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ANAMNESE OCUPACIONAL - HISTÓRIAS DE VIDA E TRABALHO

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Por:   •  29/7/2013  •  3.670 Palavras (15 Páginas)  •  1.315 Visualizações

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Anamnese ocupacional – Histórias de vida e trabalho:

Entrevista um:

1- Apresentação:

1.1 - O trabalhador entrevistado:

Nome: A. (mulher) e B. (homem) – PS: A. e B. são casados

Idade: 51 / 50 anos

Naturalidade: Rio de Janeiro

Estado civil: Casad@

Filhos? Quantos? Dois filhos

Profissão: Costureir@ Tempo neste ofício: Três anos

Empresa: Bolsas (Nome fictício)

Cidade: São Gonçalo

Local da entrevista: Shopping Boulevard – São Gonçalo

2- Informações sobre funções exercidas anteriormente:

A: Sempre trabalhou com confecção de bolsas, está há 17 anos nesse ofício e 3 anos na empresa atual. “Bolsas”.

B: Já foi motorista, trabalhou em estaleiros, e está há três anos trabalhando com confecção de bolsas com a esposa na “Bolsas”.

3- Informações sobre o trabalho atual:

3.1– Descrição do posto de trabalho:

Sobre a ventilação eles relataram que em época de calor fica muito quente no galpão, pois só tem uns ventiladores e não tem janelas, somente a porta ajuda na ventilação. No inverno, ocorre o contrário, faz muito frio. As cadeiras também são desconfortáveis.

B: “Como a gente tá calejado, a gente não sente”.

A. relatou a ausência de um refeitório, eles têm uma cozinha e comem lá, porém não há lugar para todos além de ter um canil ao lado desse espaço, ou seja, o cheiro das fezes e urina do cachorro entram na cozinha. Isso acontece todos os dias antes do faxineiro limpar o canil.

Sobre os vestiários e os banheiros tanto A e B não apresentaram comentários.

B. relatou que sua mesa de trabalho também fica ao lado do canil e que o odor do canil passa por um furo na parece. Todos os dias ele sente esse cheiro, e quando reclama com a faxineira, ela diz que primeiro tem que lavar os banheiros, e que depois limpa o canil.

B. relatou que tem uma caixa de som ao lado de sua mesa, que ele não gosta dá rádio e que muitas vezes o volume do som está muito alto.

Esse posto de trabalho oferece alguns riscos físicos à saúde como: furar o dedo, costurar o dedo. Nos relatos de A. e B. esses ferimentos acontecem uma vez ou outra, não sendo muito frequentes.

3.2– Função exercida:

Nesse ofício eles ficam sentados, mexendo os dois pés para movimentar os dois pedais da máquina de costura e as duas mãos para manusear a máquina e o tecido.

Como equipamento e instrumentos utilizados eles relatam: máquina de costura, tesoura, linha, tecido cortado, couro cortado.

Eles relatam que as pessoas que trabalham com cola fórmica muitas passam mal. E somente os trabalhadores que trabalham diretamente com tal material é que têm direito a usar uma máscara. A e B não trabalham com essa cola, mas se incomodam com o cheiro. Disseram que se a pessoa for recém contratada não aguentar o cheiro da cola, ela acaba sendo demitida da fábrica. “Tem pessoas que não se acostumam com o cheiro”.

Quando não tem costura eles vão para outros setores, como o de corte. Nesse setor eles ficam em pé e trabalham com cola fórmica.

Todos na fábrica devem usar obrigatoriamente sapato fechado e uma camisa de uniforme (camisa normal).

Relatam dores nas pernas e braços por causa dos movimentos repetitivos.

B: “Eu tava com dor nas costas aí andei, fui lá e voltei” “Eu fico saturado, às vezes cansa”.

As máquinas recebem manutenção uma vez por semana, mas B. relata que ele também sabe dar manutenção nas máquinas. E que sempre que precisa ele mesmo conserta a sua própria máquina e a de sua esposa A.

3.3– Organização do trabalho:

3.3.1

Jornada diária de 9 horas de segunda à sexta; uma hora para o almoço e 15 minutos para um lanche pela tarde. Quando precisam eles fazem hora extra ou trabalham aos sábados. Principalmente no fim do ano, quando têm prazo para entregar toda a encomenda, eles fazem hora extra durante a semana e aos sábados. Recebem um adicional no salário referente às horas extras.

Relatam que as férias são um problema. Eles têm direito a 20 dias de férias no período de natal e ano novo e mais 10 no carnaval. Falam que não estão satisfeitos com isso, pois não conseguem descansar nesses períodos e que acabam perdendo os feriados, já que eles estão de férias.

A: “Não tem como planejar um passeio, uma coisa diferente”.

B: “Ah, se vocês pudessem ajudar a gente nisso...”.

Na fábrica tem um sistema de vigilância por câmeras e a sala do chefe é de vidro e fica no segundo andar, de forma que ele consegue ver o que acontece no primeiro piso onde ficam os operários.

São organizados por mesas, cada uma possui uma equipe de 3 ou 4 pessoas. Uma delas é o chefe da mesa. Normalmente ficam dois (duas) costureiros (as) e alguém que monta as peças da bolsa, assim, monta-se uma parte, costura-se, volta com essa peça para que outra parte seja montada/acoplada a ela e aí costuram novamente, e dessa forma segue até que a bolsa esteja concluída.

Eles não recebem por produção, têm um salário fixo. Não há disputas, nem prêmios para quem produz mais. Mas relatam que logo que eles entraram na “Bolsas” havia uma empresa contratada (terceirizada) que fazia o serviço de vigilância, o nome desse serviço era “célula”. Assim, relataram que eles tinham tempo para produzir as bolsas (1 hora = 4 bolsas) e que se eles não fizessem as quatro bolsas nessa hora, acumulava pra a próxima hora. Contam também que cada mesa tinha um quadro de informações, que mostravam quanto cada mesa havia produzido.

B: “No início era uma pressão psicológica” “Pô, mas você só produziu isso?!”. Os próprios colegas de trabalho

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