A importância da abordagem sócio-histórica para o desenvolvimento pessoal
Artigo: A importância da abordagem sócio-histórica para o desenvolvimento pessoal. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: joyceap0605 • 27/11/2014 • Artigo • 1.419 Palavras (6 Páginas) • 458 Visualizações
ABORDAGEM HISTORICO CULTURAL
Diferentemente de todas as abordagens anteriores, a abordagem histórico-social privilegia a importância das interações sociais para o desenvolvimento do indivíduo. A aprendizagem obtida na relação das crianças com os adultos, outras crianças impulsionaria o desenvolvimento da criança. As outras abordagens não consideram de forma crucial a vivência da criança no meio social e cultural como fator indispensável para o desenvolvimento do ser humano.
Lev Semenovich Vygotsky, que morreu prematuramente, vítima de tuberculose, foi o grande idealizador desta abordagem e dos estudos que buscaram comprovar a influência das interações sociais no desenvolvimento. Ele e seus colaboradores partiram do pressuposto de que o conhecimento é construído nas interações que o sujeito estabelece como seu meio sociocultural e passarem a investigar através de quais processos o ser humano se apropria de sua cultura ao mesmo tempo em que a produz.
O princípio que orienta esta abordagem é de que desde o nascimento, a partir das interações com o outro, a criança vai se apropriando dos significados construídos socialmente e aprendemos a ser humanos, fazendo parte de uma cultura humana; isto não aconteceria naturalmente. O ser humano seria constituído do meio cultural em que nasce.
Para Vygotsky existiriam duas linhas do desenvolvimento humano, a saber:
• Desenvolvimento biológico – este dependeria da herança natural da espécie humana. Faz parte desta herança o que Vygotsky denominou de funções mentais elementares que seriam compostas pela memória, inteligência prática, percepção, atenção etc. Operam espontaneamente, sem intencionalidade e independente da vontade da criança. Seria a expressão destas funções sem o controle que será obtido posteriormente, a partir da interação com o outro, característica da transformação do ser humano, de ser biológico em ser sociocultural.
• Desenvolvimento sociocultural – através da interação com o meio cultural, mediado pelas pessoas, as funções elementares transformam-se em funções mentais superiores, que seriam processos psicológicos usados intencionalmente pelo ser humano ao longo de todo o seu desenvolvimento. Assim, o sujeito é capaz de controlar sua percepção, atenção e vontade.
No entanto, para que haja esta interação do homem com o meio cultural e o seu desenvolvimento é necessário que haja uma mediação, outro conceito fundamental para esta teoria.
Mas o que podemos entender como mediação, à luz desta abordagem?
Mediar está ligado a algo que está no meio de. No que se refere à abordagem histórico-cultural, dizemos que há sempre um signo ou instrumento que está no meio da relação entre o sujeito e o mundo.
Podemos clarear esta ideia, buscando uma analogia: ao nos comunicarmos com alguém que está distante de nós, atualmente usamos o telefone, embora já tenhamos usado o telégrafo, a carta etc.
Estes instrumentos podem ser entendidos como mediadores. Da mesma forma que o homem usa instrumentos externos, também cria outros internos. Estes seriam os sistemas simbólicos. Os diferentes tipos de linguagens (verbal, de gestos, de sinais, de trânsito, etc.) são considerados sistemas simbólicos.
Segundo Vygotsky o uso dos sistemas de símbolos é que nos torna seres tipicamente humanos, pois com o uso dos símbolos somos capazes de ordenar nossas ações, regular nossa conduta de forma ativa e consciente e dar significado ao mundo que nos rodeia. As funções mentais superiores nos permitem ultrapassar o controle do ambiente e chegar ao controle do indivíduo, o que significa conseguir realizar esses processos de maneira consciente.
Para Vygotsky, o desenvolvimento é entendido como a internalização dos modos de pensar e agir de uma dada cultura. É um processo que se inicia na infância a partir das interações com os adultos, crianças, nas brincadeiras, no cotidiano, onde são compartilhadas formas de agir e de pensar. Estas formas vão sendo progressivamente internalizadas. Segundo esta abordagem, existe a Lei do duplo desenvolvimento, na qual todas as funções no desenvolvimento da criança acontecem duas vezes: uma no nível interpsicológico (entre as pessoas) e outra no nível intrapsicológico (no interior da criança).
Tomemos como exemplo o ato de ‘pegar no ar’ da criança. A criança olha para um objeto interessante e move as mãos como se fosse pegá-lo. O adulto, intermediando essa relação, compreende que o ‘pegar no ar’ da criança refere-se ao ‘apontar’ que a criança ainda não está apropriada. O ato indiscriminado de ‘pegar no ar’ em direção a algum objeto, é transformado, por intermédio da relação com o adulto, em ato de apontar. Num próximo momento, a criança ao invés de ‘pegar no ar’ o objeto, interagirá com o adulto, apontando para um objeto, como quem diz ‘me dá aquele objeto’.
Embora alguns possam interpretar desta forma, o nível de desenvolvimento intrapsicológico não é uma mera cópia da realidade cultural, mas uma atividade complexa interna, na qual o sujeito reconstrói a realidade, inserindo-a num sistema de significações.
Diferente de Piaget, a abordagem histórico-cultural entende que o desenvolvimento é impulsionado pelas aprendizagens que acontecem no meio cultural, mediadas pelos sistemas simbólicos.
Assim, segundo Vygotsky, o conhecimento do mundo pela criança, passa necessariamente pelo outro, adquirindo então a educação um papel fundamental para esta teoria, uma vez que a considera (...) o traço distintivo fundamental da história do pequeno ser humano. A educação pode ser definida como sendo o desenvolvimento artificial da criança. Ela é o controle artificial dos processos de desenvolvimento natural. A educação faz mais do que exercer influência sobre um certo número de processos evolutivos: ela reestrutura de modo fundamental todas as
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