Alfabetização
Pesquisas Acadêmicas: Alfabetização. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: Gustavo2016 • 27/3/2015 • 3.464 Palavras (14 Páginas) • 218 Visualizações
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO: REFLETINDO SOBRE AS ATUAIS
CONTROVÉRSIAS
Ao longo dos anos a alfabetização escolar tem sido alvo de inúmeras controvérsias
teóricas e metodológicas, exigindo que a escola e, sobretudo, aqueles profissionais que
lidam com o desafio de alfabetizar se posicionem em relação às mesmas, o que certamente
terá conseqüências para as práticas pedagógicas que irão adotar.
No Brasil, durante décadas predominou a discussão acerca da eficácia dos métodos
de alfabetização, gerando-se confrontos entre os chamados métodos sintéticos e analíticos
chegando-se a uma combinação de ambos nos chamados métodos analítico- sintéticos como
é o caso da palavração. Para prevenir as inevitáveis diferenças individuais na aprendizagem
inicial da leitura e da escrita e evitar os eventuais fracassos que os métodos em si não eram
capazes de contornar, elegeu-se um conjunto de pré-requisitos para uma alfabetização bem
sucedida, privilegiando-se principalmente uma maturidade dos aspectos perceptuais e
motores aliada a um domínio da linguagem oral.
Toda esta tradição estava vinculada a uma concepção de alfabetização segundo a
qual, a aprendizagem inicial da leitura e da escrita tinha como foco fazer o aluno chegar ao
reconhecimento das palavras garantindo-lhe o domínio das correspondências fonográficas.
No máximo, buscou-se assegurar, de acordo com algumas abordagens, que este saber se
desenvolvesse num universo de palavras que fossem significativas para o aluno no seu meio
cultural, como nas famosas cartilhas regionais. Mas de uma maneira geral, tratava-se de
uma visão comportamental da aprendizagem que era considerada de natureza cumulativa,
baseada na cópia, na repetição e no reforço. A grande ênfase era nas associações e na
memorização das correspondências fonográficas, pois se desconhecia a importância de a
criança desenvolver a sua compreensão do funcionamento do sistema de escrita alfabética e
de saber usá-lo desde o início em situações reais de comunicação.
A partir de 1980 a alfabetização escolar no Brasil começou a passar por novos
questionamentos, porém desta feita o foco das discussões era a emergência de novas
concepções de alfabetização, baseadas em resultados de pesquisas na área da psicologia
cognitiva e da psicolingüística que apontavam para a necessidade de se compreender o
funcionamento dos sistemas alfabéticos de escrita e de se saber utilizá-lo em situações reais
de comunicação escrita, prevenindo-se desde o início da alfabetização o chamado
analfabetismo funcional.
Com a divulgação das pesquisas sobre a psicogênese da língua escrita (Ferreiro e
Teberosky 1986) o enfoque construtivista tornou-se, sem dúvida, um dos mais influentes na
elaboração de novas propostas de alfabetização, pois além de revelar a evolução conceitual
por que passam as crianças até compreenderem como funciona o nosso sistema de escrita,
incorporou a idéia defendida por Goodmann (1967) e Smith (1971) de que ler e escrever
são atividades comunicativas e que devem, portanto, ocorrer através de textos reais onde o
leitor ou escritor lança mão de seus conhecimentos da língua por se tratar de uma
estrutura integrada, na qual os aspectos sintáticos, semânticos e fonológicos interagem
para que se possa atribuir significado ao que está graficamente representado nos textos
escritos.
A importância das práticas sociais de leitura e escrita também teve o suporte dos
estudos que no âmbito da lingüística, da sociolingüística e da psicolingüística enfatizaram
as diferenças entre as modalidades língua oral e língua escrita e demonstraram como muitas
crianças se apropriavam da linguagem escrita através do contato com diferentes gêneros
textuais, explorando através de suas interações com adultos alfabetizados a leitura e a
produção de textos, mesmo antes de estarem alfabetizadas de forma convencional enquanto
que outras, apesar de alfabetizadas, apresentavam uma ausência de domínio da linguagem
utilizada nas formas escritas de comunicação. ( Rego 1986, 1988; Abaurre 1986; Kato
1987).
Um estudo longitudinal conduzido em Bristol (Wells 1986) mostrou, de forma
contundente, a importância das experiências com a leitura de histórias para crianças de pré-
escolar para o posterior sucesso escolar das crianças com a leitura e a escrita. Aquelas
crianças, cujos pais liam regularmente e exploravam conjuntamente com elas os textos
narrativos, não só aprenderam a ler com mais facilidade como revelaram-se excelentes
escritores no término do ensino fundamental. Os resultados obtidos neste estudo levaram o
autor a salientar aquelas variáveis que do ponto de vista sócio-cultural seriam mediadoras
das diferenças
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