Aids e Psicossomatica
Por: Carla Matos De Araujo Fortes • 20/3/2016 • Artigo • 2.995 Palavras (12 Páginas) • 1.792 Visualizações
AIDS E A PSICOSSOMÁTICA: o mal... Está na civilização
AIDS and Psychosomatics: evil... is in civilization.
Ana Carolina Mandu
Ana Guaracy Monteiro
Carla Matos de Araujo
Débora Layanne Pereira
Luciana Carreiro
Mariana Amélia Braga[1]
RESUMO
O presente artigo propõe voltar-se para o HIV/AIDS (Síndrome de Imunodeficiência Adquirida) em sua expressão no universo psicossomático, o que traz contornos ao fenômeno, no tocante ao momento histórico-social em que este cenário nos permite um aprofundamento em relação às diferentes formas de experiências vividas e vivenciadas pelos portadores do vírus. Realizar-se-á uma retrospectiva do desenvolvimento histórico da psicossomática e do HIV/ AIDS. Será realizada uma discussão sobre o grupo de risco, reações psicossomáticas e sobre o processo de intervenção. Ao final destacaremos alguns indicadores que permitem o perfil do paciente no processo de adoecimento.
Com isso será possível compreender o HIV/AIDS como uma metáfora do momento humano, ela ultrapassa o âmbito orgânico de uma enfermidade infecciosa para se inserir no imaginário individual e coletivo.
Palavras-chave: Psicossomática, AIDS, Reações psicossomáticas.
ABSTRACT
This article proposes to turn to HIV/AIDS (Acquired Immunodeficiency Syndrome) in its expression in the psychosomatic universe, which gives contours to the phenomenon. Regarding the socio-historical moment in this scenario allows a deepening regarding the different forms of lived and experiences lived by the carriers of the virus. A discussion of the risk group, psychosomatic reactions and the intervention process will be held a retrospective of the historical development of psychosomatic and AIDS will be held. At the end we will highlight some indicators that allow the patient's profile in the disease process.
With this you can understand AIDS is a metaphor of human time, it exceeds the organic part of an infectious disease to enter the individual and collective imaginary
Key words: Psychosomatic, AIDS, psychosomatic reactions.
1. INTRODUÇÃO
O artigo originado a partir de pesquisa acadêmica, em meio à quase inexistência de trabalhos científicos sob a perspectiva da relação do indivíduo portador do vírus HIV/AIDS e seus aspectos psicossomáticos, aborda acontecimentos do campo da saúde mental, esboçando uma proposta de intervenção, que traz em seu conteúdo, contribuições para o estudo da relação mente corpo. Trata-se de um estudo teórico alicerçado em uma leitura psicanalítica, sobre o tema AIDS E SEUS ASPECTOS PSICOSSOMÁTICOS, abrangendo o conceito de psicossomática e as discussões atuais acerca do tratamento, intervenção, dos grupos afetados, e o papel do profissional de saúde.
Para a compreensão do tema abordado vislumbra-se os seguintes aspectos proposto por Júlio de Mello Filho (2002), que ao integrar-se a equipe (Psicólogos e Psiquiatras) do Hospital Universitário Pedro Ernesto da UERJ atendeu especificamente 160 pacientes de AIDS, com 53 óbitos. Comenta-se que o trabalho tem a tarefa difícil por exigir grande desprendimento, capaz de suportar frustrações e dor; a dor no entrechoque constante entre a vida e a morte que se passa no corpo e na mente destes pacientes. Além disso, os enfermos eram por vezes francamente hostilizados por membros da equipe médica hospitalar ou ainda rejeitados por suas condições vulneráveis, sendo, ainda, um problema presente no nosso meio, estigmatização e preconceito.
Dessa maneira, Júlio de Mello (2002) contribui e desvela o desdobramento de um micro processo dentro do processo geral de um desenvolvimento analítico. Nesse processo há uma permanente dialética entre um lado, nosso respeito à pessoa do paciente, suas buscas e suas verdades, sua personalidade, suas opções e, por outro, nossa posição como profissionais de saúde, sabedores dos riscos de uma enfermidade para o paciente e também para os outros, como forma de contágio.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
Abordando o conceito de AIDS e psicossomática, permitem evidenciar os arcabouços para construir os conhecimentos que motivam compreender, de forma sintética, a relevância os aspectos psicossomáticos da HIV/AIDS. Como assim corrobora Paulo F. Moraes ET AL (1992), conceitua a AIDS como a perda da imunidade natural, isto é, a perda das defesas do organismo contra as afecções de várias naturezas, exemplificadas por vírus, bactérias fungos, estando previamente sadias as pessoas acometidas.
Na AIDS, essa deficiência na imunidade não é devida a enfermidades anteriores ou ao uso de determinados medicamentos, capazes de motivar diminuição da resistência. Uma das características da AIDS é o aparecimento de doenças consideradas oportunistas, que se aproveitam da circunstância de esta havendo no indivíduo atingido, debilitação do sistema imunológico.
Neste caso, “O que significa falar de AIDS hoje para quem escuta? E para quem fala?” Essas perguntas, por mais simples que pareçam ou até superficiais, são fundamentais, dada a espontânea e frequente aversão que a própria palavra desperta. Visto que falar desses aspectos é falar da intimidade do sujeito e mais da sexualidade genitália. O sentimento presente ainda em muitas pessoas que isso é coisa dos outros.
Após evidenciar o conceito de HIV/AIDS, conceitua-se a psicossomática com o sentido de entrelaçar a relação da pessoa portadora do vírus com os aspectos psicossomáticos. De acordo com Júlio de Mello Filho (2002), “Psicossomática, em síntese, é uma ideologia sobre a saúde, o adoecer e sobre as práticas de saúde, é um campo de pesquisa sobre estes fatos e, ao mesmo tempo, uma prática, “a prática de uma medicina integral”. Trata-se da intercomunicação entre Mente e Corpo, e a interferência da mente sobre a saúde do corpo, porém, já não se tratando apenas da doença em si, mas do doente, da forma como a somatização age e afeta este organismo. Segundo Amaury Queiroz (1992) a pobreza no processo de mentalização, faz com que o nosso corpo biológico fique desprotegido, surgindo assim reações como: reações depressivas em que o paciente apresenta tristeza, baixa autoestima, sentem-se desacreditado. São comuns as idéias suicidas, e que necessitam de um acompanhamento especializado com profissionais da Saúde Mental. Ainda assim, muitos casos são difíceis de intervir, pois os pacientes tendem a rejeitar este acompanhamento e a dificuldade na aceitação da doença. Neste caso, é necessário um maior empenho destes profissionais para que esses pacientes se sintam aceitos e compreendidos. Nas reações paranóides os pacientes sentem-se perseguidos, que foram alvos de pragas, azares, maldição etc. ao mesmo tempo em que tentam justificar-se com perguntas como: “Por que eu?”.
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