A PROJECÇÃO COMO MODO DE APREENDER A REALIDADE
Por: ulissiuss • 23/4/2016 • Resenha • 966 Palavras (4 Páginas) • 305 Visualizações
A PROJECÇÃO COMO MODO DE APREENDER A REALIDADE
1-A projecção é um conceito paradoxal em Psicologia,muitas vezes percebido como próprio dum mundo pré-científico e portanto desvalorizado-“estás a projectar!” Ou seja “estás fora da realidade!””não tens os pés no chão”,”esses teus conhecimentos são apenas mitos”
2-O que fundamenta a Projecção ,do ponto de vista científico e a sua avaliação através das técnicas projectivas ,pode ser definido como a maneira de apreendermos a realidade implicada na subjectividade.
Assim a projecção não é o oposto da percepção nem o oposto da realidade ou da objectividade.São antes conceitos complementares.A objectividade em Psicologia é sempre um processo de objectivação.A realidade em Psicologia é inseparável da Projecção porque as pessoas pela inter-subjectividade são subjectivas.
Mas também acontece que há patologias do pensamento em que há total ausência de percepção da contradição,como há ideologias que são sistemas fechados de pensamento em que tudo confirma o que se quer ver..É o que acontece,por exemplo,na psicose paranoica em que a projecçaõ é o mecanismo de defesa essencial na recriação da realidade fora do real.É o que acontece na projecçaõ que serve de base ao deslocamento do que se passa no interior da pessoa e que é atribuido ao exterior,como no caso das fobias de animais ou dos espaços.É o que acontece no delírio e lucidez do ciúme em que a pessoa infiel e que ama acusa o outro de ser infiel.É o que acontece nos partidos políticos únicos em regimes totalitários, ou nos grupos sectários em que a lógica do chefe ou do monstro sagrado enuncia a verdade a que as pessoas aderem!
3-A Projecção é pois a maneira como os humanos se relacionam com o mundo e com os outros em que se manifesta o afecto,o imaginário,a subjectividade , a intersubjectividade e a inter-intencionalidade.Por isso quando nos encontramos com pessoas de quem gostamos ou que detestamos temos cognições que envolvem o fascínio,o amor,ou ,no oposto,o enigma,a dúvida,a raiva e o ódio.
4-Podemos pois ,a partir da Projecção e no âmbito da utilização das Técnicas Projectivas,caracterizar 3 tipos de funcionamento mental:
a)-O funcionamento normal,saudável e neurótico-quando prevalece no modo de nos relacionarmos com o mundo e com os outros-o pensamento e a cognição com processamento semântico e causal das informações, com fantasia, com jogo e brincadeira, o humor e o rirmos de nós mesmos e das coisas,os afectos e as emoções matizados,a identificação idiomórfica(identificação às próprias capacidades),a criatividade e a acção com enação,isto é ,decidida de modo implícito ou explícito(não acting out ou passagem ao acto implulsivo).
b)-O funcionamento psicótico-quando na relação com o mundo e os outros-prevalecem os fantasmas(construções inconscientes demasiado poderoso e desligados da realidades q obrigam à repetição compulsiva ),as alucinações,o delírio.Aqui o essencial é que a Projecçao falseia a realidade e a pessoa não funciona na realidade,mas na verdade absoluta(por isso o pensamento não contém o princípio da contradição...tudo confirma o que a pessoa alucina.)Neste funcionamento a identidade está perturbada pelo excesso do mundo interno da pessoa e do eu ,os quais em vez da adequação à percepção e à realidade externa,reconstroem um mundo mítico e inteiramente mágico,a partir dum processamento mítico das informações.O que lhes falta é o senso comum..Por exemplo ,a pessoa imagina que se matar pessoas o mundo vai melhorar,isto é, o psicótico constroe mitos.Aqui a pessoa observa em vez de viver,mas quando vive descarrila.Por exemplo,quando há um desastre ,a pessoa psicótica imagina logo uma catástrofe,que vai morrer,não consegue circunscrever a sua angústia catastrófica a qual invade tudo..Por exemplo,o assassino que odeia a sua mãe vai deslocar e projectar o seu ódio num outro qualquer que assassina,e por isso o assassino voltam ao local do crime(a ver se foi a mãe que matou)Há uma mente a emergir mas distorcida e por isso reina a confusão onde o que é familiar é estranho e o que é estranho é familiar.O outro não existe e não há partilha intersubjectiva.
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