Análise Escafandro e a Borboleta
Por: Pammela Lima • 26/11/2015 • Abstract • 1.143 Palavras (5 Páginas) • 2.042 Visualizações
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UNIVERSIDADE DE FORTALEZA
CENTRO DE CIÊNCIA DA SAÚDE
CURSO DE PSICOLOGIA
DISCIPLINA: PSICOMOTRICIDADE
PROFESSORA: CLÁUDIA JARDIM
PSICOMOTRICIDADE
REFLEXÃO DO FILME “ESCAFANDRO E A BORBOLETA”
ALICE REBOUÇAS ARAGÃO
EULANI DANTAS
Fortaleza- Ceará
Março – 2015
“O escafandro já não me oprime tanto, e o espírito pode vaguear como borboleta” (BAUBY, p.9, 2008).
Este trabalho procura mostrar os três estágios de encarar o corpo, através dos três cortes epistemológicos. Analisando o filme “O escafandro e a borboleta”, o qual conta a história de Jean Dominique Bauby, um homem de 43 anos, editor de uma grande revista, pai de dois filhos, ativo e apaixonado pela vida, que após um derrame cerebral ocasionando uma rara paralisia, se vê completamente sem movimento, a não ser pelo seu olho esquerdo.
Analisando essa história com a história da Psicomotricidade através dos textos e debates em sala de aula, onde o corpo passa do entendimento de carne e transforma-se em corpo falado” (LEVIN, 2001, p. 22), visualizou-se inúmeras características de cada um dos diferentes cortes.
Assim, mesmo numa perspectiva mais moderna o qual o filme representa, é possível identificar comportamentos ilustrativos dos personagens que destoam dos conhecimentos adquiridos pela humanidade a respeito do ser humano, sua mente e corpo. Sendo possível identificar na película crenças de senso comum do começo dos séculos XV e XVI.
No primeiro corte epistemológico o corpo era visto como uma máquina o que significa que é igual para todos, sofrendo, assim, a influência do pensamento cartesiano de Descartes do século XII. O filme ilustra característica desse corte na cena em que os médicos costuraram o olho direito que enxergava, mas perdeu seus movimentos de abrir e fechar. Jean Dominique, apesar de está com os movimentos corporais todos paralisados, era detentor de uma subjetividade, havia um sujeito com sentimentos e desejos naquele corpo, no entanto os médicos não enxergaram daquela forma, o olho de Jean Dominique foi costurado sem seu conhecimento e consentimento.
Em outra cena, onde os médicos estão ao seu redor discutindo sobre o seu caso, fica mais uma vez claro que para os profissionais, aquele sujeito é validado como um corpo sem movimento, então sem relação alguma com o mundo que o cerca. A interelação necessária para legitimar o paciente como sujeito não acompanha o progresso dos conhecimentos de sua época.
Saindo da esfera biomédica, uma cena que nos mostra o pensamento de senso comum, é quando sua fonoaudióloga liga para a ex-chefe de Jean Dominique para falar sobre o desejo do deficiente em escrever um livro. A executiva fica espantada, e pergunta como ele se comunica se não tem movimentos. Logo, existir era o mesmo que ter movimentos e a linguagem oral.
O segundo corte já vê este corpo em movimento, tendo como prática a terapia psicomotora, a qual, de acordo com Levin (2001), dá importância à emoção, à expressão e à afetividade, considerando corpo, a motricidade e a emocionalidade como uma globalidade e uma totalidade em si mesmas. Corpo visto como expressão, onde o movimento é visto como uma forma global.
Podemos ver essa percepção de Levin (2001) nas cenas a qual Jean Dominique mesmo sem os movimentos do corpo reflete sobre sua situação, onde ele como corpo e sujeito, com emoções, opiniões e sentimentos, sofre em certas situações de seu dia a dia, (como a do olho que foi costurado), lembra-se de suas experiências, mostrando, assim, que Jean é sujeito, alma, corpo e emoção. Tem um eu dentro dele apesar de sua paralisia.
Como característica do terceiro corte, tem-se o aparecimento do Sujeito, o qual “[...] já não centra seu olhar num corpo em movimento, mas um sujeito com seu corpo em movimento”. (LEVIN, 2001, p.31), onde a sua história de vida é levada em conta, Se vê a importância do olhar e ouvir o sujeito. Volta-se um olhar para o corpo desse sujeito com desejos e não mais num ser em sua totalidade.
Pode-se destacar como característica desse corte, a cena em que a fonoaudióloga propõe para seu paciente um método em que ele pode se comunicar com seu olho, a única parte de seu corpo que podia mover-se, possibilitando com que Jean Dominique se comunique, exponha suas vontades, seus pensamentos, suas angústias e mais sua imaginação, fazendo assim com que ele deseje escrever um livro, onde a sua imaginação não tinha limites para voar e ele poderia viajar no tempo e nos lugares através dela.
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