A Psicoterapia e Xamanismo
Por: Rayane Gabrielle • 1/9/2021 • Trabalho acadêmico • 961 Palavras (4 Páginas) • 89 Visualizações
Psicoterapia e Xamanismo: aspectos antropológicos
Introdução
•Um dos momentos cruciais na evolução da Psicologia foi quando ela, fundamentada nos princípios
da ciência moderna, passa a interpretar os comportamentos ditos anormais como fenômenos
naturais e não mais como manifestações sobrenaturais. Este fato alçaria a Psicologia ao patamar das
outras ciências consideradas sérias, como a Física, a Química e a Biologia, que utilizavam em suas
investigações a metodologia científica, e a afastaria de abordagens metafísicas como a Teologia.
Psicoterapia e Xamanismo
•A partir de então, a Psicologia, como uma nova forma de compreender a natureza humana, tem
apresentado uma gama de propostas psicoterapêuticas que ilustram este compromisso com a ciência
e o seu afastamento daquela condenada visão primitiva do ser humano representada pela metafísica.
•A tese que defendo neste trabalho é que quanto mais a Psicologia se esforçou para assumir esta
postura científica, mais o psicoterapeuta se aproximou do xamã, isto é, as intervenções
psicoterápicas refletem aspectos antropológicos apresentados na prática do xamanismo.
Xamanismo
•Diversos grupos culturais ao redor do mundo apresentam uma forma muito similar de lidar com os
problemas humanos, que pode ser sintetizada na figura do xamã: um bruxo, mago, feiticeiro ou
pajé, como é conhecido entre algumas tribos indígenas brasileiras. Algumas particularidades
diferem a sua prática, mas não alteram a essência de sua figura.
•Isto não tem a ver com picaretas místicos da Nova Era.
Xamanismo e os problemas humanos
•Inicialmente, um membro da tribo, que tenha um problema, vai tentar por si só resolvê-lo e, se não
conseguir livrar-se do infortúnio, buscará ajuda junto aos outros membros da família e da tribo.
Caso estas alternativas tenham mostrado serem infrutíferas, ela só vai procurar o xamã se ela
acreditar realmente que ele é capaz de resolver o seu problema.
•Os problemas humanos tratados pelo xamã podem estar relacionados ao corpo e ao espírito, não
havendo separação entre corpo e mente. O xamã pode ser chamado para benzer os guerreiros antes
de uma batalha, fazer rituais de purificação, dar um conselho a um membro mais jovem da tribo ou
restaurar a saúde debilitada de uma criança. O conhecimento que ele possui é considerado efetivo
para diferentes situações.
O xamã: sua formação
•O xamã é o membro do grupo social que assume o papel de curandeiro da tribo. Esta função não
foi assumida porque ele almejou esta posição em sua sociedade e se autodenominou curandeiro.
Para atingir este cargo, ele teve que fazer uma formação específica. Quando mais jovem, ele foi
auxiliar do xamã mais antigo da tribo, que lhe transmitiu detalhadamente os conhecimentos
necessários para exercer a função de xamã. Com o tempo, ele se tornou capaz de realizar, sob
supervisão do xamã mais idoso, algumas intervenções. Hierarquicamente, a sua capacitação só é
atestada quando o xamã mais antigo aprova a sua competência e permite a sua atuação junto à tribo.
Com a velhice ou morte do xamã mais idoso é que um xamã mais moço ganha o seu status na tribo.
A eficácia do xamã
•Porém, a eficácia do seu trabalho será posta à prova nas intervenções que realiza. Caso ele não
obtenha o reconhecimento da tribo, as pessoas, quando necessitarem de tratamento, o evitarão e irão
procurar o xamã mais idoso, que terá que formar um novo sucessor.
A compreensão do xamã
•A compreensão do problema do cliente é uma das funções do xamã. A pessoa, ao procurá-lo,
espera que ele diga o que está acontecendo com ela e porque ela está assim. Na busca das causas de
seu problema o xamã costuma penetrar no mundo dos espíritos para localizar a fonte de tal queixa.
Explicações sobrenaturais têm poder duplamente mágico, pois apresenta ao doente uma dimensão
que ele desconhece e também permite ao xamã resguardar um canal de comunicação que lhe é
exclusivo, uma vez
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