A Gaiola De Chips:
Pesquisas Acadêmicas: A Gaiola De Chips:. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: fukuzaki • 29/5/2014 • 657 Palavras (3 Páginas) • 368 Visualizações
1 Tecnologia a favor ou contra
Na clássica análise acerca da cultura e sociabilidade contemporâneas,
realizada pela Escola de Frankfurt __ leia-se Adorno & Horkheimer (1985) __,
era possível perceber a forte influência de Max Weber e sua análise do
“desencantamento do mundo”. A escalada da racionalidade técnica passava a
nortear a estrutura social e as ações humanas, aprisionando os homens numa
verdadeira “gaiola de ferro”. Contemporaneamente, poderíamos nos perguntar
se a “gaiola de ferro” não teria sido substituída por uma “gaiola de chips”.
No tempo em que ainda era um homo academicus, Pierre Lévy (1999) fez
uma interessante observação acerca das relações entre tecnologia e sociedade,
numa perspectiva diferente daquela dos frankfurtianos. Para ele, a utilização
da metáfora de “impacto” das novas tecnologias seria inadequada __ a técnica
deve ser considerada como produto social do homem, além de constitutivo
da humanidade como tal. Nessa perspectiva, as técnicas, antes de determinar,
condicionariam a sociedade e a cultura:
Dizer que a técnica condiciona significa dizer que abre algumas possibilidades,
que algumas opções culturais ou sociais não poderiam ser pensadas a sério
sem sua presença. Mas muitas possibilidades serão abertas e nem todas serão
aproveitadas. As mesmas técnicas podem se integrar em conjuntos culturais
diferentes. [...] Uma técnica não é nem boa nem má (isso depende dos
contextos, dos usos e dos pontos de vista), tampouco neutra (já que é
condicionante ou restritiva, já que de um lado abre e de outro fecha o espectro
de possibilidades). Não se trata de avaliar seus “impactos”, mas de situar as
irreversibilidades às quais um de seus usos nos levaria, de formular os projetos
que explorariam as virtualidades que ela transporta e de decidir o que fazer
dela. (LÉVY, 1999, p.25)
Lévy, assumindo uma postura “antifrankfurtiana” ao construir essa reflexão
sobre as influências sociais da tecnologia, atualiza a clássica oposição “integrados”
x “apocalípticos” de Umberto Eco. Oposição que, em relação à
técnica, também poderia ser concebida, como quer Francisco Rudiger, entre
“prometeicos” e “fáusticos”, ou, mais simplesmente, entre “tecnófilos” e
“tecnófobos”. A questão é: não existiria um “caminho do meio”, a possibili-
Em Questão, Porto Alegre, v. 11, n. 1, p. 13-34, jan./jun. 2005.
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dade de refletir acerca de aspectos negativos e positivos em conjunto? Como
observa Rudiger (2003, p. 23), “Prometeu e Fausto não deveriam nos cegar,
por mais que esta esteja extenuada, para a presença de Minerva.”
Nossa intenção neste texto é a de tecer algumas reflexões acerca de um
conjunto de concepções que vem se cristalizando em torno das relações sociais
mediadas pela rede constituída pelas novas tecnologias de comunicação e
informação. Concepções que, principalmente quando
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