AS ALTERAÇÕES DE COMPORTAMENTOS EM INDIVÍDUOS OBESOS, VÍTIMAS DE PRECONCEITO SOCIAL
Por: Silvane Miquelin • 7/3/2018 • Artigo • 4.092 Palavras (17 Páginas) • 259 Visualizações
ALTERAÇÕES DE COMPORTAMENTOS EM INDIVÍDUOS OBESOS, VÍTIMAS DE PRECONCEITO SOCIAL.
Silvane Miquelin
RESUMO
O presente artigo, foi constituído por pesquisas bibliográficas, pautadas nos princípios da Análise do Comportamento. Discorrendo sobre a temática de como as contingências sociais podem, ou não, afetar o comportamento de pessoas obesas.
Para isso foi necessário descrever alguns termos, de como a Análise do Comportamento explica vários processos sociais, e como isso acontece: a relação entre o organismo e o ambiente.
Desta forma foi possível compreender que mesmo pelos dados verificados pelas referências bibliográficas, de sujeitos que apresentam histórico de aparente sofrimento, devido à contingências de punição e reforço negativo pela sociedade, frente a sua condição de obeso.
É possível ter atitude frente ao meio social que o oprime, e aceitar-se de forma a libertar-se dos “rótulos” culturais, e tornar-se o controlador de sua própria vida e de seus sentimentos em relação ao seu corpo.
Claro que não se trata de uma tarefa fácil, como nenhuma forma de discriminação é, mas da mesma forma que o homem é modificado pelo ambiente, o ambiente também pode ser modificado pelo homem.
PALAVRAS-CHAVE: Análise do comportamento; pessoas obesas; contingências; discriminação; ambiente.
ABSTRACT
This article, was consisted by bibliographic research, guided by the principles of behavior analysis. Discoursing on the subject of how social contingencies can, or can not, affect the behavior of fat people.
For this, it was necessary to describe some terms, about how the behavior analysis explain several social process, and how it happens: the relation between the organism and the environment.
By this way, it was possible to understand that, even by the information verified by bibliographic research, about people who have a history of apparent suffering caused by the punishment contingencies, and negative reinforcement received from the society because of this obesity condition.
It’s possible have attitude against to the social environment, that oppresses fat people, and to accept their condition in order to free themselves from nicknames , and become the controller of their own life and their feelings about their body.
Of course that it’s not so easy task, like no one way of discrimination is to support, but the same way man can be modified by the environment, so the environment can be modified by the man.
KEY-WORDS: behavior analysis; fat people; contingencies; discrimination; environment
INTRODUÇÃO
Não é difícil perceber que quase todos os materiais que abordam a obesidade referem-se a ela como epidemia do século ou ainda como um grave problema de saúde pública. Realmente é visível o progressivo crescimento da obesidade na população mundial, de acordo com o Ministério da Saúde (2013). Mas o que se percebe ao olhar com mais atenção para as pessoas que apresentam problemas com o excesso de peso, segundo Silva (2010), é que elas estão incomodadas com sua forma física, que enfatiza o fato que a obesidade da população constitui uma situação real, como os aspectos sentimentais que tem forte influência em suas vidas, além das práticas saudáveis de vida. Partindo dessas premissas, emergiu a questão de pesquisa para o desenvolvimento deste estudo.
O interesse sobre o sofrimento pelo indivíduo enquanto parte da sociedade, a escassa disponibilidade de referencial bibliográfico com enfoque nas questões psicológicas que acarretam a obesidade. Outro motivo foi a compreensão de que são os próprios conflitos desenvolvidos pelo ser humano, muitas vezes na sua infância, em meio a própria sociedade escolar ou familiar, segundo Silva (2012), que podem desencadear alterações de comportamento.
Este artigo deixa de lado o campo médico, e clínico do tratamento da obesidade, e propõe através de revisão bibliográfica sobre o tema, promover a visão de como a obesidade afeta o indivíduo como ser social, em suas alterações de comportamento onde pode ser passível de observação. (Heller & Kerbauy, 2000)
As normas socioculturais têm perpetuado o estereótipo da associação entre magreza e atributos positivos, principalmente entre as mulheres, em que o desejo de melhorar a aparência física, diminuir o descontentamento com o corpo e deixar de ser alvo de discriminações parecem se constituir nas principais motivações para mudanças quanto ao tamanho e à forma corporal. (Heller & Kerbauy, 2000)
Ao que sustenta de interesse também a este artigo, os prejuízos aos indivíduos em suas atividades de vida diária, agregando-se às percepções negativas que algumas pessoas obesas apresentam, tais como o sentimento de incapacidade, vergonha e auto depreciação, resultando em menor busca de tratamento e de interação social, predispondo a perturbações psicológicas, como ansiedade, depressão, isolamento social, sedentarismo e preferência pela alimentação como conforto e autossatisfação. (Silva, 2010)
Sendo o ser humano um agente social, a análise do seu comportamento, segundo Skinner, pode levar-nos a compreender os fenômenos sociais, sendo assim, podendo ter acesso a várias respostas de como os grupos sociais atuam diante de fenômenos como a discriminação, que é um dos fatores motivadores do reforço negativo (forma de punição). E pode ser observado em forma de estimulação aversiva incondicionada ou de desaprovação, desprezo, ridículo, insulto, etc.
Sendo assim, a obesidade também contribui para exclusão social, visto que a construção desse fenômeno não se deve apenas a fatores individuais ou sociais pertencentes ao indivíduo, mas tanto à sua dinâmica interacional quanto à assimilação e à acomodação das informações a respeito da categoria social de ser obeso. A pessoa passa a ser vista como incapaz de trabalhar, sem talento, pouco habilidosa no deslocamento em transportes públicos (ocupa muito espaço ou não se acomoda adequadamente nos assentos) sendo vítima de achincalhes, capazes de provocar uma diminuição da autoestima. (Silva, 2012)
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A Análise do Comportamento é um campo de estudos e pesquisas da Psicologia, proposto por B. F. Skinner. Para o Behaviorismo Radical, o homem é um ser ativo, sujeito de sua própria história, construída e reconstruída nas relações com o ambiente.
Para compreender o homem, portanto, é necessário investigar a relação homem-mundo. Dito de outra forma é necessário compreender seu comportamento, definido não apenas como a ação do homem no mundo, mas a relação/interação deste homem, visto como um organismo vivo, com seu ambiente presente e passado. (Skinner, 1953/2003)
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