderno, também veste asas de anjos da história. As asas abertas talvez não signifiquem promessas de vôo. Seriedade. Sisudez. É preciso tornar-se um sujeito de razão. Prontidão. Amadurecimento. Pressa. Judô. Informática. Natação. Empurada, seduzida cada vez mais para o futuro mundo adulto.

Para finalizar, JOBIM e SOUZA et al (apud KRAMER E LEITE, 1998) comentam que os filhos já não se reconhecem como continuidade da história dos pais, tornando-se estranhos na própria casa. Descoberta pelo mercado, a criança vive o paradoxo de ser consumidora e objeto de consumo ao mesmo tempo. Transformada por nós, sem qualquer piedade ou indignação, em mercadoria da época, a criança contemporânea tem como destino flutuar erraticamente entre adultos que já não sabem o que fazer com ela.

Enfim, a modernidade não trouxe “avanços” para a posição social da criança e para elevação da compreensão do seu papel.

1. 5. Tendências pedagógicas: influências nas concepções de criança.

Segundo MIRANDA (1983) podem-se definir duas concepções distintas de criança na educação: uma na pedagogia tradicional e a outra na pedagogia nova. De acordo com a autora, na pedagogia tradicional, a idéia de criança

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