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A Criança e o Câncer

Por:   •  21/2/2020  •  Trabalho acadêmico  •  666 Palavras (3 Páginas)  •  132 Visualizações

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A criança e o câncer

Escrito por Márcia Aparecida do Nascimento – Psicóloga\ Psico-oncologista

O Câncer como sabemos, é uma doença assustadora e que traz consigo o estigma da finitude humana, ou seja, a morte.

O adoecer é algo que ainda constrange os seres humanos, pois a possibilidade da aproximação da morte nos causa dor e desesperança, e nas crianças, o sentimento é menor ou maior?

A partir do momento do diagnóstico, esses pequenos pacientes começam a ser submetidos a inúmeros exames e procedimentos que em muitos casos são prolongados e desgastantes, provocando queixas que cessam apenas com analgésicos de grande potência, surgindo sentimento de angústia, incerteza e solidão.

De acordo com o estatuto da criança e do adolescente, eles tem o direito de permanecer com acompanhante durante todo o atendimento ambulatorial\hospitalar, porém sem receber muita informação sobre os procedimentos aos quais serão submetidos, e na maioria das vezes sem nenhuma atividade lúdica para amenizar o estresse provocado pelo tratamento.

O tratamento inicial costuma ser direcionado pelas queixas dos pequenos pacientes, e por seus familiares, até se obter o diagnóstico definitivo do câncer, quando então serão encaminhados para um hospital de referência especializado na patologia específica. Neste momento inicia-se um novo tempo de incertezas e de novos relacionamentos, e em muitos casos longe de casa. Esta nova vivência é acompanhada por grande angústia e sofrimento pela família, mas para quem não imagina, esses pequenos corajosos são guerreiros e não se dão por vencidos facilmente!

A partir do início do tratamento, a criança poderá experimentar desconfortos físicos e emocionais em decorrência dos efeitos colaterais dos medicamentos antineoplásicos tais como: náuseas, vômito, mal estar, dentre outros.

O mundo-vida da criança começa a desabar por falta de experiências anteriores, ou até mesmo falta de maturidade para compreender o que está acontecendo, pois em um primeiro momento já é difícil para nós adultos entendermos a nova rotina, imaginem para os pequeninos guerreiros!

Esta nova novidade passa a fazer parte do mundo da criança e de seus familiares, desafiando a todos e fazendo com que a criança crie ferramentas para se adaptar as novas condições de vida e a convivência consigo mesmo nessa situação.

Devemos ser verdadeiros com os pequenos guerreiros, contando-lhes todas as etapas que estiverem vivenciando de forma lúdica e acolhedora, criando atividades recreativas nos núcleos de tratamento a fim de amenizar o estresse dos procedimentos.

A necessidade de implantação de procedimentos lúdicos no tratamento de crianças e adolescentes com câncer, deveria ser uma preocupação de todos os profissionais de saúde que o assistem, tendo como objetivo, oferecer-lhes um tratamento integral e humanizado.

É possível para as crianças através das brincadeiras, criarem um mundo de construção “de faz de conta”, onde desenvolvem mecanismos de enfrentamento, mesmo que temporariamente, pois a convivência com o medo, a angústia, a situação de brincar promove bem estar, mesmo que temporário.

O adoecimento de uma criança ou adolescente com câncer ou uma doença grave, provoca uma sensação de perda de suas possibilidades de realização, liberdade e muitas vezes, levam-nas a pensar em sua finitude. Reforço que através da introdução de alternativas lúdicas quando utilizadas desde o início do tratamento, diminui o estresse provocado pela doença e ajuda a criança a vivenciar este momento doloroso de maneira “natural”.

De acordo com Mitre, 2000, p. 113 diz: “poderíamos considerar o brincar como uma janela que se abre num espaço, onde mais do que olhar a vida pode-se vive-la. Uma janela que pode ser aberta pela própria criança, para que o hospital, enquanto um lugar de dor e restrição possa dar espaço ao exercício da vida, ainda que breve”.

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