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A Criminalização Da Vítima E A Vitimização Do Carrasco

Por:   •  18/4/2023  •  Artigo  •  5.541 Palavras (23 Páginas)  •  48 Visualizações

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PSICOPATAS: O RESGATE DA VÍTIMA, É POSSÍVEL?

Elaine Jorge Prá Köene[1]

Prof. Me. Sílvia Regina do Prado Amaral[2]

Faculdade Inspirar

RESUMO: Este artigo dá continuidade ao iniciado no II CONGRESSO DE PESQUISA E EXTENSÃO DA FACULDADE INSPIRAR intitulado “psicopatas: criminalização da vítima e vitimização do perverso”, sob novo ângulo: identificar comportamentos decorrentes da convivência com psicopatas e intercorrências daí advindas. Responder se resultam ou não comprometimentos como traumas, sequelas, alterações emocionais, psicológicas ou até mesmo transtornos mentais deste tipo de relacionamento, e em que grau, é o objeto deste estudo.  Por existir um número ínfimo de publicações e informações acadêmicas a esse respeito, para o desenvolvimento desta pesquisa, que se dá em forma de fundamentação teórica, são utilizadas também publicações em redes sociais, onde a dimensão virtual se confunde com o real quando pessoas, condicionadas pelo sistema, compartilham a intimidade de sua vida, expondo-a a um número indizível de indivíduos (AMARAL, 2016), principalmente em canais voltados para a área da saúde, particularmente no Youtube, segundo site mais acessado no  mundo conforme Alexa Ranking[3], plataforma em que as pessoas encontram vídeos voltados para suas mais diversas necessidades, onde profissionais divulgam saberes em sua área de atuação, o que é justificado por Tomael e Marteleto (2006) pelo fato de, segundo eles, as pessoas gostarem de compartilhar o que conhecem, motivo de especialistas  interagirem ativamente com seus seguidores através de comentários, fundamentais para esta investigação. É neste espaço que se encontra riquíssimo material relativo ao tema deste trabalho, em suas mais diversas facetas, ou seja, depoimentos de experiências pessoais de sujeitos, cujos nomes serão aqui omitidos, e/ou substituídos por outros fictícios. 

Palavras-chave: psicopatia, narcisismo maligno, traumas, sequelas, transtornos mentais

ABSTRACT: This article continues what was started in the II CONGRESSO DE PESQUISA E EXTENSÃO DA FACULDADE INSPIRAR entitled "psychopaths: criminalization of the victim and victimization of the perverse", from a new angle: to identify behaviors arising from living with psychopaths and the resulting complications. To answer whether or not compromises such as trauma, sequels, emotional and psychological alterations, or even mental disorders result from this type of relationship, and to what degree, is the object of this study.  Because there is a small number of academic publications and information on this subject, for the development of this research, which takes the form of theoretical foundation, publications on social networks are also used, where the virtual dimension blends with the real when people, conditioned by the system, share the intimacy of their lives, exposing it to an untold number of individuals (AMARAL, 2016), especially in channels focused on the health area, particularly on youtube, the second most accessed website in the world according to Alexa Ranking, a platform where people find videos focused on their most diverse needs, where professionals disclose knowledge in their area of expertise, which is justified by Tomael and Marteleto (2006) by the fact that, according to them, people like to share what they know, which is why experts actively interact with their followers through comments, fundamental to this research. It is in this space that one can find a wealth of material related to the theme of this work, in its most diverse facets, that is, testimonials of personal experiences of subjects whose names will be omitted here, and/or replaced by other fictitious ones.

Keywords: psychopathy, malignant narcissism, trauma, sequelae, mental disorders

Introdução

Narcisista só vê o espelho. Alguém que nutre uma paixão exagerada por si mesmo, é a definição mais comum para este vocábulo. Mas há algum tempo foi cunhado o termo narcisista maligno, largamente utilizado atualmente, por alguns autores abreviando-o como "narc", a exemplo de Mendonça (2019), que faz uso dos termos Narcisista, Narcisista Maligno ou simplesmente Narc, para referir-se ao psicopata.

Ausência de culpa, remorso e falta de empatia definem os portadores deste transtorno que, para Mecler (2020, p. 55), “são perturbações mentais caracterizadas por uma alteração no desenvolvimento da personalidade, decorrente de falhas na estruturação do caráter”.  Enquanto a maioria dos teóricos são categóricos em afirmar que a característica principal destes indivíduos é não ter sentimentos, na realidade seu sentimento é imensurável, exacerbadamente maior do experimentado por empatas.

O psicopata ou narcisista maligno sente, e muito, mas todos os seus sentimentos são voltados somente para si mesmo (BARÁNY, 2017). Não se importa com ninguém além de si, nem mesmo com a mãe ou um filho, com o que concordam HARE (2013), SIMON (2016), MENDONÇA (2019) entre outros, apesar de saber “se expressar em termos de respostas afetivas esperadas” (SHINE, 2010, p. 21).

Dissimulado por natureza, o narcisista maligno “dá a impressão de que tem muito pouco reconhecimento real de sentimentos dos quais verbaliza tão racionalmente” (SHINE, 2010, p. 21), o que dificilmente é percebido por um interlocutor incauto, tamanho sua desfaçatez. São envolventes, “lançam uma grande rede, e praticamente todo mundo cai nela, em algum momento” (HARE, 2013, p. 20).

Segundo Erickson (2021, p. 55, 56), psicopatas

[...]não sentem nada do que dizem; isso apenas faz parte de um plano maior. [...] Para que você se torne propriedade dele, assim como seus bens e ativos. [...] O psicopata seguirá em frente com o seu plano principal: sugar até você não conseguir mais se manter em pé. Em vez de envelhecerem juntos, ele fará com que você envelheça antes do tempo.

“Destituídos de qualquer empatia, eles tentam obter aquilo que querem sem se importar com quem atravessa o seu caminho” (DAYNES & FELLOWES, 2012, p.15).  Sentem um amor narcísico e avassalador, que não os permite ver ninguém além de si mesmos, por quem nutrem um sentimento descomunal que faz com que se tornem desumanos, portadores de frieza tal a ponto de não enxergarem a humanidade do outro, que para eles é visto como mercadoria, objeto a ser manipulado e que, após seu uso, é descartado, jogado fora.

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