A criança retardada e a mãe
Por: Victória Silva • 14/11/2016 • Trabalho acadêmico • 7.797 Palavras (32 Páginas) • 1.243 Visualizações
[pic 1]
UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO - DEDC
BACHARELADO EM PSICOLOGIA – 5º SEMESTRE
PSICOPATOLOGIA INFANTO-JUVENIL
DOCENTE: LARISSA ORNELLAS
ADRIANE ROCHA, GABRIELA LYRIO, MANOELA GUIMARÃES, QUESIA GOMES, RAÍSA COSTA E VICTÓRIA SILVA
“A CRIANÇA RETARDADA E A MÃE”
SALVADOR/BA
SETEMBRO/2016
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
1. VIDA E OBRA DE MAUD MANONNI
2. A CRIANÇA RETARDADA E A MÃE
3. A INSUFICIÊNCIA MENTAL
4. A CONTRATRANSFERÊNCIA
5. A RELAÇÃO FANTASMÁTICA DO FILHO COM SUA MÃE
6. O LUGAR DA ANGÚSTIA NO TRATAMENTO DO DÉBIL
7. O PROBLEMA DA RESISTÊNCIA NA PSICANÁLISE DAS CRIANÇAS RETARDADAS
8. O PROBLEMA ESCOLAR
9. PSICANÁLISE E REEDUCAÇÃO
REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
Este trabalho foi realizado com base na obra “A Criança Retardada e a Mãe”, de Maud Mannoni. Devido à influência desta psicanalista em sua área, esta produção também conta com uma contextualização de sua vida e obra além dos aspectos relevantes acerca da compreensão da criança débil, seu sistema de relações, o contexto escolar e educacional sobre esse público e a interpretação e intervenção da Psicanálise sobre isso.
Considerou-se de extrema importância uma abordagem do livro de maneira mais fiel possível, além da discussão sobre os assuntos que o permeiam, tal como a maneira pela qual a mãe encara o fato de possuir um filho “anormal” e todas as manifestações na vida da mesma, da figura paterna e dos demais, com já mencionado. Este trabalho foi dividido em X PARTES ( O ÚLTIMO FAVOR ALTERAR ESTE DADO) e contará também com relatos de casos de crianças que Mannoni (1995) utilizou para exemplificar a forma com que a relação é permeada.
VIDA E OBRA DE MAUD MANONNI
Manonni nasceu em Courtrai, na Bélgica em 22 de outubro de 1923 e faleceu em 15 de março de 1998, em Paris, vítima de um ataque cardíaco.
Magdalena van der Spoel pertencia à terceira geração psicanalítica francesa, era conhecida por sua coragem e intervenção constante em favor dos marginalizados, loucos e excluídos. Marcada a uma só vez pela escola inglesa de Melanie Klein a Donalds Woods Winnicott, e pelo ensinamento de Jacques Lacan e de Françoise Dolto, ela teve obras traduzidas em todo o mundo.
Mannoni manteve excelentes relações com Winnicott, e foi graças a ele que lhe foi possível ter acesso a Ronald Laing, o "enfant terrible" da British Psychoanalitical Society, que já nessa época contestava o saber psiquiátrico dominante. E foi por intermédio de Laing que ela passou a reconhecer a loucura como uma passagem, um estágio, uma viagem, e não uma doença mental. Dessa forma, era preciso inventar uma nova maneira de abordá-la fora dos muros do manicômio e das classificações da psiquiatria.
Muito ligada ao freudismo e às posições de Lacan, isso fez com que ela não adotasse as teses da antipsiquiatria. Embora preservasse a ideia não de eliminar os manicômios ou negasse a noção de doença mental, Mannoni acreditava que era preciso criar outros espaços para escutar os portadores de distúrbios mentais, ou seja, ela sonhava com uma instituição difusa (o que de fato se realizaria alguns anos mais tarde.).
Em 1964, sem deixar a IPA (lugar onde ela continuou membro até sua morte). Mannoni contribuiu com Lacan na fundação da Escola Freudiana de Paris (EFP), e foi a primeira autora a inaugurar, nas edições Seuil, a coleção "Campo Freudiano", com um livro de grande repercussão: "L'Enfant Arriéré et Sa Mère" (A Criança Atrasada e Sua Mãe).
Neste livro (o mesmo apresentado neste trabalho), ela fala da clínica psicanalítica inglesa, da qual é especialista, e, sobretudo inaugura um novo estilo de intervenção freudiana, em que se mesclam a revolta e o rigor teóricos.
Marcos:
- Em 1967, ela organizou em Paris um colóquio sobre psicoses, reunindo todos os grandes nomes ligados à história do freudismo lacaniano.
- Em 1969, criou a escola experimental de Bonneuil-sur-Marne, um local de refúgio para crianças e adolescentes em depressão.
Sobre sua formação como psicanalista de crianças, Priszkulnik (1995) afirma que se deve a Françoise Dolto e que a elaboração teórica de sua experiência, se deve ao ensino de Lacan. Para Mannoni, o campo em que o analista opera:
...é o da linguagem (mesmo se a criança ainda não fala). O discurso que se processa engloba os pais, a criança, o analista: é um discurso coletivo que se constitui em torno do sintoma apresentado pela criança. (Mannoni, 1971, p.9 apud Priszkulnik, 1995, p.98).
Esse aspecto pode ser percebido em sua obra, uma vez que ela define no início do livro que “O sujeito é antes de mais nada, um ser de diálogo e não um organismo”, enxergando dessa forma, o inconsciente como sendo estruturado como um discurso (de onde provém todo o simbolismo ligado ao nascimento, à parentalidade, ao corpo próprio, à vida e à morte.
Ainda sobre a importância de entender o discursivo coletivo que cerca a criança e o sintoma apresentado por ela, Françoise Dolto e Maud Mannoni incluem a posição parental no tratamento da criança, ou seja, elas enxergam como imprescindível a escuta dos pais na medida em que eles estão implicados nos sintomas do filho, embora isso não signifique que irá fazer o tratamento psicanalítico deles, mas sim ajudá-los a se situarem em relação à sua própria história.
...