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Amor Próprio, Amor Ao Próximo, Fazer Amor… Que Confusão!

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Por:   •  1/11/2013  •  2.242 Palavras (9 Páginas)  •  404 Visualizações

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Pensar de forma mais rigorosa é condição necessária para quem deseja ser mais feliz.

1. Pensamos por meio de palavras e frases. Em nosso processo de reflexão, elas desempenham um papel semelhante ao dos números na Matemática. Qualquer erro no uso das palavras determina um engano que, na sequência dos pensamentos, tenderá a se amplificar e nos conduzirá a conclusões cada vez mais equivocadas. Não se trata de insistir para que sejamos mais atentos ao significado das palavras que utilizamos apenas por purismo ou por um anseio perfeccionista. Trata-se de não utilizarmos mal nossa mente, já que ela funciona a partir das palavras, frases e suas conclusões que delas extraímos. Qualquer erro poderá ter consequências desastrosas para nosso futuro. O mais grave é que teremos cada vez mais dificuldade para detectar onde ele está, já que ele costuma se perder na cadeia das nossas reflexões.

2. A forma mais comum de engano no nosso sistema de pensamento deriva de usarmos uma mesma palavra com mais de um sentido. No caso em questão, a palavra é AMOR. Na linguagem coloquial, amor é usado como sinônimo de solidariedade, como amor por tudo e por todos aqueles que estão sobre a Terra. “Eu te amo” é uma expressão usada por um sedutor que conheceu sua “vítima” há poucos minutos e deseja levá-la para a cama. Pessoas alegres e pouco criteriosas se dizem encantadas e amam com facilidade cada nova pessoa que conhecem. Uma pessoa egoísta empenhada em se mostrar feliz consigo mesma não titubeia em afirmar: “eu me amo”. Estamos diante de diferentes usos da mesma palavra: uso equivocado, vazio, idealizado ou maroto. Usamos a palavra amor como o coringa em certos jogos: ela serve para todos os momentos e para todas as situações.

3. Amor é palavra usada e abusada. É dita por quem tem alguma ideia acerca do seu significado e também por aqueles que a repetem apenas por imitação. Usa-se mais a palavra amor do que vive-se o sentimento. E quantas são as pessoas que se sentem felizes no amor? Pouquíssimas. E quem é capaz de definir o que seja o amor? Quase ninguém. E como podemos pretender nos dar bem nesse campo se não sabemos nem mesmo como conceituar o sentimento? Peço licença para propor uma definição de amor. Sugiro que acompanhem com atenção a sequência do pensamento para que possamos iniciar a desenrolar esse intrincado novelo de lã. A questão é fundamental, pois envolve emoções que nos são fundamentais e em torno das quais temos sofrido muito. Envolve também um exercício de reflexão, uma introdução à arte de pensar com rigor e precisão, condição importantíssima a ser respeitada quando pretendemos nos aprofundar em qualquer setor da nossa subjetividade – ao menos por aqueles que pretendam desenvolver uma vida íntima rica, gratificante e criativa.

4. Defino o amor como o sentimento que vivenciamos em relação àquela pessoa cuja presença nos provoca a agradável sensação de aconchego. O aconchego é fundamental para nós, já que, desde o nascimento, nos sentimos desamparados, ameaçados, inseguros e incompletos. Nosso primeiro objeto do amor é nossa mãe. O objeto do amor vai se modificando ao longo da vida, mas em cada fase corresponde a um objeto definido. Assim, o amor é um fenômeno interpessoal, já que amamos alguém cuja presença nos aconchega. De acordo com essa definição, não pode existir amor por si mesmo, posto que não me sinto completo e aconchegado quando estou sozinho. Se me sentisse assim pleno em mim mesmo, o mais provável é que não existiria o amor por outra pessoa, uma vez que o convívio íntimo implica em concessões e dificuldades que só são enfrentadas em decorrência dos benefícios que experimentamos a partir dessa intimidade.

5. Não tenho a menor dúvida de que sexo e amor correspondem a impulsos completamente diferentes, apesar de que sempre foram tratados com parte de um mesmo instinto, especialmente por parte da psicologia psicanalítica, tão influente no século XX. Temos que ter a coragem de discordar até mesmo dos grandes mestres. Não podemos continuar a repetir suas falas como papagaios. Temos que poder pensar por conta própria. Do meu ponto de vista, o sexo corresponde a um fenômeno instintivo que se caracteriza pela sensação de excitação que experimentamos ao tocarmos nossas zonas erógenas. Essa é sua manifestação primeira e que se dá pelo fim do primeiro ano de vida. É evidente que o processo se sofistica principalmente a partir da puberdade, quando surgem as diferenças físicas entre os sexos e onde entra em cena a excitação que deriva dos estímulos visuais e também aqueles que derivam de fantasias que nossa mente é capaz de construir. De todo o modo, as diferenças entre amor e sexo são gritantes: amor é a sensação de prazer que deriva do fim da dor relacionada com o desamparo; sexo é um prazer positivo, já que independe da existência prévia de uma dor ou desconforto. O amor é interpessoal, uma vez que o aconchego depende da presença de uma outra pessoa; o sexo é pessoal, posto que a estimulação das zonas erógenas pode ser feita pela própria pessoa. O amor é sentido por um objeto definido, ao passo que a excitação sexual independe de objeto definido e pode ser despertada por múltiplas pessoas em um tempo muito curto. Amor e sexo são impulsos completamente diferentes, que podem ser vivenciados separadamente. É claro também que combinam muito bem e nada é mais agradável do que trocar carícias eróticas com aquela pessoa que também nos provoca a sensação de aconchego!

6. A partir dessas definições precisas – e que podem não ser as melhores, substituíveis a qualquer momento por outras igualmente rigorosas – fica claro como é difícil sustentar como interessantes as expressões “amor próprio”, “amor ao próximo” e principalmente “fazer amor”. Fica difícil também entender como é que se perpetuou o uso de “autoestima”, já que, de alguma forma significa o mesmo que amor por si mesmo. Vamos tentar desfazer essa confusão passo a passo. Fazer amor é expressão usada como sinônimo de trocas eróticas, o que não tem nada a ver com o fenômeno amoroso. Acredito que a expressão foi cunhada com o intuito de “purificar” os “pecados” do sexo, uma vez que a palavra “amor” daria dignidade e beleza ao que era visto como sujo e indigno. Amor é um sentimento e não se “faz” um sentimento. É comum que as trocas eróticas se deem entre aqueles que se amam. Porém, não sei se a prática sexual não é mais comum entre os que não se amam – e que muitas vezes nem mesmo se conhecem. Transar é expressão bastante mais adequada para descrever as trocas eróticas que envolvem um relacionamento sexual.

7. Amor ao próximo pressupõe um sentimento difuso de amor por todas as pessoas, o que não está de

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